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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Filmes Inesquecíveis do Cinema - Resenha Moscou Contra 007

Apresentamos mais um filme inesquecível do cinema....

 

Moscou Contra 007 - From Russia with Love 
País - Reino Unido
Ano - 1963
Duaração - 115 min 
Direção - Terence Young
Produção - Harry Saltzman, Albert R. Broccoli
Roteiro - Richard Maibaum, Joanna Harwood
Baseado em Ian Fleming
Gênero - Ação, filme de espionagem
Música - John Barry
Direção de arte - Syd Cain
Direção de fotografia - Ted Moore
Figurino - Jocelyn Rickards
Edição - Peter R. Hunt
Companhia produtora - EON Productions
Distribuição - Metro-Goldwyn-Mayer, United Artists
Lançamento - 11 de outubro de 1963
Idioma - Inglês
Orçamento - US$ 2 milhões
Receita - US$ 78.9 milhões

Sean Connery como James Bond
Daniela Bianchi como Tatiana Romanova
Pedro Armendáriz como Ali Kerim Bey
Lotte Lenya como Rosa Klebb
Robert Shaw como Red Grant
Bernard Lee como M
Walter Gotell como Mozerny
Vladek Sheybal como Tov Kronsteen
Lois Maxwell como Miss Moneypenny
Desmond Llewelyn como Major Boothroyd
Francis de Wolff como Vavra
George Pastell como o condutor do Expresso do Oriente.
Fred Haggerty como Krilencu
Aliza Gur e Martine Beswick como Vida e Zora, respectivamente
Nadja Regin como a namorada de Kerim Bey.

James Bond (Sean Connery) é incumbido de ajudar uma bela agente soviética a fugir de seu país, para então tentar recuperar uma leitora de códigos na embaixada russa, em Istambul,Turquia. Porém, Bond não sabe que a temível organização criminosa Spectre organizou esta armadilha no intuito de executá-lo.

O filme que abriu a famosa franquia James Bond, 007 Contra o Satânico Dr. No, de 1962, foi um sucesso sem precedentes. Realizado com o orçamento de 1 milhão,foi muito bem recepcionado pela crítica e o público,tanto que,poucos meses após seu lançamento,os produtores Albert R. Brocolli e Harry Saltzman já estavam tocando o novo filme do espião.

O sucesso do antecessor incentivou a United Artists, estúdio responsável, a desprender dessa vez 2 milhões para a realização. Os produtores optaram em adaptar o romance "From Russia With Love",de autoria do criador do 007, Ian Fleming. Havia um motivo em especial para essa escolha. O então presidente americano John Kennedy, numa entrevista declarou que era um de seus 10 livros favoritos. O marketing inesperado vindo de uma das personalidades mais conhecidas do mundo, era o que os chefões da franquia precisavam.Existe uma curiosidade a respeito do título desse filme aqui no país:se fosse traduzido corretamente, o filme se chamaria "Para a Russia Com Amor". Os tradutores brazucas optaram por Moscou Contra 007, embora em momento algum, a história se passe na capital soviética, a trama do filme se concentra em Istambul, na Turquia.Vai entender as ideias que se passam na cabeça desses figuras.

90% da equipe técnica que trabalhou no filme anterior voltou para a sequência, inclusive o diretor Terence Young. O Satânico Dr. No é até hoje uma produção antológica e carrega consigo os méritos de ter apresentado e iniciado a saga do maior dos espiões da literatura, nos cinemas. Mas foi uma produção carente em muitos pontos, e a sequência tratou de compensar isso muito bem. Para maiores detalhes a respeito do primeiro filme do Bond, consulte na coluna Inesquecíveis do cinema.

A adaptação do romance ficou a cargo mais uma vez de Joanna Harwood e Richard Maibaum. Nesse filme, elementos importantes da mitologia 007 foram incluídos. A produção trouxe à cena,a maior organização criminosa do universo James Bond: a terrível Spectre, assim como o maior vilão da era Connery, e possivelmente um dos mais conhecidos de toda a história do cinema,o Ernst Stavro Blofeld. Mas sua identidade não seria revelada nesse filme, só 4 anos depois, em Com 007 Só Se Vive Duas Vezes.Porém, ficamos conhecendo o modus operand da organização. A partir daqui sabemos que a Spectre tem uma imensa rede  global que inclui agentes russos, estrategistas,assassinos sádicos e até mesmo um centro de treinamento secreto numa ilha. Para maiores detalhes sobre a Spectre, confira o especial James Bond na coluna dos Grandes Personagens, onde dedicamos uma postagem a essa organização.

A trama desse filme é uma das mais tensas de toda a série Bond e retrata bem como era a relação entre os países comunistas e ocidentais durante a Guerra Fria,nos anos 50 a 70. Na história, a Spectre concebe um plano através de dois agentes,a calculista Rose Klebb e o estrategista Krosteen, para ludibriar o Serviço Secreto Britânico, convencendo-os que uma agente russa,a linda Tatiana Romanova, deseja deserdar da embaixada russa na Turquia e se asilar na Inglaterra,concedendo em troca, uma máquina decodificadora Lector, que seria de interesse dos aliados ocidentais. Mas a troca só será feita se o próprio 007 estiver à frente da missão. Uma vez que a missão tivesse sucesso, Bond seria eliminado e a Spectre devolveria a máquina aos russos, em troca de um resgate.A Spectre então, coloca na cola de Bond, um frio assassino chamado Red Grant.

