Grandes Personagens do Cinema - Charles Chaplin - Os Maiores Clássicos

Dando continuidade à biografia do grande astro que iluminiou as telas do cinema mudo com sua aura brilhante, com seu carisma inigualável, com a sua simplicidade que o fez tão querido e ainda reverenciado nos dias atuais, mesmo com o advento da era moderna e da tecnologia que faz com que as produções cinematográficas sejam grandiosas. Elencamos os clássicos da sua maravilhosa trajetória pelo cinema mudo.  

 O Garoto (The Kid)
Ano de lançamento:1921

Clássico incontestável da carreira de Chaplin,talvez seja o filme mais comovente de toda a sua filmografia.Entre os fãs,é um clássico absoluto e incontestável,verdadeira obra-prima da trajetória do comediante.
O filme aborda tanto o humor como o drama, algumas cenas são extremamente sensíveis,Uma das cenas mais tocantes do filme se dá quando o vagabundo tenta impedir dois agentes de levarem o garoto, já que o personagem de Chaplin não é seu tutor legal.

O filme conta a história de um bebê que é abandonado pela mãe que não tem condições de criá-lo e que é encontrado e criado por um vagabundo. Conforme os anos se passam, o garoto e o vagabundo se tornam uma dupla perfeita, bolando diferentes esquemas para conseguir o dinheiro para seu sustento e eles passam muitas lutas juntos.A mãe,agora bem sucedida na vida,tenta encontrar o filho.

O grande destaque da obra é o ator-mirim,Jackie Coogan.Chaplin o viu atuando no vaudeville no Orpheum Theatre, em Los Angeles e rapidamente se encantou com o menino ao vê-lo dançar no palco. Charlie o trouxe para Holywood e fez o primeiro experimento com o garoto em “A Day´s Pleasure”, em 1919, quando ele estava com cinco anos de idade, e se encantou novamente. 

Charlie ficou tão feliz que o colocou em seu primeiro longa-metragem, em que Chaplin escreveu e dirigiu, “The Kid” em 1921.O jovem astro se tornou famoso no mundo inteiro, e se transformou no primeiro ator mirim conhecido internacionalmente. Depois prosseguiu fazendo outros filmes, também fazendo sucesso. Alguns atribuem o fato de o filme revelar uma sensibilidade extra na relação entre o vagabundo e o garoto ao fato de o filho recém-nascido de Chaplin ter morrido no começo das gravações.Jackie Coogan se tornou uma das primeiras personalidades infantis da história, recebendo honras de príncipes, presidentes e do próprio papa, durante sua turnê pela Europa.

A imagem do Vagabundo abraçado com o garoto,tornou-se simbólica na cultura pop,e é umas das mais famosas da mitologia do comediante.O filme teve a segunda maior bilheteria da época de seu lançamento.Destaque pra cena em que Chaplin sonha estar no paraíso com o garoto.

Em Busca do Ouro (The Gold Rush)
Ano de lançamento:1925

Chaplin falava que esse era seu filme favorito,e que gostaria de ser lembrado futuramente por ele.Mas no decorrer de sua carreira,acabou realizando alguns títulos que superariam esse aqui.Com 1 hora e 36 minutos de duração,neste filme o vagabundo viaja para Yukon para participar no Klondike Gold Rush ou Corrida de Ouro de Klondike, mas o mau tempo o força a procurar refúgio numa casa isolada nas montanhas, onde está um assassino foragido chamado Larsen, e logo depois aparece um cara gigantesco chamado Big Jim MacKay.

Pouco tempo depois à fome começa a apertar a barriga dos três e assim decidem quem vai sair à procura de comida e Larsen é o escolhido.O figura não retorna à cabana,deixando seus ocupantes entregues à própria sorte,porém eles conseguem sobreviver. Acontece que MacKay encontra uma enorme montanha de ouro,próxima à cabana,e ao se separar do Vagabundo,acaba perdendo parte da memória,e se recorda somente que o Vagabundo poderia o levar ao local onde se conheceram.

