Há corações que se inflamam por pequenas coisas e sorriem de dentro para fora numa espécie de
aperto feliz. Há outros que pacificamente rejubilam sem que o batimento cardíaco se altere, sem que
o ardor se lhes faça sentir de forma mais premente, sem o acelerar típico e descrito abundantemente
na literatura. Há corações que existem permanentemente em chamas, queimando de alegria e de
tristeza, em igual medida e proporcionalmente à quantidade de razões que o fazem arrebitar ou
encolher, queimando mesmo assim. Há corações corrosivos, exigentes, que apenas se sentem bater na
dependência da reciprocidade e que, egoístas, demandam atenção. Há corações promíscuos, corações
que sentem o amor com a mesma força e da mesma forma que a paixão e o desejo, num tudo ou nada
desesperante. Há corações solitários, que mesmo inundados de tudo aquilo que os faria atropelar o
sossego, se mantêm isolados, inspirando o aroma e saboreando lenta e paulatinamente. Há corações
rebeldes, teimosos, incompreensivelmente difíceis de penetrar. Há corações gulosos, guiados pela
ambição de abarcarem sempre mais e de tocarem infinitos outros. Há corações permanentemente
apaixonados, deslumbrados pela perfeição imperfeita e fiéis depositários de sentimentos. Há corações
distantes, alheados, vivendo sorumbaticamente num mundo à parte. Há corações gélidos e quentes.
Há corações... ahhh corações!
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