Olho-me no espelho
não reconheço a imagem disforme
do homem errático que se reflete
perdido nos sonhos rosa do mundo
encontro-me,
nas folhas que apodrecem
na berma suja da estrada
suspenso nos fungos que me consomem
eu, imagem perdida e abdicada de mim
por um tudo, que nada é de concreto
abjeto sentir que me condena
à doce loucura do suicídio
aí de mim, que tenho o poder
para me conceder ou abandonar a vida!
Sírio de Andrade®
In: Antologia Depressiva
Postar um comentário