O filme reúne algumas das cenas antológicas do cinema, como a da famosa dança dos pãezinhos, ou a que mostra o devaneio do aventureiro "Big Jim" que, alucinado pela fome, vê "Carlitos" metamorfoseado em frango.Outra de destaque,é a hilária sequência em que a tempestade de neve arrasta a cabana à beira de um penhasco. A mais célebre, porém, é a do cozido das botinas de "Carlitos" onde, com ares de gourmet, o personagem faz dos cordões um delicioso espaguete, das solas um fino e saboroso pássaro de caça, e dos pregos seus ossinhos delicados.Trata-se de uma das cenas mais cômicas de toda a carreira do comediante.

"Carlitos" e seu companheiro de cena realmente comeram as botinas, feitas de alcaçuz por um confeiteiro especialmente contratado para a tarefa. Perfeccionista, Chaplin fez dezenas de tomadas e mais de vinte pares de botinas saírem do forno, antes de a cena ser aprovada. Há duas versões de The Gold Rush, a primeira de 1925 e a outra de 1942. A versão sem som tem 82 minutos de duração, enquanto a versão sonorizada tem 74 minutos de duração.

Este foi o filme que mais deu lucro e popularidade a Chaplin, sendo que custou um grande orçamento.Os 2500 homens que interpretam garimpeiros são, na verdade, vagabundos de rua, que aceitaram participar do filme em troca de um dia de salário. O filme ganhou o Kinema Junpo Awards em 1927, no Japão, como o Melhor Filme Estrangeiro.O filme foi um sucesso no mundo inteiro e nos Estados Unidos foi a quinta maior bilheteria do cinema mudo na história do cinema. Em 1992, o filme foi selecionado para a preservação na United States National Film Registry by the Library of Congress como sendo “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativas”.

O Circo (The Circus)
Ano de lançamento:1928

.Charles não gostava desse filme,e não era um de seus favoritos.Talvez porque na época de sua produção,sua vida pessoal passava por um momento de turbulência: ele enfrentava um amargo processo de separação,sua mãe passava por sérios problemas de saúde e ele estava também com problemas relacionados por impostos atrasados. Contam que foi a experiência mais difícil de sua carreira.Tudo isso contribuiu nos atrasos da filmagem.Seus problemas porém não refletiram no filme,pois trata-se provavelmente do mais engraçado de toda a sua filmografia. 

O filme foi escrito por Chaplin em parceria com Joseph Plunkett, que não é mencionado nos créditos e segundo alguns autores se tornou a sétima maior bilheteria de filme mudo da história do cinema, tendo arrecadado mais de US$ 3,8 milhões de dólares em 1928. 
Neste filme Chaplin com seu personagem vagabundo, depois de ser perseguido pela polícia após ser confundido com um trombadinha, corre em direção à tenda principal de um circo numa tentativa de se livrar do policial, e o público acha que aquilo faz parte do espetáculo, e ele acaba virando um sucesso. Desta forma consegue um emprego no circo se tornando uma de suas melhores atrações. O vagabundo se apaixona pela bela filha do dono do circo, mas ela prefere Rex, o equilibrista. Ele aceita a decisão de sua amada e deixa o circo. 

O filme foi indicado para vários prêmios Oscar daquele ano, na categoria de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Argumento, mas a Academia retirou todas as indicações e resolveu entregar a ele um Oscar honorífico. 

Atualmente a Academia não listas essas nomeações na lista oficial de candidatos, mas é incluído na maioria da listas não-oficiais de candidaturas.
São muitas as cenas dignas de referências,mas nada se compara à cena em que o Vagabundo decide substituir o equilibrista da corda bamba, sem experiência alguma. Ele utiliza para isso,um cinturão preso por um fio de aço pra se equilibrar,e durante o ato,o cinturão se solta. Pra completar,uns macacos resolvem atrapalhar o número do azarado Vagabundo.

