O sucesso espetacular do personagem não demorou a chamar a atenção de Hollywood. Os produtores cinematográficos imediatamente perceberam o potencial do 007.
No início dos anos 60, o Mr. Albert R. Brocolli, um produtor ítalo-americano bem sucedido, estava de olho nesse fenômeno literário, e logo veio o desejo de adquirir os direitos de Bond junto ao seu criador e iniciar uma série de adaptações para o cinema. Em 1957, Broccoli releu o quinto romance escrito por Ian Fleming, e começou a pensar na possibilidade de adaptar Bond. Ao voltar para os Estados Unidos, ele ficou desapontado ao saber que outras pessoas já estavam interessadas em levar o espião para as telonas. Em junho de 1961, Fleming vendeu os direitos cinematográficos de todos os seus romances e contos de James Bond (exceto Casino Royale, que já havia sido vendido), incluindo dos ainda não publicados, para o produtor Harry Saltzman.

Após ler o romance Goldfinger, escrito por Ian Fleming, Saltzman decidiu comprar os direitos dos romances. Ele pagou US$ 50 mil pelos direitos, um enorme valor para a época e um investimento arriscado em sua situação financeira. Porém, Saltzman adquirira os direitos do personagem por determinado tempo. E esse prazo estava para se extinguir e ele não tinha feito nada que lhe desse retorno. Sozinho ele não teria como bancar as produções e se o prazo fosse cumprido, os direitos retornariam a Fleming, deixando o Harry em péssima situação.
Entrou em cena o roteirista Wolf Mankowitz, que ao saber das intenções do Brocolli, acabou lhe apresentando a Saltzman. Os dois produtores decidiram se unir para levar Bond à tela grande, apesar de suas personalidades completamente contrastantes. A dupla formou a Danjaq LLC (nome criado a partir da fusão dos nomes de suas esposas, Dana Broccoli e Jacqueline Saltzman), que ficaria responsável pelos direitos dos livros, e a EON Productions, a companhia responsável por produzi-los.
Feitos os acordos iniciais e concluída a burocracia, a dupla passou a pesquisar qual o primeiro romance a ser adaptado. Segundo contam, eles tinham interesse em Thunderball (007 Contra a Chantagem Atômica), mas de cara, o custo de produção seria imenso e a briga na justiça pelos direitos autorais com o produtor e roteirista Kevin McGlory, que escrevera o romance em parceria com Ian, fizeram com que eles optassem por outro título. Eles então decidiram adaptar o romance Dr No (007 Contra o Satânico Dr No). Para maiores detalhes a respeito dessa primeira adaptação, sugiro que deem uma olhada na coluna dos inesquecíveis do cinema, onde relatamos bem melhor a história sobre o primeiro filme.
Para produzir o filme, Saltzman e Broccoli precisavam de financiamento. Depois de passarem por todos os grandes estúdios de Hollywood apresentando o projeto, a United Artists, uma divisão da Metro-Goldwyn-Mayer, concordou em financiar o filme com um milhão de dólares. O filme entrou em produção em 1961, sob a direção do antigo colega de Broccoli, Terence Young, e estrelado pelo até então desconhecido Sean Connery. Dr. No estreou no ano seguinte e foi um enorme sucesso mundial.
Estava aberta a porta para 007 se tornar um dos maiores personagens do cinema em todos os tempos. A produção inicial foi facilmente superada pelos filmes seguintes, cada um muito mais bem produzido que seu antecessor e arrecadando bilheterias astronômicas. Os primeiros filmes com o personagem teriam uma forte influência na história do cinema de ação e iriam ditar as regras a ser seguidas a partir de então. Chamavam a atenção para essas produções, os impressionantes cenários criados em estúdios, as locações em várias partes do mundo, os vilões excêntricos e seus capangas letais, as personagens femininas (Bondgirls) que dividiam a cena com o 007, as canções-tema, sempre interpretadas por um grande nome da música mundial, além da trilha sonora, os equipamentos e veículos utilizados por Bond, além das fantásticas sequências de ação. O glamour, finesse e sex appel do James Bond, e os nomes cortejados que integravam o elenco também não passavam despercebidos
Para se ter uma ideia da evolução da franquia, o mesmo valor gasto na produção do primeiro filme, poucos anos depois seria gasto só na concepção de um cenário para o filme Com 007 Só Se Vive Duas Vezes. Nos dias atuais, esse é praticamente o valor de um Aston Martin que o agente dirige em seus filmes.
