Estou grudando por causa do sorvete
e todas as peripécias que fizemos esta noite, mas super feliz, ao que minha
sereia me proporcionou, essa linda mulher é surpreendente.
Depois de um banho rápido, quando
chego ao quarto, encontro uma sereia adormecida e espalhada na minha cama, me
aconchego ao lado dela, é perfeito sentir o seu cheiro e o seu calor próximo ao
meu corpo, quero isso tudo para sempre. Este sentimento de para sempre, de
carinho e paixão, só me faz lembrar que está mais do que na hora de falar sobre
a minha vida. Não o Marco Juiz e motociclista, e sim todo o meu passado e
presente, mas tenho que confessar estou tão temeroso, vi o carinho pela filha
do porteiro, mas será que ela aceitaria a filha do namorado. Caramba, namorado!
É isso que sou? Só prometemos exclusividade, porém não fiz um pedido formal.
Pensei quase a noite toda, as engrenagens na minha mente não pararam de girar.
Mal fechei os olhos, e sou acordado
pelo barulho insistente do interfone. Olho para a mulher linda ao meu lado que
nem se mexe, levanto rápido para não acorda-la, o que será que aconteceu que
esse interfone não para de tocar?
- Bom dia.
- Sr. Marco bom dia, é o Aroldo da
portaria, olha a D. Paula, passou por toda a segurança e está subindo no
apartamento do Sr.
- Mas como ela conseguiu, passar por
vocês? Antes dele se explicar, ouço a campainha.
Me enrolo numa toalha e corro para
atender, antes que esta baderna toda acorde a Bárbara. O que faço agora com
essa louca?
- Paula o que está fazendo aqui? - A
pensão que te estou enviando, não está dando para o crédito de celular? –Você
deve ligar para as pessoas antes.
- Querido!!! - Que recepção quente é
está? E adentra no apartamento, como se
fosse convidada.
- Paula, não quero te atender agora,
por favor, saia do meu apartamento, e antes de aparecer por aqui novamente,
marque um horário.
- Se não pode atender, e está trajado assim,
com uma toalha na cintura, quem é a VAGABUNDA, que está com você, diga Marco?
-Você é um homem casado, seu safado! Fala
aos gritos.
-Paula, cale a boca. Saia agora! Não te devo
nenhuma explicação. E já está mais do que claro, nosso casamento acabou, há
mais de um ano. -Já assinamos o divórcio.
- Acabou nada! –VOCÊ ME PERTENCE!!! -E esta
vadiazinha que está com você tem que saber, que você não está disponível...
Enquanto ela fala aos gritos,
caminha em direção ao meu quarto. Me desespero, ela vai estragar tudo! E não
penso duas vezes e seguro o seu braço.
- ME SOLTA!!! -Você está com medo de falar a
verdade para a vagabunda que anda abrindo as pernas para você? - Mas pode
deixar meu amor, eu vou fazer isso por você, falar que temos uma ligação, que
vai além do casamento.
- Desculpe eu ouvi direito!? -Agora temos uma
ligação? -Pelo que eu sei, você nunca, quis essa ligação!
- Você não entende... - Eu te amo, você é meu
marido, juramos perante as leis de Deus. - Nunca te tratei mal, você sempre
teve tudo comigo. Ela fala de forma
manhosa, do mesmo jeito de quando quer algo, voltada para saciar os seus
caprichos.
- Agora você me ama? -Você sabe o que é o
amor? -Eu não quero discutir com você, saia neste exato momento da minha casa.
-Não quero vê-la nunca mais. -E não vou repetir, sou o seu EX marido. -Não
tenho que te aturar.
- Mas eu não vou mesmo! - Quero conhecer a
mulher que se deita com um homem casado! - Porque se o nome para esse tipo de
mulher não é vagabunda! -Eu quero saber qual o nome devo dar a ela.
-Eu não vou falar novamente, vá embora por
favor!!!
-Ah você quer que eu vá embora?
-Porque ficou com vergonha de falar para a sua amante, que tem um pequeno
vegetal que você cultiva como plantinha?
Nesse momento fico cego. Eu me recuso
a olhar para a cara dessa mulher, não a quero nunca mais em minha vida, e neste
momento de puro desprezo, sinto uma mão em minhas costas.
Bárbara
Estou sem entender nada o que estão
falando, mas uma coisa eu sei, o Marco está totalmente alterado, essa mulher
que diz esposa, mas não é mais esposa, pelo que ouvi deve ter aprontado muito.