É provavelmente a cena mais engraçada de toda a carreira de Chaplin.O final é poético e triste,outra marca desse gênio do cinema.foi o último filme mudo de Chaplin antes da indústria cinematográfica evoluir para o cinema, o que causou o declínio da Era dos filmes mudos.

Luzes da Cidade (City Lights)
Ano de lançamento:1931

Na época de sua concepção,a grande coqueluche do momento eram os filmes sonoros, e com isso os filmes mudos diminuíam drasticamente. Mesmo dentro desse triste cenário o filme tornou-se rapidamente um sucesso. Atualmente este filme é lembrado pela maioria dos autores como sendo a conquista mais prolífica da carreira de Chaplin.Na época,ele bateu o pé e insistiu em realizar o filme seguindo os seus padrões.Seu irmão,Sydney,andava na contramão e tentava o convencer a finalmente aderir aos novos tempos. 

Visto que Chaplin operava como seu próprio produtor e distribuidor (sendo um dos proprietários da United Artists), ele foi capaz de conceber City Lights como um filme mudo. No entanto, tecnicamente, o filme não era totalmente mudo. Embora seja classificada como uma comédia, “Luzes da Cidade” é também considerado como um dos melhores e mais emocionantes dramas da cinematografia mundial.

Apesar de ser um filme tecnicamente mudo completamente, ele apresenta diálogos em cartelas, e possui uma trilha sonora sincronizada com música, efeitos sonoros e também alguns sons para dar continuidade a história, como na cena em que a vendedora de flores escuta a porta do carro bater. Durante a produção, Chaplin conhecido por seu perfeccionismo iniciou as filmagens com a novata atriz Vírginia Cherrill, mas depois achou melhor substituí-la por Georgia Hale, que fora sua co-estrela em “The Gold Rush”, mas mediante os gastos já concretizados com o filme até aquele momento, Cherrill foi recontratada. Dizem também que por sugestão de sua amiga Marion Davies, Virginia Cherrill exigiu um novo acerto monetário para voltar ao filme.

É um dos filmes mais lembrados até hoje de sua história.O roteiro se divide em atos:no primeiro,o clássico Vagabundo vaga pelas ruas,sem dinheiro,casa ou comida.Até que ele conhece uma florista cega e se apaixona por ela.Na contramão,ela pensa que o Vagabundo é um milionário. No segundo ato,Carlitos salva um milionário bêbado de se suicidar,e agradecido,ele se torna um grande amigo do Vagabundo,pelo menos até o momento em que recobre a sobriedade e o ignora por completo,só o reconhecendo novamente a se embriagar. A história se desdobra com o Vagabundo auxiliando a jovem florista,até descobrir que existe uma cirurgia capaz de devolver a visão à mesma.E que também ela e a avó serão expulsas do quarto onde moram,caso não paguem o aluguel.Sem contar com o auxílio do verdadeiro milionário,o Vagabundo tenta de tudo para conseguir o dinheiro necessário,até lutar boxe,numa das cenas mais memoráveis de sua história.

O filme, além de bem recebido pela crítica e pelo público, também foi aclamado por diretores famosos, como Orson Welles, Stanley Kubrick, Federico Fellini, Woody Allen, integrando a lista dos 10 melhores filmes de alguns destes diretores, além de outros mais, e teve uma das mais brilhantes estréias do cinema.

Mas nada se compara à cena final,em que a florista,agora com a  visão recuperada,anseia com o retorno do seu benfeitor,que estava na cadeia,acusado de roubo.Por acaso,o Vagabundo esbarra com ela e fica deslumbrado ao ver que ela recuperou a visão.Ao dar uma moeda e segurar a mão de Carlitos,pelo toque ela descobre a verdadeira identidade do homem que tanto fez por ela. Trata-se do final mais lindo,terno e comovente de toda a história do cinema,impossível não ir às lágrimas.

