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domingo, 19 de fevereiro de 2017

Filmes Inesquecíveis do Cinema - Resenha Cinéfila - Em Algum Lugar do Passado

 

Nada como o tempo para fornecer uma visão sobre certas coisas.Na época de seu lançamento,esse filme foi esnobado pela crítica. Muitos anos depois tornou-se um clássico entre os fãs do gênero romance/drama/viagens no tempo.


Em Algum Lugar do Passado
Pais - Estados Unidos
Ano - 1980
Duração - 100 min 
Direção - Jeannot Szwarc
Roteiro - Richard Matheson
Gênero -  Drama, Ficção Ciêntifica
Cinematografia - Isidore Mankofsky
Idioma - Inglês
Christopher Reeve .... Richard Collier
Jane Seymour .... Elise McKenna
Christopher Plummer .... William Fawcett Robinson
Teresa Wright .... Laura Roberts
Bill Erwin .... Arthur Biehl
George Voskovec .... Dr. Gerald Finney

Universidade de Millfield, maio de 1972. Richard Collier (Christopher Reeve) é um jovem teatrólogo que conhece na noite de estréia da sua primeira peça uma senhora, idosa, que lhe dá um antigo relógio de bolso enquanto, em tom de súplica, lhe diz: “volte para mim”. Ela se retira sem dizer mais nada, deixando Richard intrigado enquanto volta para seu quarto no Grand Hotel.

Chicago, 1980. Richard não consegue terminar sua nova peça, assim decide viajar sem destino certo e resolve se hospedar no Grand Hotel. Lá resolve visitar o Salão Histórico, que esta está repleto de antiguidades e curiosidades do hotel, e fica encantado com a fotografia de uma bela mulher. Como não havia plaqueta de identificação Richard procura Arthur Biehl (Bill Erwin), um antigo funcionário do hotel, que diz para Richard que o nome dela é Elise McKenna (Jane Seymour), uma atriz famosa que fez uma peça no teatro do hotel em 1912.

Collier fica tão obcecado com o rosto de Elise que decide não partir e então vai até uma biblioteca próxima, onde pesquisa sobre McKenna. Para sua surpresa descobre que Elise é a mesma mulher que lhe deu o relógio, que ele carrega até hoje. Richard então procura Laura Roberts (Teresa Wright), que escreveu o artigo sobre Elise. Inicialmente ela não o recebe bem, mas quando ele mostra o relógio Laura fica espantada, pois era uma objeto de estimação que ela nunca se separava e sumiu na noite em que ela morreu, ou seja, na noite em que falou com Richard.

Ao conversar mais calmamente com Laura, Richard toma consciência que ele e Elise tinham vários fatores em comum, mas parece que para achar a peça que falta deste bastante intricado quebra-cabeças ele terá de ir em algum lugar do passado, mas para isto precisa se desligar totalmente do presente.

Estrelado pelo inesquecível Christopher Reeve,esse filme foi lançado  quase dois anos depois dele ser revelado ao mundo no clássico maior do gênero adaptação de personagens de hqs:Superman-O Filme. Mostrando ser bem versátil, Reeve imigrou do gênero fantasia para o romance com enorme talento entre os dois gêneros. Pode-se até afirmar que esse é seu trabalho mais conhecido até hoje, excetuando logicamente a série do homem de aço.

O filme é baseado no romance de Richard Matheson originalmente publicado com o título de Bid Time Return em 1975 e mais tarde republicado como Somewhere in Time. Rodado com um orçamento parco, 5.1 milhões,o filme marcou principalmente os fãs do gênero romance, pela poesia da relação entre os personagens centrais e algumas sutilezas entre as cenas que antecipam esse romance. O filme tem seus méritos,mas antes de os destacar,é bom dar uma atenção ao seu ponto fraco, a questão da viagem no tempo e seus paradoxos.

Todo filme que lida com esse tema apresenta suas falhas. O roteirista  Richard Matheson, que também escreveu o livro, depois adaptou para as telonas, não se preocupou muito com isso, tanto que algumas coisas ficam sem maiores explicações. Por exemplo, no início do filme, o personagem do Reeve recebe um relógio de uma senhora idosa, que no decorrer da obra descobrimos se tratar da personagem por quem ele irá se apaixonar mais adiante. O caso é que vamos perceber no decorrer,que em momento algum da história, o Richard, (personagem do Chris) revela ser algum viajante do tempo para a personagem.Como ela muitos anos depois o reencontra e sabe quem ele é, já idosa, é um mistério que até o famoso Dr. Emmet Brown não conseguiria explicar.


