Especial Grandes Personagens do Cinema - James Bond, Agente 007 - Com licença para Matar, Pearce Brosnan

A era Dalton terminara de forma precoce e a franquia do personagem entrou numa pausa forçada,motivada por direitos referentes a exibição da série em canais de televisão de vários países,sem a permissão da Danjaq,empresa responsável pelos direitos do 007.James Bond teve que aguardar 5 anos, até o seu retorno definitivo na metade da década de 90,    quando a justiça deu ganho de causa para os produtores oficiais. Era o momento de correr atrás do tempo perdido, mas para a sorte dos produtores, dessa vez eles já tinham no gatilho o intérprete ideal, o ator irlandês Pierce Brosnan, nascido em 1953.

O ator de certa forma sempre teve um vínculo com o Bond. Ele conta que foi o personagem quem o motivou a seguir a carreira de ator ainda criança, quando assistiu o clássico 007 Contra Goldfinger. Tão empolgado ficara com a produção, e inspirado por Sean Connery, ele decidiu naquele mesmo instante seguir a carreira de ator.

Nos anos 80, o destino se encarregaria de moldar o caminho para a concretização de um sonho. Sua esposa, a atriz Cassandra Harris, que morreria um tempo depois, foi escalada para uma participação em 007 - Somente Para seus Olhos. Brosnan foi visitá-la durante as filmagens e chamou a atenção de Mr. Broccoli, que declarou que se ele soubesse atuar, seria o próximo 007. Quando Moore deixou a série, Brosnan foi testado, tornando-se unanimidade entre os produtores, que decidiram lhe dar o papel, porém, ele estava comprometido com um seriado televisivo naquele instante, o Remington Steele teve que adiar por 8 anos sua estréia na série. 

Pierce foi o ator que assumiu o personagem em seu momento mais difícil, ele vinha de uma ausência de 5 anos das telonas, o último filme não fora bem nas bilheterias e o último intérprete saíra da série com um certo índice de rejeição. Sem falar que Bond precisava recuperar o terreno perdido para outros heróis de ação, personificados por nomes como, Van Damme, Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, Steven Seagal, Bruce Willis e Mel Gibson.

Esperto, Brosnan concedeu ao seu personagem as melhores características de seus antecessores, o glamour de Connery, o cinismo e deboche de Moore e a determinação de Dalton. Foi também o intérprete mais bonito do 007, muito mais elegante e contava com uma agilidade muito maior nas cenas de ação.

Seu filme de estréia foi 007 Contra GoldenEye (1995). Contando com o maior orçamento até então da história da série,58 milhões, o filme colocou à prova a mítica de James Bond. Para a satisfação de todos, foi um grande sucesso, com mais de 352 milhões de arrecadação. Também foi muito bem recepcionado pela crítica. Iniciava-se de forma positiva a passagem do ator, seu filme de estreia é considerado até hoje como o melhor de sua era.

Mas os seguintes começariam a apresentar problemas no quesito técnico. A passagem de Brosnan ficaria marcada pela mediocridade técnica. Com exceção do diretor de estreia, o Martin Campbel, os próximos que o sucederiam na função seriam inexpressivos e sem renome no mercado. Os roteiros pouco inspirados, os vilões mal elaborados e o uso excessivo dos CGI e dos efeitos especiais, que nunca foram o forte da série, seriam determinantes pela queda de qualidade a partir do segundo filme.

007 - O Amanhã Nunca Morre (1997) teve um orçamento ainda maior que o antecessor, mais de 110 milhões e levou mais de 333 milhões de arrecadação. O filme foi bem mais movimentado que o GoldenEye, cujas maiores críticas negativas foram em relação ao ritmo lento em boa parte da produção. Criticamente falando, recebeu tanto elogios como depredações, mesmo assim, é um filme divertido de se conferir. Brosnan, cada vez mais à vontade com o personagem, se destaca, embora a atriz Michelle Yeoh roube a cena em alguns momentos.

Na sequência, o ator estrelou 007 - O Mundo Não é o Bastante (1999). A queda na qualidade do roteiro e da direção continuam sendo consideráveis, mas o Brosnan segurou as pontas e o filme teve uma bilheteria superior aos seus antecessores.

