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sábado, 29 de julho de 2017

Especial Homem Aranha - Resenha Cinéfila - O Espetacular Homem Aranha - 2012

Como vimos, o filme anterior tecnicamente e roteiristicamente falando,não foi um primor. Mas Raimi tinha crédito, realizara dois filmes muito bons e mesmo com a má repercussão do seu último trabalho com o personagem, poderia tranquilamente ter seguido na franquia. Bastava ter observado onde o terceiro filme deu errado e consertar no próximo. Segundo contam, o diretor já tinha ideias para uma 4ª produção, e que os prováveis vilões poderiam ser o Abutre ou Electro.

Vamos conferir, então, o que foi que aconteceu...

O Espetacular Homem-Aranha - The Amazing Spider-Man
País - Estados Unidos
Ano - 2012
Duração - 136 min 
Direção - Marc Webb
Produção - Laura Ziskin, Avi Arad, Matt Tolmach
Produção executiva - Stan Lee, Kevin Feige, Michael Grillo
Roteiro - James Vanderbilt, Alvin Sargent, Steve Kloves
História - James Vanderbilt
Baseado em The Amazing Spider - Man de Stan Lee, Steve Ditko
Gênero - Ação, Aventura, Ficção científica
Música - James Horner
Direção de arte - J. Michael Riva
Direção de fotografia - John Schwartzman
Figurino - Kym Barrett
Edição - Alan Edward Bell, Michael McCusker, Pietro Scalia
Companhias produtoras - Sony Pictures Entertainment, Marvel Entertainment, Laura Ziskin Productions, Arad Productions, Inc., Matt Tolmach Productions, Distribuição Columbia Pictures
Lançamentos:
Estados Unidos 3 de julho de 2012
Portugal 5 de julho de 2012
Brasil 6 de julho de 2012
Idioma - Inglês
Orçamento - US$ 230 milhões
Receita - US$ 757 930 663

Andrew Garfield - Peter Parker / Homem-Aranha
Emma Stone - Gwen Stacy
Alison Sudol - Dr. Curt Connors
Sally Field -  May Parker
Martin Sheen - Ben Parker
Dan Fogler - Capitão Stacy
Campbell Scott - Richard Parker
Embeth Davidtz - Mary Parker

Peter Parker (Andrew Garfield) é um rapaz tímido e estudioso, que inicou há pouco tempo um namoro com a bela Gwen Stacy (Emma Stone), sua colega de colégio. Ele vive com os tios, May (Sally Field) e Ben (Martin Sheen), desde que foi deixado pelos pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Certo dia, o jovem encontra uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai. O artefato faz com que visite o laboratório do dr. Curt Connors (Rhys Ifans) na Oscorp. Parker está em busca de respostas sobre o que aconteceu com os pais, só que acaba entrando em rota de colisão com o perigoso alter-ego de Connors, o vilão Lagarto.

A Relação de Raimi com os produtores não era a mesma, e eles insistiam em se intrometer numa próxima produção. O chefão, Avi Arad acreditava que não tinha mais porque continuar dar sequência aquele trabalho,queria agora abordar uma nova história para o Peter Parker. Sem sintonia com as novas ideias, restou a Sam Raimi despedir-se do personagem,bem como o elenco central. As ideias seriam começar a franquia do zero.

O último filme, mesmo sendo o que foi, comercialmente foi o mais lucrativo da trilogia. Mesmo que Raimi não se encaixasse mais nos planos, poderiam ter dado sequência ao que ele desenvolveu, agora com uma temática diferente e com um novo diretor. Porém,os produtores tiveram a ideia de recontar a origem do personagem mais uma vez. Essa decisão até hoje gera questionamentos, pois o primeiro filme com o Aranha, completava 10 anos naquele período, ainda era bem vivo na memória dos fãs,e cansava de ser exibido nas tvs a cabo,que quase todo mundo possui hoje em dia,ou mesmo vez ou outra, na aberta. Sem falar que era facilmente encontrado em qualquer locadora que,por aqueles tempos,conseguia resistir ao avanço da pirataria e dos sites que dispunham filmes para baixar. Por que então um reboot?