É bom frisar que ,além do Blofeld,a franquia ganhou também alguns dos mais antológicos vilões até hoje na sua história: como já mencionado, a agente da Spectre, coronel Rose Kleb, e o sádico Red Grant, vivido de forma soberba por Robert Shaw. Um dos maiores oponentes a se bater com o Bond, toda a sequência em que ele e o espião interagem são memoráveis, e mostra dois atores totalmente absorvidos pelos seus personagens.Vale também uma referência ao Connery. Muito mais à vontade e seguro com o seu James Bond,ele mostra porque até hoje é considerado o intérprete definitivo. Bond é frio, sagaz e letal, sabe seduzir ao mesmo tempo em que é um belo machista. Embora um tanto distante da personalidade do 007 dos livros, o Sean marcou sua passagem pela série e é celebrado até hoje. Também vale destacar a atriz Daniela Bianchi, vivendo a linda Tatiana Romanova. A ingênua personagem claramente se apaixona por Bond, e em momento algum desconfia que é uma peça num jogo sórdido da Spectre. A atriz tem uma boa química com o Sean,e é uma Bondgirl memorável.

Vilão Red Grant
Mas os méritos dessa produção estão muito além do roteiro excepcional e o ótimo elenco. Se O Satânico Dr No foi extremamente carente de uma grande sequência de ação, o sucessor compensa esse fato também. São muitas as cenas dignas de referência: o ataque no acampamento cigano,a explosão na embaixada na Turquia,as sequências de perseguições ao 007 com helicóptero e lanchas no ato final. Essas cenas, aliás, não existem no livro,foram criadas só para dar mais movimentação ao filme.Entretanto,um dos grandes momentos realmente ocorre na extensa sequência do Expresso Oriente,um trem que James Bond toma para fugir de Istambul.Nesse trem,ocorre o embate decisivo entre ele e Red Grant,numa das mais secas e impressionantes cenas de luta do cinema sessentista,e uma das mais lembradas de toda a série.

​As locações também não se limitam a um único local,como anteriormente.Mostrando também a evolução que a série sofreria nesse sentido já a partir desse segundo filme,as filmagens passam por Istambul,Veneza,além do Reino Unido,nos Estúdios Pinewood.


Existem também alguns detalhes e fatos curiosos e trágicos ligados a Moscou Contra 007.

-Segundo contam,foi o último filme visto pelo John Kennnedy,antes de ser assassinado.Teve o privilégio de conferir a adaptação de um de seus romances favoritos.

-A tragédia se abateu sobre um integrante do elenco,o ator Pedro Armendáriz,que interpreta nessa obra,Kerim Bey,o Chefe da Inteligência Britânica na Estação de Istambul. No meio das filmagens,descobriu-se que ele estava com um câncer em fase terminal.Acometido de crises provocadas pela doença,tornou-se cada vez mais complicado filmar com essas condições.Ao tomar conhecimento,os produtores deram prioridade às suas cenas,para que fossem concluídas.Ao terminar sua participação,o ator internou-se para tratamento,mas acabou cometendo suicídio no hospital.Vendo o filme,é admirável seu profissionalismo,pois em momento algum,seu personagem reflete seu drama pessoal,Kerim Bey é até hoje,um dos mais simpáticos aliados do 007.

-Lidar com helicópteros nesse filme foi complicado.A cena em que Bond é perseguido pelo aparelho,por pouco o próprio Sean Connery não se acidenta.E o diretor Terence Young,ao fiscalizar algumas locações,o helicóptero que ele utilizava sofreu uma pane e caiu dentro dágua. Por pouco ele não morreu.

-O filme marcou o aparecimento de um personagem coadjuvante que marcaria a série 007.Nesse filme,pela primeira vez entra em cena,o Major Boothroyd: Chefe da Seção "Q",o projetista que constrói todas as armas,veículos e equipamentos utilizados por Bond.É bom frisar que nesse filme,o herói utiliza sua primeira "Gadget":uma pasta de couro,com uma faca embutida,moedas de ouro e uma bomba de gás lacrimogênio.Não por menos,esse equipamento foi o primeiro de muitos a salvar a pele do espião nos anos vindouros.Quem o interpretou foi o ator Desmond Lewelyn,que é até hoje,detentor absoluto de um recorde nessa franquia:foi o coadjuvante que teve o maior número de participações.Ele viveu o personagem de 1963 a 1999,e nesse período só não esteve presente em duas produções.Foi também o único a contracenar com os 5 protagonistas do espião:Sean Connery,George Lazemby,Roger Moore,Thimoty Dalton e Pierce Brosnan.O ator faleceu em 1999,vítima de um atropelamento,pouco tempo após sua última participação,em 007-O Mundo Não é o Bastante.

-O filme também trouxe à cena.o ator Walter Gotell,vivendo o personagem Mozerny,outro agente da Spectre.Uma década depois,ele voltaria à série,dessa vez vivendo o General Gogol,em pelo menos  6 filmes.

Moscou Contra 007, como dito, superou em praticamente tudo, seu antecessor. Muitos consideram que a série pulou de patamar de forma instantânea, de uma produção assim considerada ingênua por conta de alguns elementos, para uma produção glamourosa, que não ficou limitada pelos méritos aqui alcançados, pelo contrário, cada vez mais foi se superando, como o próximo título,007 Contra Goldfinger, mostraria. Considerado provavelmente o segundo melhor filme da era Connery, atrás do já mencionado Goldfinger, e um dos melhores de toda a franquia James Bond, o filme mais uma vez conquistou os críticos e foi um enorme sucesso comercial, com arrecadação de 78 milhões de dólares.O filme foi laureado com o prêmio BAFTA para Melhor cinematografia britânica (filme a cor), recebendo o prêmio semelhante da British Society of Cinematographers.

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