Visto o roupão do Marco, se ela vai
conhecer a tal vagabunda... que acha que sou, devo estar vestida como a
própria. Dirijo-me a sala, e a hora que ouço, ela se referindo a alguém como um
vegetal, fico irritada. -O que será que ela se refere? Seja lá o que for, se
ela tem que tomar uns tapas que seja meu, por ter me chamado de vagabunda. E o Sr. Marco, depois terá que me falar qual
papel essa mulher tem na vida dele.
Chego atrás dele e percebo que irá
fazer algo que não tem necessidade, penso rápido e coloco a mão nas suas
costas, para tranquilizá-lo.
- Bom dia! Faço cara de paisagem. - Sou Bárbara
Nucci! Estendo minha mão e ela fica branca parada me encarando. A mulher é
simplesmente linda, o homem tem bom gosto.
-Você não tem vergonha de vir
atender a porta sem roupa? Sua vagabunda desclassificada.
- Se prefere começar nossas
apresentações assim. - A desqualificada
aqui não sou eu, é você. Que invadiu a casa alheia.- Acredito que o Marco foi
claro para que saia daqui imediatamente. –Quanto ao meu traje, não se preocupe,
que da próxima vez que encontrá-la, colarei um vestido de gala para receber a
realeza.
O Marco me puxa para os braços dele
e eu congelo. Acho que a mulher maravilha que se apoderou do meu corpo, foi
embora, porque agora a única coisa que sinto são as minhas pernas bambas.
-Paula não temos mais nada a falar!
-E nunca mais ouse chamar a minha mulher de vagabunda. Não compare-a com você.
-Você acha que pode ser feliz ao
lado dele né? -Então peça pra ele te contar os motivos que estamos unidos, ou
você acredita queridinha.... que ele está sozinho? - Quero ver essa pose toda,
quando tiver que desfilar por ai, e as pessoas ficarem te olhando com carinha
de dó.
O Marco perde a paciência e nessa
hora, vejo-o conduzindo uma louca para fora do apartamento, ele bate a porta, e
só ouço os gritos histéricos de ameaças do lado de fora.
Um suspiro sôfrego sai do meu lindo.
Ele está com a expressão de tristeza, amargura e cansado. Sei que por trás
desta discussão toda, tem uma longa história.
- Desculpa por fazer passar por tudo
isso linda. - Você não deve estar entendo nada.
-Não estou entendendo nada mesmo. E
só depende de você para explicar esta situação, uma coisa é certa, não quero
ficar cega sobre a sua vida.
Marco
- Bárbara as pessoas que me conhecem
acreditam que eu tenho aversão a relacionamento, mas isso não é verdade. - A
verdade, é que gostei, gostei de uma pessoa, que me fez acreditar que dentro
dela, existia um bom coração, mesmo que as suas atitudes gritavam pelo
contrário.
– Marco, você gostou ou ainda gosta?
-Bá, eu gostei, não gosto mais, e
não tem comparação com a paixão que estou sentindo por você agora. –Quero te
contar como tudo começou.
-Se eu falar que não quero saber
tudo, estarei mentindo, mas fale apenas o que é importante para o nosso
relacionamento, não quero me sentir traída amanhã, entende?
-Linda, essa é minha intenção, desde
o dia que descobri, que você é a mulher que eu quero, tenho pensado em como te
contar sobre a minha vida.
-Marco não precisa me contar tudo,
não quero saber qual foi sua primeira namorada, nem quantas mulheres já
passaram na sua vida, nós dois temos um passado, o que é importante agora é saber
o que teremos que enfrentar juntos, o que vem no pacote desse homem lindo que
estou gostando mais a cada dia. Ela brinca para quebrar a tensão que se
instalou em nosso ambiente e fico feliz em saber que ela está gostando mais de
mim a cada dia.
-Quando conheci a Paula, nós éramos
jovens demais, porém já estávamos na vida adulta. - Eu já formado em Direito, e
advogando e me matando para estudar para alcançar o meu sonho, que sempre foi a
magistratura, vi em meu pai o exemplo que a Justiça e o Direito podem andar
juntos, passando por cima da procrastinação, corrupção e má-fé que cerca tal
profissão. - Foi nesta fase da minha vida, que conheci Paula. Ela também era
advogada, porém não amava a sua profissão, foi forçada pelos pais, era nítido a
sua infelicidade com a profissão. Todo o destino nos levou para andarmos
juntos. A profissão, os envolvimentos profissionais dos nossos pais, ambos
desembargadores, enfim, eu fechei os meus olhos para os defeitos dela, e só
enxergava que o destino colocou-a em minha vida. Era sempre engraçada, educada (quando queria), muito atraente, sabia
ser uma dama, uma mulher almejada por todos os homens. Foram nestas qualidades
que me sustentei, e vi, que já era o momento de dá mais um passo na minha vida,
pois à aprovação no Concurso Público, eu já tinha alcançado.