Sua última participação seria em 007 - Um Novo Dia Para Morrer (2002). Lançado no ano em que o personagem comemorava 40 anos de sucesso no cinema, o filme homenageou toda a série, trazendo no seu decorrer, referências a todos os filmes anteriores, que só os fãs mais dedicados perceberiam. Entretanto, seria o ápice do desgaste da fórmula e da mediocridade que já se faziam presentes nos elementos destacados anteriormente.A direção foi sem muito brilho,o filme abusa dos efeitos especiais, a trama é megalomaníaca demais, os vilões são exagerados para o padrão da franquia.

Foi o filme mais marketizado da história do personagem, dezenas de empresas patrocinaram a obra, para ganhar sua fatia no merchandising. A crítica mais uma vez se dividiu na avaliação.Uns poucos elogiavam alguns raros méritos,enquanto a maioria detonou pra valer os excessos e exageros. Mas uma coisa era consensual, depois de 40 anos, James Bond estava desgastado demais, a série perdera parte de sua magia, envelhecera e os produtores não abriram os olhos para esse fator. Mesmo assim, foi sucesso de bilheteria,na época arrecadou a maior de toda a história, mais de 431 milhões de dólares. Entre os fãs, é o pior filme estrelado pelo Brosnan como 007.

Chegara o momento da despedida, já anunciada por Brosnan ainda nas entrevistas de divulgação de seu último filme. Não só o contrato terminara, como, aos 49 anos, ele declarava não ter mais fôlego para acompanhar as peripécias de Bond. Porém, essa saída seria movida por muito disse-me-disse e especulações. Pierce contava com o apoio dos fãs e da crítica, pois apesar da fase medíocre das produções, ele interpretara de forma excepcional o 007, mas isso seria suficiente?

Primeiro, cogitou se tratar de uma jogada de marketing para promover o próximo filme. Depois que ele e os produtores não haviam chegado a um acordo em relação ao cachê para estrelar um 5º filme. Enfim,o projeto do filme seguinte, 007- Cassino Royale foi anunciado e quem iria mais uma vez comandar a obra seria o Martin Campbel, que dirigiu Brosnan em seu primeiro filme como Bond, e ele mesmo declarou que o ator não havia sido descartado. Por fim, Pierce anunciou em sua página oficial na net que havia sido dispensado da série com um rápido telefonema, onde os produtores agradeceram sua colaboração e mais nada. A partir daí, ele deixou clara sua mágoa, pela forma como fora afastado, afirmando se sentir aliviado pois se sentia constrangido com as frases de efeito de Bond,etc e tal.

Uma coisa é fato, ele foi um dos melhores da história da série. Foi responsável pela modernização do personagem, sua adaptação à era da informática e também tem a seu favor, a recuperação do prestígio, sucesso e popularidade do Bond, que estava em baixa depois da passagem do Timothy Dalton. Também foi ele quem conquistou toda uma nova geração de fãs para o 007, que só vieram ao conhecer os filmes anteriores após assistir os filmes estrelados pelo ator. Mesmo com os vários pontos negativos de sua passagem, ele sobressaiu-se como 007, sendo reverenciado até hoje.

Após sua saída, ele continuou trabalhando em outros projetos e tornou-se um rosto popular em Hollywood, chegando até a fundar sua própria produtora, mas até hoje, não estrelou nenhum filme de destaque ao nível do James Bond. Mas em entrevista recente, o ator confessou se achar um péssimo 007 e que achava seus filmes superficiais e detestou a todos. Boa parte dos fãs discordam, mas é a opinião dele.

Com sua saída, a série entraria num novo hiato. Dessa vez seriam três anos, dois seriam gastos só na busca pelo novo intérprete. Foi também o tempo necessário para os chefões da série repensarem o futuro da mesma. O último filme mostrara que alguma coisa não estava mais dando certo, era preciso rever alguns critérios, promover uma nova adaptação, caso o 007 pretendesse continuar em defesa da paz mundial.