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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Grandes Personagens do Cinema - Charles Chaplin - Últimos Filmes (Bonus- Chaplin com Robert

Os últimos filmes de Sir Charles Chaplin também são marcados pela época mais conturbada em sua vida. Todos sabiam que o artista era de esquerda, e em consequência, ele é acusado de atividades anti-americanas. Tanto que alguns filmes são acusados de ter cunho anti-capitalista, o colocando na lista negra hollywoodiana. Aqui apresentamos os últimos filmes da carreira memorável deste fabuloso artista. 
Monsieur Verdoux
Ano de lançamento:1947

O sétimo filme de Chaplin para United Artists foi “Monsieur Verdoux”, que recebeu a direção e produção de Chaplin e alguns autores atribuem o roteiro ao cineasta Orson Welles, que teria se inspirado no caso do assassino real chamado Henri Désiré Lundru, chamado pela imprensa de “Barba Azul”.
Segundo essas mesmas fontes, dizem que o Welles iria dirigir o filme, mas desistiu na última hora, pois nunca havia sido dirigido antes, assim Chaplin teria comprado o roteiro e reescrito parcialmente. Outra versão, no entanto, diz que o roteiro ainda não havia sido escrito, e que Welles havia tido a ideia e contado a Chaplin.
Nesse filme,Chaplin surpreende ao dar vida a um personagem totalmente descaracterizado dos trejeitos que o imortalizaram.O filme é centrado no final dos anos 20, do século XX, quando Henri Verdoux, interpretado por Charles Chaplin, um bancário francês, ficou desempregado após 35 anos de trabalho e a partir de então passa a desenvolver uma personalidade maníaca e desta forma começa a cometer uma série de assassinatos, tendo como característica serem suas vítimas, mulheres de meia-idade, sozinhas e com algum tipo de arrendamento ou propriedade.O seu jeito de praticar os crimes consistia em convencer as mulheres a sacarem dinheiro no banco, como um empréstimo alegando estar passando por dificuldade econômicas momentâneas. Depois Verdoux eliminava as vítimas, assim como vendia as suas propriedade e a maior parte do dinheiro roubado. Ele investia no mercado de ações, que estava em crise, mas ele acreditava ser um bom negócio.
Ao final do filme, Henri Verdoux acaba sendo preso e levado a julgamento e condenado a morte, mas antes de morrer faz um emocionante discurso afirmando que a guerra matou mais gente e também foi mais cruel que ele. O filme termina mostrando Verdoux sendo levado para execução.
Essa comédia de humor negro, apesar de não ser muito bem recebida nos Estados Unidos, também recebeu uma indicação ao Oscar como Melhor Roteiro Original. Na Europa o filme teve uma melhor receptividade, mas muitos autores vêem no filme uma severa crítica e polêmica ao capitalismo e ao militarismo, associando seus mentores à assassinos comuns e considerando-os piores do que estes.
Luzes da Ribalta (Limelight)
Ano de lançamento:1953