Em 1992, o filme “Luzes da Cidade” foi selecionado para a preservação pela United States National Film Registry by the Library of Congress como sendo “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativas”. Em 2007, a American Film Institute o classificou como um dos dez melhores filmes de todos os tempos e o maior filme mudo de todo o ranking.

Tempos Modernos  (modern Times)
Ano de lançamento:1936

 Entre tantas obras de destaque e famosíssimas,tanto na época de seu lançamento quanto nos dias atuais,provavelmente a maior referência em toda a carreira de Chaplin seja justamente esse título aqui,pela importância que ele continua mantendo,a mítica em torno do mesmo,o sucesso e os temas abordados pelo cineasta. Na época,os Estados Unidos continuava sofrendo os efeitos da Grande Depressão,ocasionada pela quebra da bolsa de valores.Milhares de americanos perderam seus empregos,a economia enfrentava uma crise nunca antes registrada.Mas Chaplin continuava sendo um alívio para o sofrido dia-a-dia.

Depois que Chaplin começou a trabalhar na produção do filme “Modern Times”, em 1934, quando escreveu parte do roteiro, ele realizou experimentação fazendo algumas tomadas utilizando o som. Mas, no entanto logo abandonou essas tentativas e voltou novamente para o formato mudo, utilizando efeitos sonoros sincronizados. As experimentações confirmaram que o apelo universal do vagabundo se perdia falando, por isso o personagem jamais falou na tela.Chaplin somente falou na tela do cinema ao interpretar outros personagens, nunca o vagabundo.

A maior parte foi filmada na “velocidade muda”, ou seja, 18 quadros por segundo, e segundo mostram os documentos oficiais, a trilha sonora foi composta pelo próprio Chaplin, e organizadas com a ajuda de Alfred Newman. A letra veio somente mais tarde e foi gravada inicialmente por Nat King Cole e posteriormente por outros artistas como Barbra Streisand, Diana Ross, Petula Clark e Judy Garland, entre outros. 
Nesse filme,Carlitos trabalha em uma fábrica, na qual tem um colapso nervoso por trabalhar de forma quase escrava. É levado para um hospital, e quando retorna para a “vida normal”, para o barulho da cidade, encontra a fábrica já fechada.

Enquanto isso, uma jovem, órfã de mãe, com duas irmãs pequenas e o pai desempregado, tem que realizar pequenos furtos para sobreviver. Após a morte do pai em uma manifestação, dois agentes do governo vão buscá-las para a adoção, mas a jovem foge. Charles vai em busca de outro destino, mas acaba se envolvendo numa confusão: pois é tomado como o líder comunista por trás da greve que esta a acontecer e acaba por ser preso. Na cadeia sem querer, frusta uma tentativa de fuga de presos e quando é libertado depois de uma agradável estadia na prisão, decide fazer de tudo para voltar para lá e ao ver a jovem que fugiu da adoção, decide se entregar em seu lugar. Não dá certo, pois uma grã-fina tinha visto o que houve e estraga tudo. Mesmo assim, ele faz de tudo para ir preso, no entanto os dois acabam escapando e vão tentar a vida de outra maneira. A amizade que surge entre os dois é bela, porém não os alimenta. Ele tem que arrumar um emprego rapidamente. Consegue um emprego numa outra fábrica, mas logo os operários entram em greve e ele mete-se novamente em perigo. No meio da confusão, vai preso ao jogar sem querer uma pedra na cabeça de um policial. A jovem consegue trabalho como dançarina num salão de música e emprega seu amigo como garçom. Também não dá certo, e os dois seguem, numa estrada, rumo a mais aventuras emocionantes e divertidas. 

“Modern Times” foi o primeiro filme político mostrada de forma aberta por Chaplin, e retratando de forma pouco lisonjeira a sociedade industrial, o que acabou gerando muita polêmica em alguns setores, quando de seu lançamento.
É considerado uma forte crítica ao capitalismo, liberalismo,conservadorismo, stalinismo, nazifascismo, fordismo e ao imperialismo, bem como uma crítica aos maus tratos que os empregados passaram a receber depois da Revolução Industrial.

