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terça-feira, 19 de abril de 2016

KG Kati - BRÍZIDA - CAPÍTULO III - Projeto Livro


Querido leitor.

Faltam muitos dias para o dia das bruxas, mas estou desafiando a mim mesma para que, até que esse dia chegue, eu tenha atingido um objetivo muito especial. Escrever um livro. Sobre magia, encanto e feitiços. Sobre amor mortal e imortal.

Postarei cada capítulo a cada quatro ou cinco dias, conforme eles forem surgindo e formando a história de Brízida, uma linda, malvada e encantadora bruxa do século XVIII.

Vem comigo nessa viagem ao mundo da fantasia!
Com você,


BRÍZIDA  - A SAGA DE UMA BRUXA


 CAPÍTULO III

Enfurecida, Brízida procurava uma explicação. O que a fazia vulnerável a Anton? Apesar de sua beleza, todos a temiam ao ficarem frente a frente com ela. Quando seu olhar percorria o fundo da alma de seus admiradores, eles encolhiam-se perante seu poder, sem nem ao menos saberem por quê. Mas Anton a queria perto, não tinha medo, deixava-a sem ação. Queria transformá-lo em qualquer coisa que pudesse aliviá-la da raiva, mas não o fez. Somente observou Anton voltar ao vilarejo. 

Percebeu que o céu estava cada vez mais escuro e provavelmente sua invisibilidade seria desfeita, assim que se desfizesse em chuva. Sua ira despejava raios por onde passava, clareando o fim do dia, iluminando a noite que se aproximava. Precisava sair dali.

Estava escuro quando Brízida chegou a Saint Louis.

Deparou-se com alguns rapazes reunidos na vila, bebendo na porta do bar MENFIS. Quando a viram, assoviaram para ela fazendo movimentos com as mãos.

- Olhem quem vem lá! Está perdida, moça? Podemos encontrar o caminho pra você. - Um deles, parecendo ser o mais velho da turma, deu alguns passos à frente, em direção à bruxa. - Aceita a minha companhia?


- Claro! Venha cá, Denis. Mostre-me sua gentileza.

Brízida olhou no fundo dos olhos do rapaz, encarando-o por vários segundos, chegando bem perto do seu rosto. Leu a maldade em sua mente, viu o que ele já fizera com meninas moças inocentes e vulneráveis. Sentiu o medo e a dor de seus corpos ao serem machucadas covardemente. Agarrou-o pelos braços trazendo-o mais junto a si. Fez seu próprio semblante adquirir as feições tenebrosas da maldade que existia em seu coração e ele estremeceu.

- Não sou como as pobres moças que você fez mal. Vê quem eu sou? E agora, rapaz? Onde está a sua coragem? É maior do que a sua crueldade?

A voz de Brízida adquiriu um tom grave e assustador. Seu rosto transfigurou-se com a raiva cada vez mais latente. O medo paralisante tomou conta de Denis ao ver do que ela era capaz. Sentiu o ódio e o desprezo dela queimando-lhe o corpo e tentou se desvencilhar do seu olhar. Tentou gritar, fugir, bater nela, mas estava totalmente imóvel.

Os rapazes que o acompanhavam tentaram aproximar-se para ajudar Denis, mas ela os deteve, levantando os braços e lançando luzes, parecidas com o próprio sol, das suas mãos,  fazendo sair delas um feitiço iluminando a noite, numa espécie de raio que atingiu o chão onde eles estavam uma e outra vez, fazendo-os recuarem e correr para longe, cambaleantes pelo efeito da bebida que haviam ingerido.  

- Corram seus ratos imundos! Abandonem seu amigo que será de muita serventia para mim! E você, garoto Denis, nunca mais vai tocar em alguém outra vez! Ascarabadium! - Num segundo, Denis foi atingido pelo feitiço, transformou-se devagar e foi assumindo a forma de um animal com pelos negros e garras afiadas.

E Brízida gargalhou. Uma gargalhada apavorante, ouvida a muitos quilômetros por pessoas que não identificaram de onde vinha.

E então, partiu em direção à floresta, Denis a seguindo, sem resistir, transformado num inofensivo gato. Exatamente como ela tentou fazer com Anton e não conseguiu.



- Nós vimos a bruxa! Ela está lá na praça! Nós a vimos! Ela vai levar Denis ao seu covil! 

Três rapazes chegaram afoitos à Saint Louis, adentrando no gabinete do prefeito Rivers sem bater, mesmo com os protestos da criada Lena, gritando pelo nome de Anton, cambaleantes e embriagados. Em meio aos gritos, todos falando ao mesmo tempo, o cheiro de bebida impregnando o ar, tentavam esclarecer os fatos. 

- Senhor Rivers, o senhor precisa avisar o pai de Denis! Ele foi levado! Onde está Anton? Onde ele está?


- Tenham calma, rapazes! Anton não está aqui. Ele já foi para casa. Expliquem essa história direito! - Mas ao ver que deles nada seria aproveitável, decidiu mandá-los para casa, achando que era mera bebedeira. Expulsou-os do gabinete, empurrando-os um a um para fora do recinto. - Amanhã, rapazes! Conversaremos amanhã quando estiverem sóbrios. Agora vão, antes que eu chame mesmo o delegado Ben pra colocar vocês atrás das grades! Acompanhe-os, Lena e assegure-se de que não voltarão.

Depois que não os viu mais pelos arredores, Adams Rivers dispensou a criada, trancou o gabinete e foi para casa, lamentando o dia cansativo que há tempos não tinha.



Já era tarde da noite quando Anton finalmente conseguiu dormir. O dia havia sido cheio de surpresas. Adormeceu lembrando-se do enigmático olhar da moça que povoava seus sonhos. Precisava saber quem era e o que fazia em Saint Louis. Tinha certeza de que algo estava para acontecer. Precisava ficar atento.

Viu-a novamente em seus sonhos. Sempre o mesmo sonho.

Ele está numa estrada a cavalo, seguindo alguém, a arma em punho. Chove muito e a visão está embaçada. O cavalo galopa sem medo ao seu comando.

Segue uma mulher envolta em uma nuvem de raios, que cintilam em meio ao breu da noite. Ao chegar perto, prestes a enlaçá-la, ela sempre se vira pra ele trazendo nas mãos alguma coisa parecida com uma arma, só que dela não sai balas nem estampido nenhum. Saem raios iguais aos da nuvem que a carrega, atingindo-o em cheio no peito. Ele desfalece e cai do cavalo, mas mãos femininas o amparam na queda e o protegem de novos raios com um escudo de luz.

Acorda sempre com o olhar azul âmbar da moça encarando seus olhos verdes, ternamente, debaixo do escudo. E ela sempre sussurra baixinho...

 - "Eu sou o seu sonho mais louco!"...

Fique com Deus e tenha uma ótima quarta-feira.
Beijos meus.
Katia Gobbi (KG Kati)



 

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