O filme é rodado em Hollywood, a maior parte nos estúdios Chaplin, apesar das ações do filme ocorrerem em Londres. Chaplin utilizou a rua da Paramount Studios e a sala de música na RKO e algumas cenas exteriores foram usadas como Londres. Curiosamente neste filme Chaplin colocou os dois filhos que ele teve com Lita Grey e também cinco de seus filhos com Oona e seu meio irmão George Wheeler Dryden para trabalhar no filme, além da própria mulher Oona Chaplin.
O filme “Limelight” contou também com Buster Keaton no número musical no final do espetáculo, que é considerado como uma obra única, onde dois grandes monstros sagrados do cinema mudo aparecem juntos neste filme. Buster Keaton foi um dos mais conhecido astros do cinema mudo e sua marca sempre foi à comédia física, com sua expressão fisionômica estóica, impassível, o que lhe valeu o apelido de “The Great Stone Face”, algo como “A Grande Face de Pedra”.Era também o grande rival de Chaplin no gênero.Buster Keaton é reconhecido como um dos maiores cineastas de todos os tempos pela revistas Entertainment Weekly e em 1999, a American Film Institute o classificou em 21º lugar como o Maior Ator Masculino de Todos os Tempos. 
Keaton morreu de câncer no pulmão no dia 1 de fevereiro de 1966, na Califórnia, aos 80 anos de idade. Ele é provavelmente um dos três comediantes mais lembrados do cinema mudo: Charlie Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd.Conta-se que Chaplin não havia escrito a peça para Keaton inicialmente para ser seu parceiro no filme, porque ele acreditava que o papel era demasiando pequeno para Keaton, mas depois de lembrar dos momentos difíceis, pouco antes do filme, que Keaton havia passado, com um casamento desastroso, perdendo quase a maior parte de sua fortuna no processo do divórcio, assim como sua pouca frequência em filmes nos anos anteriores, que Chaplin fez questão que seu amigo Keaton fosse escalado para o filme.
De acordo com o biógrafo de Keaton, Rudi Blesh, Chaplin até aliviou seu rígido estilo de dirigir dando a Keaton liberdade para ele inventar aquilo que ele desejasse durante sua seqüência no filme. Mas, apesar disso muitas maldades surgiram por essa época falando em rivalidades, que as melhores cenas haviam sido cortadas e outras coisas do gênero.
Em “Luzes da Ribalta”, Chaplin interpreta Calvero, um palhaço de teatro muito famoso, mas agora um bêbado, que salva uma jovem dançarina chamada Thereza (Claire Bloom), ou Terry, seu nome artístico, quando tentava um suicídio, em Londres por volta de 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial e coincidentemente o mesmo ano em que Chaplin realizaria o seu primeiro filme.Servindo-lhe de enfermeiro até recobrar a saúde, Calvero ajuda Terry também a recuperar seu amor-próprio e retomar a carreira. Ao fazer isto, também ele retoma sua auto-confiança, mas suas tentativas em novamente atuar são fracassadas. Terry declara que deseja casar-se com Calvero, apesar da diferença de idade entre ambos. Entretanto, ela tinha ajudado um jovem compositor, Neville, que Calvero acredita ser um melhor companheiro para ela. A fim de permitir que o romance entre ambos ocorra, Calvero sai de casa e torna-se uma artista de rua.
Terry agora estrela seu próprio espetáculo e, por acaso, encontra Calvero, persuadindo-o a voltar aos palcos para uma apresentação beneficente. Junto ao seu antigo parceiro (Keaton), Calvero realiza uma volta triunfante, mas sofre um ataque cardíaco e morre, a poucos passos de Terry que, no segundo ato da peça, dança no palco.
Alguns estudiosos da vida de Chaplin afirmam que o enredo desse filme foi baseado na biografia de seu pai, mas o próprio Charlie diz que tomou como base a vida do ator Frank Tierney. Os estudiosos também lembram que Chaplin tinha muita dificuldade de falar sobre o pai, por isso talvez tenha dito isso. Outra coisa que chama atenção é o fato do período em que se desenrola a trama coincide com o início dos trabalhos cinematográficos do próprio Chaplin. 
O filme ganhou um BAFTA de Melhor Revelação para Claire Bloom, e também um Oscar na categoria de Melhor Canção Original, em 1972, vinte anos após o lançamento oficial da película, tudo por causa do posicionamento político de Chaplin, que sempre foi de esquerda.
O filme “Luzes da Ribalta” teve a sua apresentação vetada nos Estados Unidos, e por isso em 1952, Chaplin viajou para a Inglaterra para estar presente na estréia do filme “Limelight”, que aconteceria em Londres. O todo poderoso chefe da FBI, J. Edgar Hoover soube da viagem e rapidamente negociou com o Serviço de Imigração para revogar o vista de permanência de Chaplin, exilando-o do país.

