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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Roger Moore - Vida e Morte - Eternamente 007

Roger Moore
Um Inesquecível James Bond

Dia 23 de maio de 2017 foi a data que a TV, o cinema, a Unicef e em particular, os fãs do maior agente secreto do cinema, perderam uma das maiores personalidades já conhecida. Aos 89 anos, o ator britânico Roger Moore, nos deixou, juntamente com um legado tanto nas artes quanto em causas humanitárias. Consagrado e imortalizado como o cara que por mais vezes interpretou o mais famoso espião dos cinemas, o 007, a partida do carismático e adorável Roger foi e será sentida ainda por muito tempo. Não poderíamos deixar de prestar nossas homenagens, e a partir de agora iremos fazer um resumo do que foi o ator e a sua obra.

Roger George Moore nasceu em Londres, Inglaterra, em 14 de outubro de 1927. Filho de um policial e uma dona de casa, a infância foi modesta. No início da fase adulta,serviu o exército Inglês na Segunda Guerra. Considerado um sujeito boa pinta, teve também uma carreira de modelo, trabalhando como garoto-propaganda para malhas de lã e pasta de dentes.

A carreira na TV

A carreira artística teve início no final dos anos 40, como figurante em séries de TV. Algum tempo depois,ingressou na Academia Real de Artes Dramáticas. Mas aos poucos foi tendo destaque e atuando como coadjuvante em séries de sucesso. Nos anos 50 ele atuou em Ivanhoé e The Alaskans, ambos de 1959. Mas o primeiro personagem que realmente chamou a atenção de todos, foi Beau, na série Maverick, entre 1957 a 1962.

Porém,nessa fase, Moore teve a chance de se tornar protagonista, em 1962, mesmo ano em que o primeiro filme do James Bond ganhou as telonas. O sucesso do 007 Contra o Satânico Dr No,(confira a resenha no Inesquecíveis do Cinema) foi tão grande,que abriu uma corrida por filmes e personagens ligados à espionagem. Na carona do 007, a TV Britânica criou um seriado com o mesmo tema, intitulado como "The Saint", (O Santo). Na verdade,o personagem foi adaptado de uma série de livros de mistérios policiais, escritos por  Leslie Charteris, publicados entre 1928 e 1963.Ele se chamava  Simon Templar, e apesar de agir do lado da lei como um detetive amador ou eventualmente policial, possui habilidades próprias de um grande ladrão e provavelmente fora um criminoso no passado. O seriado foi um enorme sucesso, inclusive a nível internacional, e projetou o Roger para o mundo. No Brasil, foi exibido pela TV Record na década de 1960. A série durou de 1962 a 1969.

Com o fim do seriado, Moore embarcou em outra aventura nas telinhas. Dessa vez com o seriado The Persuaders, uma série de televisão norte-americana produzida em 1971 pela produtora britânica ITC Entertainment, estrelada por Tony Curtis e Roger Moore, misturando crimes, suspense e humor, e levada ao ar pela rede de televisão ABC. A série foi considerada a mais ambiciosa série de ação e aventura internacional produzida até então pela ITC. Na série, os atores personificam dois playboys internacionais e detetives amadores, e muito do humor do seriado é baseado nas diferenças de costumes entre norte-americanos e britânicos, personificados no magnata novaiorquino do petróleo Danny Wilde (Curtis) e no refinado lorde inglês Brett Sinclair (Moore).O seriado durou de 1971 a 1972.No Brasil ela foi transmitida pela Tv Globo, entre 1972 e 1973.

Paralelo à TV, Moore tinha uma carreira no cinema também,mas nada tão grandioso. Ele tinha algumas participações não-creditadas em filmecos inexpressivos. Sua primeira aparição nas telonas (creditada) foi em 1954, uma participação em A Última Vez que Vi Paris. Mas a carreira seguia concentrada na TV.

A fase 007.

Roger Moore iniciou sua história na série 007 em 1973. Ainda nos anos 60, ele já era sondado para viver o personagem,mas seu compromisso com a TV impedia. Nos anos 70, James Bond era disparado uma franquia milionária do cinema. Para maiores detalhes, confira toda a trajetória do 007 aqui mesmo,na coluna Grandes Personagens, basta procurar no marcador ou do lado esquerdo da página do blog. Por aqueles tempos, o primeiro intérprete do Bond, o Sean Connery, após uma década vivendo o personagem, resolveu largar a série de vez, devido ao seu desgaste com os produtores e por estar cansado do 007 e querer se dedicar a filmes de outros gêneros. O ator já havia abandonado o Bond muito antes e fora substituído por George Lazemby, que estrelou um único título e não deu prosseguimento.Temendo que os próximos filmes fracassassem,os chefões da United Artists pressionaram os produtores da série a trazer o Sean de volta. Após concluir sua participação em 007 - Os Diamantes São Eternos (1971), Connery deixou de vez a franquia.

