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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Resenha Literária Cartas na rua By Folheando Resenha


Ficha Técnica:

Cartas na rua / Charles Bukowiski; tradução de Pedro Gonzaga. - Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. 192p.  - (Coleção L&PM POCKET; v. 976)

O Autor:

Charles Bukowski (1920-1994) foi um poeta e escritor alemão que viveu e morreu nos Estados Unidos. Autor de diversas obras é um dos escritores mais conhecidos dos Estados Unidos.

Charles Bukowski nasceu na Alemanha, no dia 16 de agosto de 1920. Filho de uma jovem alemã e um soldado americano que retornou para os Estados Unidos quando Charles ainda era criança. Charles teve uma infância e adolescência sofrida, pela falta de amigos e por ser constantemente espancado por seu pai. Esses momentos em sua vida o levaram a fugir de casa e iniciar seu vício em bebidas alcoólicas e ao mesmo tempo começar a escrever. Com 15 anos escreveu suas primeiras poesias, mas seu primeiro livro só foi publicado 20 anos depois.

  As obras do escritor eram muito apreciadas pelos jovens. Muitos de seus poemas foram adaptados para o cinema e estão presente em diversos álbuns, músicas e letras de diversas bandas, entre elas: Red Hot Chilli Peppers, Anthrax, Apollo 440 e Bad Rádio.

  Bukowski publicou mais de 50 livros, entre eles: "Cartas na Rua" (1971), "Mulheres" (1978), "Misto Quente" (1982) e "Hollywood" (1989). Seus livros mais recentes são as publicações póstumas: "Open all Night: New Poems" (2000), "Beerspit Night & Cursing: The Correspondence of Charles Bukowski & Sheri Martinelli" 1960-1967 (2001), "The Night Torn Mad With Footsteps" (2001), "Sifting Through the Madness for the Word, the Line", "The Way: New Poems" (2003).

(Biografia recortada do site Pensador)

Resenhando com Douglas:

A década de 1950, século XX, representa uma época de conquistas, avanços e transformações nos campos culturais, políticos, econômicos, sociais, etc. Essa década foi considerada a era de ouro da televisão; mais de quatro milhões de famílias americanas tinham um aparelho televisor. Também para a ciência, a década de 1950 surge com avanços promissores, pois foi nesse período, precisamente em 1955, que a primeira vacina de poliomielite, desenvolvida por Jonas Salk, foi introduzida para o público. Em 1957, o Programa Sputnik lançou ao espaço o primeiro satélite artificial da terra. No Brasil, Juscelino Kubitschek, em 1956, expõe seu plano desenvolvimentista em que promete fazer o país avançar “50 anos em 5”; no mesmo ano, o reverendo Martin Luther King Jr é considerado culpado dos boicotes ao serviço de ônibus de Montgomery, em Alabama, nos Estados Unidos.

Década de 1950... Considerada uma época de transição entre o período de guerras, da primeira metade do século XX e o período de revoluções culturais e tecnológicas de sua segunda metade. Todavia, não podemos deixar de citar que no início dessa mesma década, no serviço dos Correios dos Estados Unidos, em Los Angeles, Califórnia, Henry Chinaski, alter ego do escritor Charles Bukowiski (1920-1994), candidatava-se à vaga de carteiro temporário, oferecendo dessa experiência, que durara maçantes quatorze anos, o primeiro romance do escritor alemão Bukowiski.
          
 “Esta é uma obra de ficção dedicada a ninguém”.

Segundo o filósofo, escritor e crítico francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) Charles Bukowiski foi “o maior poeta da América”. Bukowiski merecia o título de maior poeta da América? Por onde andavam os outros poetas e escritores? A literatura fazia-se esposada de um único amante? Não! A literatura gozava dos mais sofisticados escritores. Lembremos que, no ano de 1954, Ernest Hemingway ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, e no ano anterior recebeu o Prêmio Pulitzer com o livro “O velho e o Mar”. Então por que Sartre destina a Charles Bukowiski o título – sem prêmio algum – de “o maior poeta da América”? Talvez a resposta seja acompanhada de diversas situações, porém, algumas delas, duas, para ser mais exato, são o suficiente para entender a frase de Sartre: Bukowiski singularizava a vivência marginal a o sonho americano; disso fez sua obra, sua vida. Sartre, representante do existencialismo – termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX-, entendia que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, porém, não meramente o sujeito pensante, mas o sujeito sob o julgo de suas ações, sentimentos e vivências. No entanto, não é da filosofia existencialista de Sartre que escrevo, tampouco sobre qualquer outra; o centro deste exíguo texto é a figura do respeitável escritor Charles Bukowiski e o livro “Cartas na rua”.

O livro divide-se em seis partes (pelo menos na edição da L&PM POCKET é assim). “Tudo começou como um erro”, eis a primeira frase, do primeiro capítulo da parte um. Nota-se alguma estranheza? Não há estranheza em Bukowiski. Estranho fora eu, que até pouco tempo nada sabia – e continuo sem saber-, do autor.

Quem lê Bukowiski não se cansa não se sente sozinho, não entra o portal das fadas, pelo contrário, entra nas fodas, na bebedeira, nas mulheres, na solidão, na marginalidade anônima que fez do autor um nome respeitado na literatura mundial. Cartas na rua é a história recomendada aos carolas, aos puros de coração apaixonado; desaconselhável aos fornicadores (não cobiçarás a mulher de Bukowiski), aos beberrões (não só de álcool vive o homem), aos vagabundos (vai ter com a formiga, óh preguiçoso) e aos insolentes (as más conversações corrompem os bons costumes). Não esperem que eu narre o livro, que lhes conte a história de Chinaski, isso vocês podem encontrar nos sites de resenhas (SIC) – resumos-, ou lendo o livro do qual vos falo, porém aconselho a lerem o livro. Percebam, ou melhor, sintam, porque é isso que Bukowiski nos faz, sentir toda a sua vida, foda a foda, “gute-gute”, dor a dor e alegria a alegria – apesar de serem poucas-, as formas como a vida molda sua arte.

Não sei se seria adequado tratar de assuntos tão literários (acadêmicos e críticos) nesta resenha, convenço-me que não. Até porque não sou da academia de letras, tampouco me designo crítico literário, sou um mero leitor que busca na arte o sentido da vida – mentira. Bukowiski nos leva aos seus altos e baixos, às suas dores e alegrias. Senti sua excitação, imaginei as mulheres macias das quais tivera, verti até o ultimo gole de sua cerveja gelada; estava eu num paraíso humano. No entanto, despenquei num só golpe, um só soco na boca do estômago, quando Chinaski experimentou solidão, amargou um velório, viu-se o ultimo homem do mundo. As palavras eruditas diminuem o sofrimento, acariciam as dores, tornam inda mais feliz o humorado. Cartas na rua é o homem desiludido, de pouca carne e muito osso, de bolso escravo da necessidade de se manter vivo, da privação do sonho americano.
         
“De manhã, ao acordar, a amanhã seguia ali, e eu ainda estava vivo”.
         "Talvez eu devesse escrever um romance, pensei”.
         “E foi o que fiz”.
      
Cartas na rua é um chute de sapato pontudo nas minhas costelas de Picasso, não o pintor, mas o cachorro de Chinaski.

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