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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

BDSM e Casamento

Uma coisa bem comum no meio são relacionamentos com pessoas casadas, não é minha intenção entrar no mérito se é ser ou errado, moral ou não, mas como me relaciono com uma acho que posso contribuir um pouco.

O que eu vejo como reclamação frequente é a pouca disponibilidade que pessoas casadas tem pro BDSM, esse é inclusive, um argumento do grupo "dos solteiros" e ao contrário do que muitos tentam negar, não é um argumento falacioso.

Pessoas casadas salvo excessos terão sim menos tempo para praticar, visto que sua prioridade dificilmente será o BDSM. Família, filhos, cônjuges, tendem a ser prioridades e quando surgir um problema é mais obvio que o BDSM seja o primeiro a ser deixado em segundo plano, porém isso não é necessariamente ruim, se quem entra em um relacionamento com uma pessoa casada tiver clareza sobre sua condição, não irá esperar ser a prioridade na vida do outro e poderá contornar as dificuldades.

É preciso levar em conta também que existem questões de consensualidade e seguranças envolvidas, é válido ponderar com mais cautela sobre os riscos das práticas, porque se algo der errado, uma pessoa com filhos pequenos, marido, esposa, trabalho, terá menos tempo livre para ajudar com pós-tratamento ou cuidados. O que não quer dizer que pessoas casadas não assumam a responsabilidade ou que pessoas solteiras sejam mais responsáveis.

Outro ponto a se pensar é sobre práticas e fetiches. Há um tempo atrás tivemos de suspender nossas práticas por conta de uma gravidez e isso precisa ser levado em conta quando se trata de expectativas. As pessoas se frustram na maioria das vezes porque tem várias expectativas que esperam que sejam preenchidas e não tratam isso na relação. Espera-se que o outro "adivinhe" ou supra tudo de forma imediata. Infelizmente não é dessa forma que funcionam as coisas, alguns fetiches e práticas levarão meses e até anos pra serem realizados, e é preciso também ser compreensivo quanto as demoras da outra pessoa. Muitas práticas exigem um árduo planejamento e por vezes o contexto em que a pessoa se encontra não permite esse planejamento. 

Ciumes. É algo que também precisa ser considerado ao praticar com uma pessoa que já tem um relacionamento. É preciso ter em mente que o TOP ou bottom, já tem espaço reservado na sua vida para aquela pessoa e que você não vai roubar o espaço de ninguém e nem disputar atenção ou afeto. Parece obvio, mas na pratica nem sempre é tão fácil. Não tem qualquer sentido entrar numa relação SM com esperanças ou intenções de se tornar a relação baunilha, salvo se for interesso do outro também, querer ser a o "centro" da vida do TOP ou bottom também levará a sofrimento desnecessário. Me parece que as vezes é mais fácil quando a relação baunilha é algo a parte, porque assim o BDSM se torna um espaço de "fuga" do dia-a-dia e da rotina e não é necessário lidar com ninguém mais além do parceiro. Além do fato de haver uma maior carga de responsabilidade quando você é introduzido na vida familiar de outra pessoa. Na nossa relação especificamente, onde a relação baunilha sabe e concorda com as práticas SM é dessa forma, mas não se tornou um empecilho, ao contrário, é bastante gratificante poder falar abertamente e trocar ideias, descontrair e conhecer melhor a pessoa com quem você se relaciona através das pessoas com quem ela se relaciona.

É exigente também. O BDSM parte de premissas que envolvem muita imaginação e uma certa idealização. Especialmente do TOP. Quando você convive com alguém em outros ambientes que não seja de "sessão" pode acabar se decepcionando por ver que a posição dominante nem sempre está visível. Nesse ponto é preciso ser realista e não deixar o excesso de expectativas atrapalharem. Temos que ter em mente que TOP ou bottom existem na nossa relação, não nos demais relacionamentos e que a Dominação ou submissão não estará visivelmente presente em contextos diários.

O que temos feito...

O que sempre funcionou pra nós foi respeitar o fato que o BDSM não é prioridade. Dessa forma não houveram joguinhos ou queixas para que ele tomasse o primeiro lugar. O que não quer dizer que não seja difícil, porém, se pode praticar e ter uma relação muito satisfatória com pessoas casadas se houver essa compreensão e uma boa dose de paciência. Respeito e sinceridade também é fundamental. Respeito pela outra pessoa que está indiretamente envolvida, compreensão com demandas que uma familia tem e aqui quem é solteiro precisa fazer um esforço maior, porque por não termos experiência, podemos ser injustos nas cobranças. Paciência com as dificuldades que surjam e com eventuais pausas que precisem ser dadas também é extremamente necessário.

Ao TOP

Cabe clareza sobre o alcance da sua Dominação e as demandas que ele tem. Até onde poderá auxiliar o bottom e qual será o espaço dele na sua vida baunilha.
Ao bottom
Cabe o esforço de não se perder entre expectativas irreais e sinceridade sobre o que espera do TOP e até onde ele poderá interferir na vida baunilha.

***
Se houver esforço de ambos, será uma boa relação, como qualquer outra. É muito mais a maturidade e o esforço dos envolvidos que define o sucesso da relação, do que o estado civil.

Autoria: Sisceris




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