Os produtores Albert R. Brocolli e Harry Saltzman já conheciam o Moore,e inclusive eram amigos dele.Portanto,a amizade valeu o convite para substituir o Sean.Moore tinha a seu favor,o fato que já era um rosto conhecido, ao contrário de Connery e Lazemby,que não tinham currículo quanto deram vida ao 007.Os seriados que ele trabalhou anos antes,exibidos em vários países,tornaram a aceitação dos fãs do Bond,mais acessível.

Roger tinha a responsabilidade de fazer a série prosseguir sem o Sean Connery, algo que muitos acreditavam ser impossível, principalmente após a rápida e mal sucedida passagem do George Lazemby. Seu primeiro filme, foi Com 007 Viva e Deixe Morrer, de 1973. O ator daria vida a um Bond muito mais à vontade que o do Sean.O seu 007 era menos machista e violento, bem humorado e cínico, adorava provocar os vilões, e muito mais cafajeste e fanfarrão. O filme foi um enorme sucesso e Moore cumpriu com louvor o desafio dos produtores: deu ao mundo um novo James Bond.

A fase do Moore com o 007 coincidiu com uma certa fragilidade da Guerra Fria, que se encerraria nos anos 80, mas que até a passagem do Connery, era utilizada como pano de fundo para temperar as aventuras do espião. Além disso, a organização Spectre, que foi a principal opositora do 007 na fase Connery, havia sido descartada, por conta das brigas judiciais envolvendo seu co-criador. Com isso, tiveram que criar novas ameaças para o Bond enfrentar, e por isso, a passagem do Roger ficaria marcada por vilões exóticos e megalomaníacos e tramas ultra mirabolantes e fantasiosas demais, para os padrões da série. Nessa fase, o 007 enfrentou traficantes de heroína, super assassinos profissionais, (007 Contra o Homem Com a Pistola de Ouro, 1974, a resenha está disponível na coluna esquecíveis do Cinema),capangas com dentes de aço, (007-O Espião que me Amava, 1977, que o próprio Moore considerava seu melhor como James Bond), um bilionário nazifascista que queria exterminar toda a raça humana, (007 Contra o Foguete da Morte,1979).

Outra marca registrada do Moore era o seu bom humor, e os roteiristas da franquia souberam explorar muito bem essa faceta. Justamente por isso,a sua passagem ficou carregada por alívios cômicos e muitas piadas até mesmo de humor negro. Esse fator não é,mesmo nos dias atuais, bem visto por uma maioria dos fãs do 007,que consideram o Roger, um comediante que impregnou de forma negativa a personalidade da série. Outro ponto digno de questionamento, era a sua performance nas cenas de luta. A coreografia era bisonha, comparada à do Connery.

Em sua passagem, Moore foi também, o único 007 a visitar nosso país, justamente no filme 007 Contra o Foguete da Morte. Na sequência, o espião passeou de táxi por Copacabana, se fez presente em pleno carnaval carioca, no meio de um desfile de escolas de samba, protagonizou uma das cenas mais inesquecíveis de toda a série, no Pão de Açúcar,passou pelos pampas gaúchos e concluiu sua visita ao país, protagonizando uma cena de perseguição com lanchas, em pleno Amazonas.

O filme sofreu muitas críticas, apesar do enorme sucesso de bilheteria e o filme seguinte, 007 - Somente Para Seus Olhos, 1981, a trama faz um retorno às origens do personagem, com uma história mais pé no chão e sem os exageros de seus últimos filmes. Deveria ter sido também seu último como 007,pois o contrato se encerrava com aquele título. Porém,devido à concorrência com um filme não-oficial do espião, que seria estrelado por Sean Connery, Moore renovou o contrato e estrelou mais dois filmes. O primeiro foi 007 Contra Octopussy, de 1983.

