Os factos corroboravam a versão trazida pelos seus corpos à cena
protagonizada. Não era difícil acreditar na verdade que as suas
peles demonstravam e na história que os seus membros contavam.
Um "Era uma vez" facilmente constatável pela astúcia com que o
desejo se imiscuíra nos seus íntimos e terminara num verdadeiro
final feliz. Para ambos, evidentemente. Capítulo por capítulo,
depois do prólogo e da apresentação das personagens, enlearam-se
personalidades e conjugaram-se desejos. Misturaram-se enredos,
tramas que os impeliam na direção um do outro e que os avisavam
que irremediavelmente haviam de se cruzar na volúpia das suas
carnes, no instinto dos animais que orientavam os seus impulsos, na
paixão que circundava as almas dos amantes. Palavra por palavra,
deixaram as páginas fluir, numa leitura atenta e pormenorizada,
excitando-se a cada sílaba sibilada por entre gemidos e arrepios de
prazer, por entre entrelaçares de palavras como corpos mutuamente
incendiados, ávidos de mais um toque, mais um beijo, mais uma
carícia. E fundiram-se, nas sensações do desejo reprimido, da
vontade exacerbada pelo esperar um pelo outro, num conto em que
não precisavam de acrescentar nenhum ponto, num conto em que a
ficção era realidade e o saciar dos seus corpos extenuados pelo
prazer, o epílogo da história deles.
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