I- Sem arrependimentos!
Não gemo chorosas
lágrimas, pelo que fiz, pelo arrependimento do que vi, ou mesmo disse, nem pelo
perfume das rosas que ficaram abandonadas num qualquer canteiro de um jardim
que não conheço. Tão pouco soluço sussurrando perdões por atitudes tidas e atos
irrefletidos, não lamento o cheiro da terra molhada nas primeiras chuvas de
setembro que perdi, apenas por ter as narinas impregnadas com o perfume do teu
corpo. Não lamento as deprimentes palavras chutadas em arremesso nas
altercações por um nada sem importância, jamais me arrependerei dos erros
cometidos que me fizeram crescer, nem tão pouco me arrependo do tempo roubado
ao descanso e ao ócio do tempo em que nada foi feito, tão pouco de ter perdido
na memória o cheiro da goma do fato que naquele outro dia enverguei, em mim
recordo apenas o cheiro da flor da laranjeira, e o doce odor da tua pele. Não,
não me arrependo do que fiz, mas do tudo o que deixei por fazer…
Alberto Cuddel
Textos dispersos - I
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