Na verdade, era assim que se sentia. Um ardor constante e inconsequente que lhe atormentava o
corpo e a desassossegava ininterruptamente. Um pensamento omnipresente, capaz de lhe saturar a
mente e a preencher sem deixar brechas por onde se movimentar. Um calor sufocante, capaz de lhe
fazer transpirar os poros e exigir prazer e satisfação. Uma vontade intrínseca, de sentir o toque alheio
a excitar-lhe as entranhas e a liquefazer-lhe a libido. Um contorcer espontâneo embalado pelo desejo
de se ver entregue à loucura do sexo, à voracidade da carne e à avidez do corpo. Um crucial desabafo
do querer, direcionado ao orgasmo, aos orgasmos sucessivos e pungentes. Uma raiva permissiva,
capaz de lhe purgar descontentamentos, sangrando-a dos demônios que a assombravam e
preenchendo-a da mais pura substância ao seu alcance, o suco do deleite. Na verdade, era assim que
se sentia. Bestialmente insatisfeita, eternamente acesa, incontrolavelmente disposta,
incontornavelmente apaixonada pelo prazer.
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