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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Desejo


Tomou-o nas mãos como uma relíquia, como um objecto sagrado a quem se deve culto e devoção. 

Tomou-o nas mãos e acariciou-o, prestando-lhe vassalagem e fazendo jus ao estatuto que lhe advinha 

da sua beleza e atributos. Tomou-o nas mãos, idolatrando-o, ciente de que a perfeição lhe tinha sido 

dada a vivenciar. Tomou-o nas mãos e ofereceu-se em sacrifício da melhor forma que sabia, 

retribuindo as graças que sempre lhe prestava. Tomou-o nas mãos, contemplando-o, e massajou, 

engrandecendo-o ainda mais, tornando-o capaz de se acomodar na sua boca e de ser saboreado em 

toda a sua extensão. Tomou-o nas mãos e abocanhou-o, alimentando-se da sua carne sem contudo o 

fazer perecer, antes dando-lhe mais vitalidade, transmitindo-lhe o prazer do seu toque e a faísca da 

sua vontade. Tomou-o nas mãos e saciou-o, engolindo-o, deslizando a língua suavemente pela sua 

textura, pela sua forma idílica e aproveitando cada gota do seu sangue derramado em luxúria e em 

desejo. Tomou-o nas mãos e guiou-o, numa dedicação ímpar, venerando-o e oferecendo a mestria da 

sua boca em prol do seu prazer.


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