Subo penosamente as escadas,
Essas tantas vezes subidas na ansia de ter corpo, agora carrego apenas as compras, as estritamente necessárias a uma sobrevivência confortável. Rodo na porta a chave, imagino-te no corredor, cheirosa, de braços abertos, bem sexy, esperando pelo homem que penosamente subiu as escadas com as compras nos braços…
- só agora? Compraste tudo?
Gritas da casa de banho enquanto ouço a água a correr.
-sim, acho que não esqueci de nada!
Devo ter chegado cedo de mais, nem dei tempo que tomasse banho, e por segundo, imagino a água quente correndo todas as formas de teu corpo.
-olha a máquina de lavar roupa, avariou, se quiseres podes a aproveitar para lavar a tua aqui na banheira, sempre se poupa água…
Mais um balde de água fria…
-e também já chegou a conta da luz, aumentou este mês e transferi para a tua conta metade do valor. Podes começar o jantar?
-sim, claro, porque não?
Relação por conveniência? Para partilhar despesas, companhia, sexo, mas afinal moramos juntos para quê? Partilhamos tudo… menos os sentimentos que não temos… somos felizes assim apenas por conveniência…
Mas que raio de vida esta… uma trampa de vida… com medo de uma desilusão, desiludo-me todos os dias…
In “Momentos de outra vida”


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