As ideias tomaram forma através dos roteiristas James Vanderbilt, styve Kloves e o Alvin Sargent, que escrevera também o roteiro do último filme.Para a direção, apostaram no novato Marc Weber, que até então, tinha um único trabalho em Hollywood,o romance 500 Dias Com Ela.Um novo elenco foi formado, por nomes como Andrew Garfield, vivendo o Peter Parker/Aranha, Emma Stone, vivendo a Gwen Stacy, os veteranos Martin Sheen como Tio Ben e Sally Field como tia May, Rhys Ifans como dr. Curt Connors/Lagarto e Dan Floger como Capitão Stacy.

O novo filme é radical em sua versão e desconstrói grande parte do que os fãs conheciam, além de criar fatos novos para a mitologia do Aranha. O ator britânico Andrew Garfield dá uma nova interpretação do Peter Parker. Sai o nerd bobão e míope do Maguire e entra em cena um Peter mais descolado, que usa lentes de contato,anda de skate,é impetuoso e explosivo, além de ser bastante inteligente.E não se intimida com os valentões da escola e os enfrentam,mesmo levando a pior. Essa nova versão segundo contam, seria para dar ao personagem uma aproximação com os jovens dos dias atuais, que não fazem mais o perfil visto pelo Peter do Tobey.

A nova história cria uma subtrama e acrescenta um detalhe que nunca havia sido explorado em momento algum nos seus mais de 50 anos de histórias. Afinal, o que aconteceu com os os pais de Peter? O roteiro sugere que seu pai era um  cientista ligado a algum projeto secreto, e que, em algum momento, suas vidas passaram a correr riscos. Para proteger o filho pequeno, seus pais o deixam com seus tios, Ben e May, sumindo para nunca mais voltar. O aparente abandono faz com que Peter cresça amargurado e necessitado de respostas.

O novo filme torna-se praticamente um remake da obra de Sam Raimi em alguns momentos, apesar de incluir novos fatos. Ele repete situações de forma desnecessária e em alguns instantes,a trama se arrasta e não consegue nos prender. Entra em cena toda a repetitiva sequência de conhecer e saber usar seus novos poderes. Mas enquanto o legal era ver como o Peter do Maguire se adaptava a eles, aprendendo a cair e levantar e trombando com os prédios, o novo, planta bananeira com uma mão só e se atira de um prédio. Que confiança.

Se alguns personagens conhecidos se fazem ausentes dessa empreitada, um dos acertos é incluir a Gwen Stacy, que foi relegada dos primeiros filmes da trilogia e fez uma participação meia-boca no Homem-Aranha 3. Vivida pela Emma Stone, a atriz tem uma boa química com o Garfield e as sequências entre eles é bem trabalhada pelo Weber, que tem uma certa experiência em lidar com cenas assim,como vimos em seu primeiro trabalho. Mas o roteiro força a barra,ao fazer da moçoila,de 17 anos, (ao menos nessa obra,a Emma já havia passado dos 20 por esses tempos), uma estagiária cheia de privilégios na Oscorp e ate chefia uma equipe,sendo que, em momento algum,ela dá amostras de ter competência ou talento para tal cargo.

Já a relação de Peter com seus tios,em especial o tio Ben, vivido de forma competente pelo Martin Sheen, não é a mesma, mas um tanto carregada de frieza e indiferença. A forma como a relação se desenvolve, cria uma enorme interrogação, afinal, foi o forte elo afetivo entre eles, que culminou nas decisões de Peter em utilizar seus poderes para um ideal, e aqui nessa obra, esse elo não é tão profundo. Vale acrescentar que a cena de sua morte não é tão carregada de impacto emocional,e chega a ser vergonhosa. Já Sally Field pouco acrescenta no papel de tia May, tornando-se em dados momentos, dispensável. E sua relação com o Peter também não é bem desenvolvida.

O antagonista da vez é o Lagarto, alter ego do Dr. Curt Connors, que na trilogia do Raimi, havia feito duas participações, mas não teve a oportunidade de ser alçado a vilão definitivo. Nesse filme, fica claro que o dr, no passado tinha amizade com o pai de Peter e provavelmente tem respostas para as dúvidas a respeito do desaparecimento. Ao saber que Gwen trabalha como assistente do cientista, Peter vê a oportunidade de se aproximar dele. Numa dessas visitas à Oscorp, ele acaba picado pela aranha geneticamente modificada. O resto, já sabemos.