Chaplin não tinha a cidadania norte-americana e em vista disso, ele não pode mais voltar para os Estados Unidos. Permaneceu na Europa e foi morar em Vevey, na Suíça. Logo após ter o seu visto anulado para voltar, o filme “Luzes da Ribalta” não pode ser mais apresentado nos Estados Unidos e somente chegou aos cinemas americanos em 1972.
Alguns autores também citam que Chaplin sempre teve em mente que a sua permanência nos Estados Unidos fora negada, não somente pela perseguição Macarthista, mas também pelos seus últimos filmes em que ele criticava principalmente o modo de vida capitalista, e que isso não tivesse agradado a população norte-americana e em conseqüência, eles não o queriam mais nos Estados Unidos. Um dos destaques do filme foi a trilha sonora,criada pelo próprio cineasta,e reconhecida até hoje.Uma das grandes composições de Chaplin, ao lado de "Smile",tema de Tempos Modernos.
Um Rei em Nova Iorque (A King in New York)
Ano de lançamento:1957

Igor Shahdov (Chaplin), rei de um país chamado Estróvia, acabara de escapar de uma revolução sangrenta e tem como destino a cidade de Nova Iorque. Lá encontra o seu Embaixador Jaume (Oliver Johnston) e a imprensa que queriam saber sobre os seus planos para revolucionar a vida moderna. Shahdov chegou achando que o seu dinheiro e seus bens estavam já seguros em seu nome mas, no dia seguinte foi descoberto que eles foram roubados antes de ele ter chegado à Nova York pelo seu próprio Primeiro Ministro Voudel. 
O filme foi concluído em apenas 12 semanas, um recorde na carreira de Chaplin e também foi muito bem recebido na Europa, obtendo poucas, mas boas críticas. Já nos Estados Unidos, o filme nem chegou a ser lançado na época, e muitos críticos e jornalistas americanos chegaram a acusar que o filme era uma espécie de “acerto de contas”, ou justificativa por parte de Chaplin. Esse boicote americano prejudicou bastante o aspecto comercial do filme.
O filme foi aclamado pela crítica em seu lançamento e quando lançado em DVD, muitos anos mais tarde, o crítico Robert Horton comentou que não era apenas mais uma história do cinema, mas um tesouro vivo. No entanto, alguns outros críticos fizeram severos comentários devido ao novo formato, já que para permitir uma trilha sonora, o filme original fora esticado e determinados quadros foram duplicados.
Antes de tirar o rei do papel, Chaplin, inicialmente, pensou em retornar o Vagabundo (em um corpo de um velho) e depois Henri Verdoux de Monsieur Verdoux para este filme.
A Condessa de Hong Kong ( A Countess From Honk Kong)
Ano de lançamento:1967


Uma década depois de seu penúltimo filme,Chaplin retornava aos cinemas em seu último trabalho,dessa vez somente como diretor. Ele também roteirizou, produziu e fez a trilha sonora.Mas a bem da verdade, ele faz uma ligeira ponta como mordomo.O protagonista dessa obra é outra lenda do cinema,o mítico ator Marlon Brando.Foi o último longa-metragem de Chaplin e curiosamente foi o seu único filme colorido.
Outro grande destaque foi a famosa Sophia Loren como atriz principal.O filme também contou com as três filhas mais velhas de Chaplin participando rapidamente do espetáculo: Geraldine, Josephine e Victoria Chaplin e também o seu filho Sydney Chaplin Earle, que interpretou o personagem Harvey. 
As filmagens tiveram lugar nos estúdios Pinewood, em Buckinghamshire, nos arredores de Londres, com início em 1966.Dizem as más línguas que a relação entre os mitológicos Chaplin e Brando não foi fácil,por conta dos egos de cada um,e que o Marlon atuou de extrema má vontade. O filme é centrado na personagem Natascha, interpretada por Sophia Loren, uma prostituta descendente da nobreza russa, e cuja família fugira para Hong Kong por causa da Revolução Russa de 1917, e lá conhece o empresário americano chamado Ogden Mears, protagonizado por Marlon Brando, quando o seu navio aporta na cidade.Mais tarde, ela se esconde na cabine do empresário, pois pretende entrar clandestinamente nos Estados Unidos. 
No início o empresário fica reticente, mas aos poucos vai aceitando a ideia e dela nascendo um romance. No final do filme, Chaplin faz uma breve aparição como um mordomo enjoado, por causa do movimento do navio.