- Falei para me contar tudo, não me
fazer ciúmes.
Acabamos rindo juntos, ela parece
estar interessada em cada palavra, e a forma que ela reage, para as minhas
explicações, me deixa cada vez mais a vontade a contar tudo.
- Após 3 anos de posse como Juiz
Federal, e noivo há 02 anos, vi que o altar era o meu próximo passo. - Sem
contar a pressão constante da Paula para marcar a data do casamento. -Ela me
via como a sua válvula de escape, o genro Juiz, o seu pai poderia deixar de
traçar a vida dela, que no momento só se preocupava em se vestir bem, e andar
entre a alta sociedade de São Paulo.
-Finalmente nos casamos, e já
planejava ter filhos, pois eu gostava muito daquela mulher, ou melhor, eu
achava que gostava, mesmo sendo considerada pelos meus pais como uma mulher
fútil, eu nunca vi dessa maneira. Apesar de ter tido o conforto propiciado
pelos meus pais, eles sempre me ensinaram a dá valor, em tudo alcançado, e por
este princípio de família, que os fazia não ir com a "cara e jeito"
da minha esposa. Mas por ela, eu me afastei dos meus pais, dei a ela o meu
mundo, ela virou o meu mundo.
- Pela amostra grátis que tive o
desprazer de sentir, entendo perfeitamente a reação de seus pais, em não
suportá-la. Você é um guerreiro. Mas, continue me contando, estou amando a
forma que meu Juiz relata os autos.
-Você, me deixa a vontade Bárbara,
não sei como não te contei antes... talvez esse sentimento que estou sentindo
agora, de ter te escondido alguma coisa, não estaria sentindo.
Ela vem em minha direção e senta ao
meu lado.
– Marco, não estou chateada, entenda
isso. -Não acho que mentiu e nem escondeu nada. -Talvez tudo tinha que
acontecer como está sendo agora, só não entendo... quais são os direitos... e
qual é esse vínculo que ela acredita ter sobre você?
-Linda é sobre esse assunto que mais
quero te falar. -Após 1 ano e meio de casamento, a Paula fez questão para que
jantássemos fora para comemorar, até fiquei com medo. -Na época a questionei se
tinha esquecido alguma data especial. -Eu sempre sabia de todas as nossas
datas! -Pode me chamar de bobo, mas até a data do nosso primeiro encontro, eu
sabia!
Ela me interrompe de novo.
– Agora estou preocupada. Faz carinha de ciumenta.
-Porque?
- Com essas datas, que você lembra desse
relacionamento. Olha aqui bonitão se continuarmos juntos, tem que apagar do seu
calendário amoroso este histórico.
- Acredite em mim, esse calendário
não existe mais, hoje tenho um novo calendário marcando minha vida.
Ela me abraça e sussurra no meu
ouvido. – E nesse calendário será que tenho espaço para alguma data? Não aguento ficar sem tocá-la e a beijo
intensamente.
-Você já faz parte desse calendário
linda, vou continuar contando tudo a você agora. -Mas se continuar me
assediando com esses olhares e sussurros... lhe prometo que, ficará para a
próxima semana minha história.
-Ok prometo me comportar, continue
me contando.
- Bem na época ela me disse que não
era nenhuma data comemorativa, mas era comemoração por outro motivo. -Mal
sabia, que este motivo iria mudar a minha vida, para sempre. Ao chegar no tal
restaurante, ela me entregou um papel, informando que estava grávida. Naquele
momento, me senti o homem mais sortudo de todo do mundo, tudo que eu queria
acabara de acontecer. E por Deus, daria o céu e a Terra para essa mulher, e ao
nosso filho!
- A sua gravidez foi complicada,
muitos enjôos, ela não seguia as orientações do médico, não tomava as
vitaminas, fazia dieta constantemente, não se alimentava, e cada dia que
passava ela odiava mais a barriga. No começo eu tentava entender aquela
rejeição toda, sugeri que procurássemos uma psicóloga para nos orientar como
lidar com essa rejeição dela pelo bebê, mas não era apenas uma rejeição ao
filho que estava dentro dela, era também a preocupação com as transformações do
corpo - Movi céu e terra para convencê-la que estava linda a cada dia que
passava.
