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terça-feira, 5 de abril de 2016

KG Kati - Conto SOMOS TÃO JOVENS!


Seis horas da manhã. Ela odeia o som do despertador e mais ainda, aquela vontade de ficar na cama quando precisa levantar. Mas não pode se demorar ou vai perder o horário. Tem saudades de quando ia de carro para a aula, quando tinha carona e atenção dos seus pais. Parece que, agora que cresceu, ficou invisível.
 
O trabalho que deveria estar pronto hoje, infelizmente, não está e pensa que sua mãe vai lhe matar! Tomara que a professora de ciências dê outro prazo de entrega, já fez isso antes com um colega seu. Lembra de Deus! Se sair tudo certo, promete que nunca mais vai deixar para a última hora!
Apesar de que disse isso no trabalho de História, também!
 
Ai! Aquele frio na barriga que vem quando ela o vê! Ele é muito lindo! Coração acelerando, mãos suando frio, fica tropeçando em seus próprios pés. Ele olhou pra ela e sorriu! Está indo em sua direção! O que ela deve fazer?  Baixar o olhar? Sorrir também? Fugir! Esse é o sinal da paixão que vem com o primeiro amor! A espera de um primeiro beijo. Mas ela não quer que seja com qualquer um, não! Mas, acontece quando ela ouve de suas amigas que é muito bom beijar e que ela está sendo “careta” em não experimentar.
“Então, é esse o gosto do primeiro beijo? Eca! O que ele ta fazendo com a língua?” E para por aí... Quando pensa que gostaria de ter beijado o seu primeiro amor, que está namorando outra menina. Tão mais velha que ela!... A menina já tem quinze anos e já pode namorar e ela não, com seus recém treze anos feitos. É a primeira decepção das muitas que ainda virão.
 
Como aquela vez que inflamou a orelha por ter colocado um brinco que não era de ouro, insistindo em usá-lo sem se importar com o lóbulo ardendo, até que precisou ficar sem usar brincos durante quase um mês, temendo que o orifício inflamado fechasse de vez, o que não aconteceu. Mas a fez lembrar-se do ritual de passagem para a pré-adolescência, momento em que teve coragem de encarar o primeiro desafio, furar as orelhas que sua mãe não permitira que fossem furadas em seus primeiros dias de vida.
 
Ou aquela visita ao dentista, dia em que fez sua primeira obturação num dente de leite, pra que não prejudicasse o dente permanente que estava para nascer. E descobriu que sua arcada dentária tinha problemas, que teria que usar um “tal de aparelho, mais conhecido como ferrinho”, para corrigir a mordida. Foi o “fim do mundo!” até que percebeu que mais da metade dos adolescentes da sua escola usavam também.
 
Houve também aquele dia em que seus pais não a deixaram ir sozinha (com suas amigas) a uma festa em um clube longe de casa, quando percebeu que ainda não era dona do seu próprio nariz. Sabia que existiam perigos, drogados e bandidos nas ruas, mas sabia também que os medos de seus pais eram infundados porque não estavam confiando nela, perguntava-se porque diabos pensavam que ela seria tão inocente a ponto de cair em alguma armadilha desse tipo. Será que a julgavam tão tola e inconsequente? Mal sabia que entenderia muito bem isso apenas quando fosse mãe, também.
 
E aquele dia em que foi incumbida de responsabilidades nos serviços domésticos que, simplesmente odeia, mas que não mais poderia se esquivar de fazer.
 
E quem dera fossem essas as únicas preocupações da vida da civilização humana! Quem dera fossem esses os maiores problemas que temos que enfrentar no nosso dia a dia! Quem dera pudéssemos passar a maior parte da vida sendo tão jovens!
KG Kati

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