Aborrecimento!
Passo adiante,
apressado e constante,
Que aborrecimento,
ver-te assim caído,
E sonho distraído,
vago e ausente,
Diferente,
indiferente a tanta gente!
Corra o mundo,-
grite o mundo insanidade,
Que aborrecimento,
que suja esta a cidade,
E esse vestido
preto, onde me fazes sonhar,
Dispo-te o
pensamento, na alça descaída,
Que me importa, não
deixo perder-te no olhar,
Saio, não saio,
fico, sonho e passo a saída!
Que aborrecimento,
que faço eu da vida?
E chove, algures no
mundo,
Aqui e agora pouco
importa,
Sei-me indiferente,
ao sol,
À chuva, ou a uma qualquer porta!
Que aborrecimento,
Tudo por um preto
vestido,
Que quis em teu
corpo despido!
Alberto Cuddel®
In: Tudo o que ainda não escrevi - 38
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