-Todas as noites que chegava em
casa, conversava com ela sobre o seu dia, acompanhava tudo de perto, mas ela
nunca tinha interesse algum em me falar nada, passei a não enxergar mais nenhum
sentimento dela, comecei a entender melhor a mulher que estava casado.
- Quando eu falava com o bebê, me
surpreendia várias vezes com sua reação, ela chegava a rir do meu gesto de
carinho. Não estou te contando tudo isso, para que entenda minhas decisões ou
para ter pena, estou te contando como tudo foi acontecendo.
A Bárbara me abraça forte e as
lágrimas sem aviso nenhum começam a descer pela minha face, o que vem pela
frente me faz voltar a um passado triste, que ao mesmo tempo, foi um passado
que hoje me faz ver que tomei a decisão certa.
Com a voz embargada, continuo
contando a ela tudo.
- A cada ultra-sonografia que íamos
juntos eu ficava ansioso querendo saber o sexo do bebê, não via hora de dar um
nome a ele. Não queria continuar a chamá-lo de bebê, mas ela nunca tinha
interesse algum, enquanto eu me emocionava a cada imagem no visor, ela fazia
cara de desdenho, sempre dizendo que parecia um borrão, mesmo com a maior
tecnologia. E foi em uma das ultra-sonografia que a verdadeira Paula, começou a
se revelar - Pela expressão do médico, não seria uma boa notícia, e a minha
intuição não mentiu, de fato, a notícia que recebemos abalou o meu mundo
perfeito. Meu filho, a criança mais esperada, simplesmente não iria nascer, e
se viesse à vida, não sobreviveria, pois minha pequena estrela era anencéfala.
- Aquilo foi um baque, e foi com esta notícia que Paula se mostrou o que
realmente era. - O que nunca quis
ver, o que os meus pais me alertaram. Ela não pensou duas vezes, em afirmar com
todas as letras, que ela queria abortar aquela "coisa" dentro dela,
pois foi esta a palavra usada para definir a nossa filha, sim, era uma menina -
Tentei ser o mais carinhoso possível, queria mostrar a ela que estávamos juntos
e que essa decisão teria que ser tomada com muita conversa entre nó dois.
Quando saímos do consultório sugeri que ela desse um nome a nossa princesa, e
ela foi debochada e insensível. Sugeri então que déssemos o nome de Vitória, e
juntos com a nossa princesa, lutássemos para que ela vencesse o que a ciência
tentava nós provar, e que a fé nos ajudasse.
Nesse momento não consigo mais
conter toda a emoção que vivi, e deito no colo da Bárbara e choro muito, chego
a soluçar, ela está quieta, apenas acariciando meu cabelo, não sei o que está
pensando sobre minha reação, me sinto acolhido para colocar para fora toda a
emoção que venho guardando todos esses anos, sempre me emocionei, mas nunca
desabafei desse jeito.
Bárbara
Minha cabeça está a mil... minhas
mãos estão suadas.... meu coração está disparado, ter esse homem forte e lindo
no meu colo em lágrimas, despertam emoções inesperadas em mim. Sempre tive
palavras amigas a todos que me procuram, mas agora tudo é diferente. Parece que
uma força maior bloqueou minhas palavras.
A única coisa que quero agora é lhe
dar colo.....fico acariciando seu cabelo, e olhando-o.... e digo.
- Meu anjo, não precisa falar mais
nada, se não quiser. Acho que precisamos de um café. Estou sem palavras, essa
situação toda é nova pra mim, e acho que o que ele tem ainda a me dizer, pode
nos afetar para sempre.
- Por favor linda, não fuja de mim,
preciso te contar tudo.
- Se você....acha que está
preparado, estou aqui com você.
Recomeçou, ainda com a voz embargada
e rouca:
- Eu fiquei louco, ela não poderia
fazer isso, a nossa pequena poderia ter uma chance, de um dia de vida, alguns anos,
quem poderia saber? O médico não nos deu esperança, mas eu nutri este
sentimento no meu peito, eu queria vê-la nascer, queria dizer o quanto a amava.
- A Paula não mudou de ideia, e fez
de tudo para abortar, e a cada dia ao seu lado, o meu amor foi se transformando
em ódio, eu não sei como não enxerguei uma mulher mesquinha, fraca, fútil e
desalmada, eu não conseguia ficar perto dela, mas iria proteger meu bebê,
cheguei até ameaçá-la:
Fico assustada com sua confissão....