A despedida seria aos 57 anos, com provavelmente o pior (ou um dos piores) filme de sua passagem pela série: 007 Na Mira dos Assassinos, de 1985,(cuja resenha está disponível na coluna Esquecíveis do Cinema). Após uma década e meia na pele do Bond,o Roger finalmente se aposentava do espião. Foi não só o ator mais velho a lhe dar vida,como o detentor do recorde de maior participação em filmes oficiais, até hoje não igualado. Embora Sean Connery seja tido por muitos  como o melhor de todos os intérpretes, não restam dúvidas que provavelmente o mais simpático, carismático e o mais popular de todos os 007, tenha sido o Roger.

Em relação aos colegas,quando questionado quem ele considerava o melhor Bond, o Moore sempre destacou o próprio Sean Connery. Isso até ele ver a performance do colega, o também britânico Daniel Craig,em 007 - Cassino Royale, de 2006. Roger ficou tão impressionado, que não poupou elogios ao Craig e até comprou o DVD do filme. Em suas últimas entrevistas, quando perguntado novamente quem era o melhor, ele não titubeava em apontar o Daniel.

A carreira pós-James Bond

Embora consagrado mundialmente por conta do 007, ao contrário do próprio Sean Connery, que firmou a carreira e fez sucesso com muitos filmes,o Roger deu uma estagnada e fez poucos trabalhos dignos de referência, limitando-se a coadjuvar entre uma ou outra produção para o cinema e TV, além de participações em alguns documentários. Seus trabalhos mais conhecidos nessa fase, talvez sejam: Desafio Mortal, de 1996, onde ele atuou dividindo a cena com o conhecido Jean Claude Van Damme, cuja carreira também foi destacada nessa coluna,só é conferir nas postagens anteriores. A resenha do filme também está disponível na coluna Esquecíveis do Cinema. Outro filme que se tornou popular, é a comédia Cruzeiro das Loucas, de 2002, com Cuba Gooding Jr.

Moore na Unicef

Talvez um dos motivos pelos quais a carreira de Roger tenha estagnado, se deva às suas atividades como Embaixador da Boa Vontade da Unicef. Na década de 80, durante as filmagens de 007 Contra Octopussy, cujas locações ocorreram na Índia, o ator ficou extremamente impressionado com as condições de pobreza da população e das crianças principalmente. Muito tempo depois, por intermédio da amiga Audrey Hepburn  que o apresentou à Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, ele conheceu os programas do grupo. O ator queria saber muito mais a respeito da entidade,e em 1991 ele foi nomeado Embaixador. Nesse mesmo ano, o ator esteve pela segunda vez no Brasil,e se encontrou com outro nome conhecido dos brasileiros e também Embaixador da Unicef: o comediante Renato Aragão

A primeira missão de Moore para o UNICEF ocorreu na América Central, onde visitou projetos para crianças em Costa Rica, El Salvador, Honduras e Guatemala. Ao longo dos anos, seu trabalho também o levou a Brasil, Gana, Jamaica, Indonésia, Coreia do Sul, Japão, Holanda, Cazaquistão, Eslovênia, Macedônia, Filipinas e México. Ele chamou atenção para as condições desesperadoras enfrentadas pelas crianças mais vulneráveis do mundo, e era uma importante voz para questões de defesa dos direitos das crianças, HIV/AIDS, ferimentos por minas terrestre, trabalho infantil e deficiência de iodo.

Suas ações foram reconhecidas pelo governo britânico,e em 1999,ele foi condecorado pela rainha Elizabeth como Sir Roger Moore. Em novembro de 2012, Moore foi agraciado com o primeiro prêmio Lifetime Achievement Award, do UNICEF britânico, que mais tarde recebeu o nome do ator em homenagem à sua dedicação à agência da ONU, tanto no papel de financiador como no papel de defensor dos direitos das crianças. Ao receber o prêmio, o ator britânico disse: “talvez eu seja mais conhecido como James Bond, mas meu papel como embaixador do UNICEF é o que tenho mais paixão”. “Não há dúvida de que são as crianças e os funcionários dedicados em campo que merecem medalhas, mas estou absolutamente honrado e gostaria de agradecer o UNICEF por esse prêmio”. Roger Moore foi devotado a servir a causa dos direitos das crianças por mais de 25 anos e permaneceu dedicado ao UNICEF até o fim de sua vida, de acordo com a agência da ONU.

A Morte

Moore nos deixou nos dia 23 de maio, após perder a luta contra um câncer de próstata. Famosos em todo o mundo lamentaram a perda do grande astro e humanitário, assim como os representantes da própria Unicef. Todos os cinco intérpretes do 007, trataram de homenagear o ídolo e postaram palavras de elogio e condolências à família. Ele partiu, mas deixou seu legado e toda uma trajetória social pelo qual já é imortalizado.

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