Diário branco
Definem-me pelo tudo
que tenho, sendo o eu o nada que possuo
Nem os meus
pensamentos gritados ao vento são posse minha,
Perdem-se na chuva
de gritos perdidos nos ouvidos do mundo,
Espero apenas que a
lua se deite, para que amanheça em mim,
E por fim, descanso,
do cansaço que o pensamento me causa,
Noite branca,
dormente na inquietude pensante total e vazia,
Fustigam-me ideias
suicidas de novos versos e reversos poéticos,
Poema inacabado,
borboletas que esvoaçam perdidas no mar,
Doce imagem do teu
corpo nu, vestido com a alma apavorada
Triste solidão que
te conforta, no vazio silêncio que a noite dita!
- ai de ti poeta das
rimas feitas e fazes vazias,
Onde te deitas?
Tabuas negras e frias!
Tenho mais certezas
que duvidas, pois duvido de todas a certezas,
As dúvidas que me
assaltam, espreme-me, esvaziam-me
Deixam-me nu, nunca
me acostumo a despir-me das palavras,
Nem à ideia de que
as gaivotas fogem do mar,
Ou que sejam as
andorinhas a comandar a primavera,
A casa essa está
fechada, nada aberto, nem porta nem janela,
-mesmo
assim duvido, que mesmo fechada vivas nela.
Nunca esperei um
fim, um principio,
Tudo segue um rumo,
um destino,
Um sussurro, um
abafado grito,
Desdigo-me, minto,
finjo
Nem de ti, nem de
mim, nada dela,
Que me contas, do
tempo do nada?
Porque te finges ser
um tudo,
Se no tudo que do
alfabeto se pesca
És meramente ator,
um mero poeta!
Alberto Cuddel®
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