
Ano de lançamento:2004
Direção:Mel Gibson
Destaques do elenco: Jim Caviezel,Monica Belluci
O retrato das últimas doze horas de vida de Jesus Cristo, desde a oração no Monte das Oliveiras após a Última Ceia. Traído por Judas, Jesus é levado e confrontado com acusações de blasfêmia pelos Fariseus. Pilatos, Governador Romano da Palestina, relega a decisão para a multidão, que prefere a liberdade do criminoso Barrabás e a condenação de Jesus.
Há uma década,Hollywood trouxe ao mundo,o filme mais polêmico dos últimos anos.Não me recordo de uma produção nesses últimos tempos que tenha causado tanto estardalhaço e aberto tantas discussões quanto A Paixão de Cristo.Muito menos de algo que tenha deixado as plateias em estado de choque,perante o que testemunharam. O concebedor do filme por si só é uma figura polêmica.Seu nome dispensa apresentações,ele é um dos sujeitos mais famosos do mundo e um dos mais alardeados também,sempre está em destaque,seja por sua carreira conturbada,como por sua vida pessoal que ele não faz questão de tornar privada.
Mel Gibson fez seu nome à frente de filmes de ação,se tornando um dos grandes do gênero.Em 1996 ele surpreendeu ao demonstrar também talento pra direção,ao comandar o épico Coração Valente.Sucesso de crítica e bilheteria,o filme levou também 5 oscars,inclusive Melhor filme e diretor.8 anos depois,Gibson voltou à cena comandando outra produção fora de série e diferenciada.
O Mel não poupou nas polêmicas em torno do filme,a começar pelo marketing.Ele contou que naquela fase de sua vida,estava num momento difícil,enfrentando uma depressão e pensando até em suicídio. Foi quando lhe veio a ideia de filmar as últimas horas de vida de Jesus Cristo,de uma forma que nunca tinha sido mostrada.Gibson estava tão determinado a realizar a obra e ter controle total sobre a produção,que ele mesmo a bancou,tirou 30 milhões da conta e tocou o projeto adiante.Realmente ele estava num momento muito difícil,pobrezinho...
Gibson então focou nas últimas 12 horas de Jesus.Para viver o papel de Jesus,foi convidado o ator Jim Caviezel,que faz um papel extraordinário. Jim,pleno de dor e carisma, transfigura-se pela voz e pela expressão corporal, tanto quanto a caracterização que o seu corpo sofreu, exaustivamente, durante horas de rodagem.Ele chegou até mesmo a ser atingido por um raio e deslocou o ombro na cena da via crucis.
Um fato curioso é que Gibson decidiu realizar o filme com os personagens falando nas línguas originais, hebraico, aramaico e latim, idiomas da época de Jesus.O argumento (do próprio Mel Gibson e de Benedict Fitzgerald), a partir de vários dos evangelhos do Novo Testamento (S. João, S. Mateus, S. Lucas e S. Marcos), dos diários da profética freira Anne Catherine Emmerich e de uma interpretação muito pessoal de toda uma herança religiosa e cultural, propõe o retrato das últimas doze horas de Cristo. Da traição de Judas ao aprisionamento do messias, do julgamento de Caifás e dos sacerdotes às mãos lavadas de Pôncio Pilatos.
Porém,o chamariz do filme foram as cenas do flagelo e crucificação de Jesus.Gibson não pegou leve na violência gráfica e no sadismo,o filme usa e abusa desses artifícios e apresentou algumas das cenas mais cruéis e impactantes já vistas até hoje,talvez com a clara intenção de chocar e causar polêmicas.Algumas pegaram tão pesado que forçavam o espectador a tirar a vista da tela.A comoção foi tamanha,que muita gente até mesmo abandonou a sessão antes do fim da mesma.Tinham casos de pessoas que se desmanchavam em lágrimas,ante o sofrimento visto na tela e outras que entraram em estado de choque.
Quando o filme ganhou o mundo,as polêmicas e o debate aumentaram ao seu redor. A visão de Gibson foi duramente criticada,ele foi até acusado de antissemitismo.O Vaticano aprovou a visão do diretor.Os teólogos e historiadores concordaram que o flagelo de Cristo foi excepcionalmente bem explorado e afirmaram que teria sido até pior que o apresentado na obra.A discussão tomou conta de todos,durante meses,os meios de comunicação e as entidades religiosas discutiram a fundo os méritos e desméritos da produção.
A crítica do filme também ficou dividida,ninguém chegou a um consenso.Mas as reclamações quanto à quantidade de violência foi quase unânime.E de fato ela existe em abundância,nenhum outro filme é tão perturbador e torturante quanto esse aqui.Uma coisa foi incontestável:o filme foi um enorme sucesso comercial,arrecadando mais de 600 milhões ao redor do mundo.Nada mal,considerando seu investimento. O Mel deve até ter deixado de lado a ideia de se matar. Passados 10 anos de sua produção, continua sendo angustiante e comovente,e por todos os elementos que fizeram dele um sucesso,merece seu reconhecimento como um inesquecível do cinema.
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