A música tema do filme “This is My Song’, escrita por Charles Chaplin tornou um grande sucesso na interpretação de Petula Clark. O filme foi concebido originalmente na década de 30 como o nome de “Stowaway” e estava prevista para ser estrelada por Paulette Goddard, mas a produção nunca foi concluída, e 30 anos depois surgiu resultando em muitas críticas contrárias, e uma bilheteria controversa, onde alguns afirmam que deu boa rentabilidade, outros dizem que ele ficou no prejuízo.
Apesar das críticas negativas que o filme recebeu, muitos outros críticos como Tim Hunter e Andrew Sarris, assim como o poeta John Betjieman consideram como um dos melhores trabalhos do mestre Chaplin, e até mesmo o próprio Chaplin considerou como o melhor de sua vida quase no final de sua vida.

Bônus

Chaplin
Ano de lançamento:1992

Direção: Richard Anttenborough

Destaques do elenco:Robert Downey Jr, Geraldine Chaplin, Anthony Hopkins, Dan Aykroyd, Marisa Tomei, Kevin Kline, Milla Jovovich, Diane Lane,J ames Woods





Uma das cinebiografias mais perfeitas a homenagear o gênio do cinema,ganhou as telonas no ano de 1992.Intitulado como Chaplin, o filme em suas mais de 2 horas de duração,reconstitui a trajetória do imortal cineasta, apresentando em sua duração,momentos marcantes de sua história.

A infância pobre, o início da carreira no teatro de Fred Karno até seus primeiros trabalhos na Keystone e Mutual.Mostra também os dramas pessoais de Chaplin, como os problemas mentais de sua mãe,interpretada por Geraldine,filha verdadeira do ator, seus muitos romances, na maioria com adolescentes, seu primeiro encontro com o famigerado J Edgar Hoover e a amizade com o astro Douglas Fairbanks.
Apresenta também as ideias e formas como Chaplin concebeu alguns de seus filmes mais famosos,como O Garoto,Luzes da Cidade,Tempos Modernos e O Grande Ditador.Os escândalos também são mostrados nessa obra,seu exílio na Suíca e o retorno triunfal aos USA,para a entrega do Oscar Honorário.
Personagens,marcantes de sua história,como seu primeiro amor, Hetty Kelly, Fred Karno, Mack Sennet, Mabel Normand, Mary Pickford, Edna Purviance, Paulette Godard, sua última esposa Oona O'Neill, seu meio-irmão,Sydney também se fazem presentes.
O ator Anthony Hopkins interpretou George Hayden, talvez fazendo um paralelo ao meio-irmão de Charles, George Dryden, o único personagem fictício do filme, um biógrafo de Chaplin que acompanha todo o desenrolar do filme.
O filme é estruturado em torno de diversos “flashbacks” do idoso Chaplin que relembra os momentos marcantes de sua vida durante uma conversa com um personagem fictício, como editor de sua autobiografia. Ele narra sua infância de extrema pobreza até chegar aos Estados Unidos e se tornar um homem importante e respeitado.Muitos relatos não são mostrados de forma realística, mas apresentados através de diversas licenças poéticas para relatar os fatos reais, e dar um ar mais suave ao filme, o que agradou a alguns e como sempre desagradaram outros, senão não teria graça.
Um exemplo é a concepção do famoso Vagabundo. Aqui,ele é apresentado por Chaplin pela primeira vez,no meio das filmagens de um casamento.Na vida real,como visto,sua primeira aparição se deu no filme Corrida de Automóveis Para Meninos.
O filme reúne um super-elenco,mas o destaque maior é a atuação arrebatadora de Robert Downey Jr,dando vida ao imortal Charles. Robert caracteriza de tal forma o astro do cinema-mudo,seja no jeito de andar,no olhar ou no sorriso,que por instantes acreditamos ser o próprio.Embora o filme tenha sido criticado por uma licença dramática com alguns aspectos da vida de Chaplin, o desempenho de Downey ganhou aclamação quase universal. 
Attenborough disse que ele era suficientemente confiante no desempenho do Downey para incluir imagens históricas do próprio Chaplin no final do filme.O filme foi elogiado por seus altos valores de produção, mas muitos críticos a consideraram uma cinebiografia excessivamente brilhante. 
Um crítico escreveu que o roteiro "esforça para cobrir muito terreno. 
A vida de Charlie Chaplin era tão vasta e variada que um filme é demasiado restritivo num formato para dar-lhe justiça."Por sua atuação, Downey foi indicado ao Oscar,Globo de Ouro e Bafta,de melhor ator. Acabou premiado com o Bafta.





                     

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