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quarta-feira, 13 de julho de 2016

Alberto Cuddel - Os dias do Fim XLVIII

Sem memória

Há dias que se afiguram apenas dias
Sem memória de um tempo passado
Lembrados como notícia, desumana,
Tacanhez de mentes pequenas, moldáveis
Formatáveis, objetivos ocultos à luz do sol,
Gente pequena, sem valor, sem valorizar
Vida? Nada importa, a morte espreita
Nasceste para morrer, matas, por ordem
Por desdém, por crendice em alguém
Que se julga maior entre vós, que vos guia!

Hoje neste dia sem memória de ontem
Seguimos, calcando pedras, ruas e vielas
O mesmo percurso, as mesmas caras,
As mesmas portas, as mesmas janelas,
E esperas ser diferente? Com as mesmas taras?
Não há sol ou chuva que te desvie
Não há susto, ou pedra que te mude
Segues fitando o chão, sem elevar o olhar
Sem ver, sem escutar, sem tocar, sem cheirar
O mundo que tristemente apresado correr a teu lado
Não há esperança num amanhã,
Nem num hoje escrito a negro
Um número, um simples número
Depois de um ontem, antes de um amanhã
Escrito ali no calendário!

A pombas que se levantam à frente dos meus pés,
Não sabem da paz, da oliveira ou terra seca
Sem memória, procuram, o que tantos procuram
Apenas seguir e sobreviver!

Alberto Cuddel®
29/06/2016

In: "Os dias do Fim" XLVIII


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