Outra coisa que até hoje gera debates entre os fãs desse filme é o tal relógio, um dos maiores e inexplicáveis paradoxos da história do cinema.Richard o recebe de Elise, que por sua vez,irá receber no passado do próprio. Entretanto, de onde esse relógio realmente saiu? E quem seria seu proprietário afinal? Outra coisa mal explicada é a forma como o Richard sai do ano de 1980 para 1912. No filme essa viagem no tempo ocorre de forma pouco crível,(não que até hoje exista lógica alguma para tal feito impossível). Influenciado por uma espécie de auto hipnose, sugerida também pelo ambiente onde ele se encontra, o personagem atravessa a barreira do tempo,acreditando estar em determinada época. Ele volta 68 anos no tempo dessa maneira. Mas, é tudo muito esquisito. Poderia ser interpretado também como alguma espécie de regressão. Richard Collier de 1980 poderia ser uma reencarnação do Richard Collier de 1912. Alguns defendem a ideia que tudo não passou de um longo e realístico sonho do Richard, tão detalhado que abalaria sua vida. Mas, o fato é que, como o filme é construído, isso, realmente não importa.

Ignorando esses detalhes,o que testemunhamos é uma história de amor que se desdobra  de forma leve. Quem interpreta a personagem  Elise McKenna é a Jane Seymour. A cumplicidade dela com o galã é imediata. Os dois criam uma afinidade e são tão naturais em suas interpretações, que o cativo com o espectador acontece em poucos instantes. A atriz admirava tanto seu colega Christopher Reeve, que colocou o nome dele em seu filho. Os dois continuaram amigos até o falecimento dele.

Somos convidados a embarcar neste amor de uma maneira muito peculiar. Sempre pela visão de Richard, vamos nos encantando com Elise aos poucos. Primeiro a senhora misteriosa, depois a bela na foto, passando pelas informações na biblioteca, até, finalmente, vê-la em 1912. O mistério que acompanha a busca, a dificuldade que Richard tem para conseguir atingir seu objetivo nos faz simpatizar com sua causa. Primeiro, na tentativa de ir ao passado. Depois, na tentativa de se aproximar dela quando chega lá. No momento em que Richard finalmente fica frente a frente com Elise, o encontro se torna emocionante ao extremo para o espectador. Não apenas por ele ter conseguido, mas pela forma como tudo é composto.

A interpretação de Reeve é comovente. Ao contrário da cena em que ele vê a foto, onde todos os recursos parecem datados e exagerados, o encontro no lago é cuidadoso e belo ainda hoje. Composto em seus detalhes, pelo olhar encantado dele. Pelo rapaz que desce a cortina atrás do personagem e assim, podemos ver o reflexo de Elise na janela. Pela aproximação dos dois, com a música-tema embalando nossos ouvidos. E pela pergunta dela que deixa o encontro ainda mais místico. Ali, acreditamos que almas gêmeas são possíveis.

Vamos destacar os elementos técnicos também. O romance dos personagens se centraliza no ano de 1912.A direção de arte e o figurinista dão um show à parte, reconstituindo de forma glamourosa a década onde se passa o momento. A fotografia dá um brilho maior principalmente nas sequências rodadas ao ar livre. E o que dizer da trilha sonora, uma das mais belas compostas por ele, com inserções marcantes da décima oitava variação de “Rapsódia Sobre um Tema de Paganini”, de Rachmaninoff. O bonito tema dá uma magia a mais na história dos personagens.


Vale citar os momentos finais da obra,que são de doer no coração, tristes mas com um desfecho lindo. Talvez o filme seja tocante até hoje pelas possibilidades que ele nos faz devanear. Quem não gostaria de voltar no tempo e estar novamente ao lado daquela pessoa que amamos em algum momento de nossas vidas? Ou ir em busca daquele amor que deixamos ir por algum motivo torpe? Quem não gostaria de voltar e corrigir isso? Ou encontrar a forma certa para conquistar aquela pessoa? É essa fantasia que o personagem do Chris "Super-Homem" Reeve nos presenteia.

Massacrado pela crítica e amado pelo público, o filme Em algum Lugar no Passado é um desses fenômenos cult, produções que na época foram mal vistas pela crítica especializada, depois de uma década tornam-se novos clássicos.

Na época o filme levou ainda algumas premiações:

Três Saturn Awards - Melhor filme (categoria fantasia),melhor música: John Barry e melhor figurino.

Festival de Cinema Fantástico de Avoriaz:Prêmio da crítica: 1981

Fanta festival - Melhor filme, Melhor ator: Christopher Reeve,


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