- que tipo de ameaça ele poderia fazer a uma mulher grávida, louca.... mas
grávida. Arregalo meus olhos e ele continua a falar.
- Disse a ela que se fosse a uma clínica
para tirar nossa filha, eu iria caçá-la no inferno, e ela sofreria com suas
atitudes com a lei. Essa era uma decisão nossa, não somente dela.
Sinto um imenso alívio com o que ele
chamou de ameaça. Processar todas essas informações em minha cabeça, vai me
deixando a cada minuto mais impaciente, minha vontade é de enfiar as mãos em
seu peito e tirar essa dor que ele senti.
Marco
Sei que minha linda, está assustada,
- mas não posso parar agora, - ela tem que saber da Vitória, acredito que se ela, mesmo depois de saber de
toda minha vida, quiser continuar ao meu lado, com o tempo poderei contar tudo
mais detalhado a ela.
- Eu contei a todos os amigos e
família da situação da nossa filha, pois se ela perdesse esta criança de forma
proposital, ninguém iria apoiá-la - A Nana, minha governanta que te contei,
continuou trabalhando, para nós. E um dia ela me contou que flagrou a Paula
diversas vezes, tomando chás abortivos, que sabe lá Deus quem ensinou a ela. O
resto da gestação foi um terror para mim, ia trabalhar, mas deixava a Paula
sendo vigiada 24 horas por dia, não deixei ela respirar sem eu saber. Até um
acidente proposital ela causou.
Olho para a Bá e vejo seus olhos
inundados de lágrimas, não preciso contar a ela agora todos os atos sórdidos
que a Paula cometeu e decido encurtar minha estória.
- Pouco antes da Vitória nascer,
descobri que a Paula, já tinha decidido, o que iria fazer caso a Vitória
nascesse. -Ela já tinha alugado até um apartamento, e esse foi o estopim do
final do nosso casamento.O momento do seu parto, foi mágico para mim, ver a
minha princesa se desvinculando daquela mulher mesquinha e desalmada, foi uma
sensação que me libertou. E pela condição da minha filha, não pude levá-la para
casa, não pude realizar o meu sonho de cantar para ela no meio da noite. - Mas
foi tê-la aqui, respirando, eu já me sentia confortável, e muito feliz - Desde
o seu nascimento, a minha pequena Vitória, está internada, ela tem 9 meses, tem
sido uma guerreira, e deixando todas as más possibilidade para trás. - Quanto a
Paula ela só ficou no hospital pelo tempo de se recuperar da cesariana, que não
durou 02 dias. Depois da sua saída do hospital, ela nunca foi ver a nossa
filha, disse que não iria colocar no mundo algo que não poderia ser considerada
como uma criança de verdade, pois a sua imagem na sociedade era mais
importante. - Cada palavra desagradável que saia da sua boca, me apunhalava,
pois eu me afastei de tudo e todos para me doar a esta mulher, e agora vejo o
quão mesquinha ela é - Eu prometi a minha princesa que, enquanto tivesse vida,
eu viveria por ela, só por ela. É por isso, que não me relacionava, não queria
que nenhuma mulher ficasse entre eu e o amor por minha filha, também não quero
que ninguém sinta pena dela, pois apesar de não falar, andar e não morar
comigo, ela é uma guerreira, ela luta por sua vida, a cada segundo que passa.
- Eu entrei com uma restrição contra Paula,
para que proibisse a aproximação dela com a minha filha, pois era é só minha e
de mais ninguém. –Tenho até medo do que ela pode fazer a minha princesa.
-E depois de oito meses sem visitar sua filha
ou ligar para saber qualquer coisa sobre a minha princesa, ela foi à recepção
do hospital querendo ver meu bebê e ao ser proibida fez maior escândalo. -
Aquele dia no hotel, em que o Pedro apareceu, quando estávamos juntos foi me
contar o que tinha acontecido.
-Ela não ama ninguém, ela só fez todo o
barraco, para chamar a minha atenção, pois apesar de mais de 01 ano separados,
ela não aceita, ela não quer ser a divorciada do grupinho de babacas que são as
suas amigas, e toda a sociedade que acha que dinheiro é tudo.
-Bá, estou apaixonado por você,
dividi minha história com você, porque hoje eu sei que quero construir um
futuro ao seu lado, mas aceito, caso queira desistir, e seja muito para você.
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