Nesse filme Chaplin quis passar uma mensagem social. Cada cena é trabalhada para que a mensagem chegue verdadeiramente tal qual seja. E nada parece escapar: máquina tomando o lugar dos homens, as facilidades que levam a criminalidade e a escravidão. 
O amor também surge, mas surge quase paternal: o de um vagabundo por uma menina de rua.

Chaplin quando realizou essa obra demorou três anos para conseguir terminá-lo (1933 - 1936), embora extremamente aclamado pela crítica quando lançado, e hoje considerado um dos melhores filmes de todos os tempos pela crítica e cinefilia, o filme não ganhou e sequer foi indicado a um Oscar, talvez pelo fato do filme criticar fortemente a sociedade americana e o american way of life, ou pelo fato de Chaplin, quando ganhou um prêmio especial da academia ter dito que iria usar a estatueta para segurar a sua porta, mostrando desprezo pelo prêmio. 

Tal hipótese é levantada pelo fato de que outro filme aclamado de Chaplin, Luzes da Cidade, ter acontecido o mesmo. Ele também foi considerado o último filme mudo da história, antes do lançamento de O Artista, filme francês ganhador de 5 Oscars, apesar de Tempos Modernos ter algumas falas, como quando Chaplin canta uma música misturando italiano,francês e espanhol. Entre as muitas cenas memoráveis,o destaque fica com a sequência em que Chaplin é engolido por enormes engrenagens.Uma das mais cômicas acontece quando ele é pego pra testar uma máquina que alimenta os funcionários da fábrica.

Outro ponto a citar, é que o filme é um tanto futurista, já que várias tecnologias existentes no filme não existiam há época. Foi o último filme em que Chaplin interpreta o vagabundo,seu clássico personagem.
Chaplin também recebeu duras críticas pelo fato do filme ser praticamente todo ele mudo, apesar da indústria cinematográfica sair em sua defesa, dizendo que o mistério e o romantismo do personagem vagabundo estaria arruinado se ele falasse. Em 1989, o filme foi selecionado para a preservação pela United States National Film Registry by the Library of Congress como sendo “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativas”.

O Grande Ditador (The Great Dictator)
Ano de produção:1940

Ao final dos anos 30,o mundo assistia perplexo o apogeu do nazismo e o avanço das tropas de Hitler pela europa,enquanto as mesmas iam invadindo e conquistando um país após o outro.O mundo se encontrava em guerra,porém,os Estados Unidos mantinham-se neutros no conflito.
O impagável Chaplin não ignorou o que estava acontecendo,e resolveu abrir os olhos de todos numa produção que mais uma vez marcaria época e também toda a história do cinema. Neste filme Chaplin desempenha dois personagens, um como um barbeiro judeu e a outra como o ditador fascista Adenoid Hynkel, também chamado “Phooey”, fazendo uma paródia naturalmente com a palavra “Fuhrer” e claramente inspirado em Adolf Hitler. 

Grande parte do filme é ocupado por Hynkel e Napaloni,personagem que parodia o ditador italiano Benito Mussolini,que passam o tempo todo discutindo sobre o destino de Osterlich, ou melhor, a Áustria. Na contramão, conhecemos um barbeiro judeu, que no decorrer da história,será decisivo na trama toda.No final,ele é confundido pelas tropas do Hynkel e toma o seu lugar. O filme contém várias sequências famosas como a de Hynkel fazendo seu discurso falando um alemão sem sentido, figurando como caricatura da oratória bem ao estilo de Hitler, que Chaplin estudou minuciosamente nos cinejornais, para imitá-lo.