A dupla foi responsável por nove filmes consecutivos com o personagem, do ano de 1962 a 1974. Eles supervisionaram a partida de Connery do papel principal, a chegada de George Lazenby, com Saltzman trabalhando junto com o ator para prepará-lo para 007 a Serviço Secreto de Sua Majestade, e a vinda de Roger Moore. Entre os filmes de Bond, ao contrário de Broccoli, Saltzman produziu outros projetos, como a série Harry Palmer, The Ipcress File, Funeral in Berlin e Billion Dollar Brain, todos estrelados por Michael Caine, entre outros. Em 1975, após uma série de filmes de pouco sucesso, Saltzman se encontrou rodeado por enormes dívidas. Para evitar falência, ele se viu obrigado a vender sua parte da Danjaq para Broccoli por US$ 20 milhões. Seu último filme como produtor de James Bond foi 007 Contra o Homem Com a Pistola de Ouro, de 1974.
O fim da sociedade se deu em um momento complicado para o personagem. O mais novo intérprete, Roger Moore, ainda não havia se firmado 100% na série, e o mais recente filme fora duramente recebido pelos críticos. Broccoli acabou comprando a parte de Saltzman na EON, adquirindo 100% da produtora. O primeiro filme de Bond que ele produziu sozinho foi 007 - O Espião Que me Amava. Para o filme, Broccoli precisava de um estúdio capaz de abrigar três submarinos nucleares, e espaço suficiente para Bond e seus aliados lutarem contra o vilão, mas não havia nenhum estúdio desse tamanho na Europa. Ao invés de descartar ou reduzir o clímax, Broccoli, junto com o diretor de arte Ken Adam, construíram um enorme estúdio em Pinewood Studios, Buckinghamshire, chamado de Estúdio 007 (mais tarde renomeado para Estúdio 007 de Albert R. Broccoli). 007 - O Espião Que me Amava foi um enorme sucesso, cimentando sua reputação de produtor de sucesso.
James Bond continuou com sua trajetória de sucesso. Na metade dos anos 80, um novo intérprete assumiu o espião, o ator galês Timothy Dalton, sob a supervisão do Albert. Em 1982, as realizações de Broccoli para o cinema foram reconhecidas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que lhe entregou o Prêmio Memorial Irving G. Thalberg – prêmio dado apenas para produtores que contribuem para o cinema com filmes de altíssima qualidade. Em 007 na Mira dos Assassinos, de 1985, Broccoli passou a dividir as funções de produtor dos filmes de Bond novamente, desta vez com seu enteado Michael G. Wilson. Os dois também produziram 007 Marcado Para a Morte, e 007 Permissão Para Matar. Michael já era creditado há tempos como roteirista.
Em 1995, após um hiato de seis anos, Broccoli passou a produção de Bond para Wilson e sua filha Barbara Broccoli.
Em 27 de junho de 1996, um ano após o lançamento de GoldenEye e durante a pré-produção de 007 - O Amanhã Nunca Morre, Albert R. Broccoli sofreu um ataque cardíaco e morreu em sua casa na cidade de Beverly Hills, Califórnia, aos 87 anos.
Barbara em parceria com o Michael, levaram o legado de seu pai e do Harry adiante. Atualmente os dois respondem pela produção executiva dos filmes. Eles supervisionaram a troca de atores entre Pierce Brosnan e Daniel Craig. Atualmente,a franquia 007 é formada por 24 filmes, fazendo dela uma das maiores, bem sucedidas e importantes de toda a história.
Grandes nomes no que diz respeito ao elenco e a equipe técnica já passaram pela série. A franquia já foi contemplada com várias premiações do Oscar. Grandes nomes da música já prestigiaram a série, compondo e interpretando as canções-tema. Vale citar, Shirley Bassey, Tina Turner, Madonna, Adele, Carly Simon, Sheena Easton, Paul McCartney e as bandas A-ha, Garbage e Duran Duran. O mais recente integrante desse grupo seleto é o star Sam Smith, vencedor do Grammy 2015
Muitas dessas canções se tornaram hits da carreira desses intérpretes e foram executadas à exaustão. A música Skyfall, da vocalista Adele, foi até contemplada com o Oscar e o Globo de Ouro. Live a Let Die, de Paul McCartney tornou-se outro enorme sucesso e Living Daylights, do grupo A-Ha. Vale frisar a belíssima Nobody Dies is Better, de Carly Simon. Recentemente, a canção interpretada por Sam Smith,"Wrinting's On The Wall", foi para o primeiro lugar das paradas de sucesso na Inglaterra. Isso muito antes do lançamento do novo filme do espião.
Alguns ganhadores do Oscar já integraram o elenco da franquia. Sean Connery, o primeiro 007 dos cinemas, a atriz britânica Judi Dench, a atriz Halle Barry e o atores Javier Barden e Christoph Walken. Entre os diretores, somente o Sam Mendes, que dirigira Skyfall e o mais recente, 007 Contra Spectre.
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