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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Sírio de Andrade - Não Sou por não existir



 


 

Crendices poéticas, bebendo palavras,
Rimas quebradas, plágios, ditas por ti,
Vês, pelos meus olhos, os que os teus
Apenas imaginaram, adjetivos,
Imagens transcritas, sentimentos
Fingir ver, escutar teu mundo
Agarrar, aprisionar em mim
O som das marés, o abafado
Caminhar de teus pés,
Não, não sou diferente
Finjo poeticamente, ouvir-te
No bater de asas de um morcego
Ver-te no brilho quase apagado
De uma estrela no firmamento…
Não sou poeta, não sou ninguém,
Escondo-me, por detrás das palavras,
Nas entrelinhas, nas vogais,
Por detrás de um odio, figadal
Á luz, que me abrasa, que me queima
Que me entorpece os dedos,
Que me faz ser,
Quem não quero revelar,
Por apenas querer,
Continuar a ser,
Palavra,
Nada mais!
 
 
 
 

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