A outra cena bastante conhecida é o balé entre o Hynkel e o balão em formato de globo terrestre em seu gabinete palaciano.Outra cena famosíssima da filmografia do mítico cineasta. A mesma têm suas origens no final dos anos 20, quando Chaplin filmava em Hollywood, onde dançava com um globo e usando um capacete militar prussiano. Outro elemento freqüentemente parodiado por Chaplin é a arte e arquitetura do Terceiro Reich.O filme foi dirigido por Chaplin e também recebeu ajuda na assistência de direção de seu meio-irmão George Wheeler Dryden.  

A película foi filmada nos Studios Chaplin e em outras localidades próximas a Los Angeles. A elaboração das cenas da Guerra Mundial foi realizada em Laure Canyon e a música composta por Chaplin e Wilson Meredith. As filmagens tiveram início em 1939, e foram concluídos seis meses depois. 
Dizem que Chaplin se motivou para fazer esse filme, devido a grande escalada da violência e repressão aos judeus pelos nazistas, durante todo o final dos anos 30, assim como muitos fatos também chegaram a ele pessoalmente através de amigos judeus europeus e de outros artistas.

Também por essa época, a repressão do Reich aos judeus e as tendências militaristas eram já bastante conhecidas, apesar disso muitos artistas e principalmente o governo tentavam se manter afastadas, fingindo não saber de nada do que estava acontecendo. O fato de Chaplin fazer esse filme irritou principalmente o homem todo poderoso do FBI, J. Edgar Hoover, que não via hora de ser livre do cineasta.
Alguns autores também citam que algum tempo depois do encerramento das filmagens e quando soube das atrocidades cometidas nos campos de concentrações pelos nazistas, Chaplin declarou que se ele soubesse de tudo isso, jamais faria o filme desta forma cômica. Também várias semelhanças entre Hitler e Chaplin foram anotadas pelos autores, e que podem ter sido decisivos para Chaplin realizar o filme.Chaplin preparou a história que viraria o roteiro ao longo de 1938 a 1939, e começou a filmar em setembro de 1939, uma semana após o início da Segunda Guerra Mundial.

A especulação crescia em torno do filme de Chaplin e outros filmes antifascistas também começavam a surgir nos Estados Unidos, mas permaneciam inéditos devido à “relação neutra” entre a Alemanha e os Estados Unidos. Apesar disso o projeto de Chaplin continuou, mesmo não agradando a muitos, e também por pouco Chaplin não iria a falência se não lançasse o filme em  1940, pois ele havia investido cerca de US$ 1,5 milhões de dólares do seu próprio bolso no projeto. O filme também foi lançado na França em abril de 1945. Para a filmografia do gênio do cinema,o filme teve uma enorme importância.Não podendo mais continuar ignorando o avanço do som,Chaplin finalmente se rendeu ao recurso,realizando uma obra 100% falada e sonorizada.E ele não poderia ter feito melhor.O discurso pacifista de seu personagem ao término do filme,é famosíssimo até hoje. 

O filme “The Great Dictator” foi bem recebido na época de seu lançamento e tornou-se muito popular entre o público americano, assim como no Reino Unido. As audiências judias ficaram profundamente comovidas pela caracterização de personagens judeus e suas dificuldades, principalmente porque naqueles tempos ainda era um tabu falar desse assunto na Hollywood da época.
Quando o filme estava ainda sendo produzido, o governo britânico anunciou que iria proibir o filme no Reino Unido, em sintonia com sua política de pacificação e boa vizinhança em relação à Alemanha Nazista. Mas, quando o filme foi lançado, o cenário era outro e o Reino Unido estava em guerra com Alemanha Nazista e por isso o filme foi bem acolhido. Muda a política, trocam-se os comportamentos. 
O filme também recebeu cinco indicações ao Oscar, mas não ganhou nenhuma. Em 1997, “The Great Dictator” foi selecionado para a preservação pela United States National Film Registry by the Library of Congress como sendo “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativas”. Também em 2000, recebeu o reconhecimento pela American Film Institute e colocado entre as 100 Melhores Comédias de Todos os Tempos. 
E reza a lenda que o próprio Hitler assistira ao filme e se divertira bastante com a forma como fora caracterizado por Chaplin.