O vilão não é bem trabalhado. No filme, não existe o vínculo emocional com a sua família, que o leva a tentar encontrar uma fórmula que ajude a regenerar o braço perdido,o que consequentemente dá errado, originando o vilão. Nessa obra, esse fato é ignorado. Pior ainda, a história sugere que tanto ele quando o Peter, são farinha do mesmo saco, ambos são na verdade, experimentos genéticos. No caso do Peter, o que se sugere é que seu pai, quando ele era criança, teria o usado como cobaia, e a picada da aranha só ajudou a desenvolver os seus genes adormecidos. Mas essa possibilidade acaba sem respostas claras, assim como o destino do assassino do tio Ben, um ladrão qualquer com uma tatuagem no pulso.

Ainda sobre o Lagarto,de forma alguma é um vilão tão interessante quanto o Duende Verde, Dr. Octopus ou até mesmo o Homem-Areia. É mais um vilão de complexidade física enorme, e nesse quesito, um bom páreo para o nosso herói. E seus planos de converter a população novaiorquina também em lagartos soa irreal até mesmo para um filme desse gênero. E um ponto negativo, se nos quadrinhos ele é uma criatura irracional, aqui ele mantém as mesmas faculdades mentais. E enquanto ele e Peter eram amigos,o que obrigava o herói a pegar leve, pois sabia que por trás do monstro estava seu amigo,aqui a amizade não é criada, ambos se aproximam por puros interesses pessoais.

Um dos méritos dessa releitura é a interpretação do Andrew Garfield como Peter/Homem-Aranha. Ele tem uma certa semelhança física com o personagem dos quadrinhos e passa convicção com o seu Peter dono de várias facetas: o adolescente apaixonado,o jovem rebelde e inconformado em busca de respostas sobre seu passado, etc. Na pele do herói, ele é aquilo que o Tobey não conseguiu. Consegue ser sarcástico e piadista e obstinado ao desafiar seus próprios limites. Mas o porém, ele passa boa parte do filme como um garoto um tanto amargurado e obsessivo em busca de respostas.

A narrativa do filme também difere.Sai o humor e o clima às vezes descontraído e entra uma história mais sombria,em parte por conta dos filmes do Batman do Christopher Nolan,que ditaram essa regra,principalmente após o sucesso do segundo filme,Batman-O Cavaleiro das Trevas, (confira na coluna dos Grandes Personagens). O filme fica alternando entre a ficção e a realidade.E a trilha sonora, agora criada pelo conhecido James Horner,também não é tão marcante quanto a do Danny Elfman. Mas o filme tem a seu favor o 3D, as filmagens em primeira pessoa e os bons efeitos especiais, logicamente muito mais avançados que os de 10 anos,o que possibilita proezas muito maiores do herói. A movimentação do Aranha balançando por Nova Iorque com sua teia é superior ao que vimos na primeira trilogia, ela é mais natural, sem parecer um boneco de videogame. Também vale destacar as cenas de lutas. O personagem imita bem os movimentos de um aracnídeo e dá um destaque a mais nas sequências.

Bom, resumindo, a releitura do super-herói teve erros e acertos. Se assistirmos o filme pelo ponto de vista da lógica,muita coisa é questionável, como a concepção do uniforme pelo próprio Peter, capaz de deixar muito costureiro famoso de boca aberta,dada a perfeição da vestimenta,feita por um molecote. E o que dizer do esconderijo do vilão dentro dos esgotos. Será que alguém explica como ele transportou todo o equipamento de última geração para lá? Pior ainda é o momento da picada da aranha.Peter entra numa sala onde os insetos se encontram e é o único contemplado com a picada, quando nesses vários anos,provavelmente muita gente entrou lá, mas só ele teve o privilégio de ser escolhido  pela simpática aranha??

Mas a crítica da época gostou e até afirmaram que não só era superior ao filme feito 10 anos antes, como um dos melhores do gênero.Curiosamente, em termos de popularidade, a obra do Raimi ainda é a mais vista e exibida, muita gente não dá bola para esse filme aqui.Seja como for,comercialmente ele se saiu bem. O custo foi de 230 milhões para uma arrecadação de mais de 757 milhões. E deixava as clássicas pontas soltas para a sequência. E teve um diferencial, uma cena pós-créditos.

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