Resenha Cinéfila - Filmes Esquecíveis do Cinema - Robin Hood -2010

Ano de lançamento:2010
Direção:Ridley Scott
Destaques do elenco: Russel Crowe, Cate Blanchett, Mark Strong, Oscar Isaac,Willian Hurt,Max Von Sydow

Em 1199, Robin Longstride (Russel Crowe), um arqueiro que participou das Cruzadas a serviço do Rei Richard, Coração de Leão(Danny Huston), é condenado por repreender as decisões do rei quanto à guerra e foge ao lado de João Pequeno, Will Scarlett e Allan A'Dayle de volta para a Inglaterra. No caminho, eles confrontam Sir Godfrey (Mark Strong), um soldado inglês leal à França, que recebeu do rei Phillip II  a missão de matar Richard, sem saber que ele já está morto.

Após escaparem de Sir Godfrey, Robin e seus homens decidem roubar as armaduras de nobres ingleses mortos pelo soldado. Um deles, Robert Loxley, pede a Robin que entregue sua espada para seu pai, Sir Walter (Max von Sydow). Robin concorda e, usando a identidade de Loxley, chega ao vilarejo de Nottingham, onde descobre que, com a morte de Richard, seu irmão mais novo, o Príncipe John (Oscar Isaac), tornou-se Rei e ordenou que Sir Godfrey e o Xerife de Nottingham coletem impostos injustos ao povo. O que ele não sabe é que Godfrey pretende manipular a indignação dos cidadãos de Nottingham e iniciar uma Guerra Civil na Inglaterra com o objetivo de permitir que o exército Francês invada e domine o país.

Em Nottingham, Robin conhece Sir Walter e a viúva de Robert Loxley, Lady Marian (Cate Blanchett). Os dois eventualmente se apaixonam. Robin continua se passando por Loxley a pedido de Sir Walter para impedir que as terras da família sejam tomadas pelo Rei. Robin e seus homens também começam a roubar de volta os impostos coletados por Sir Godfrey, roubando dos ricos para dar aos pobres.

Quase duas décadas depois da última produção com o personagem Robin Hood ter estourado nos cinemas,o mesmo voltou à cena numa super-produção que prometia bastante.Um diretor conceituado à frente da obra,um elenco estelar,liderado pelo sempre polêmico Russel Crowe e a oscarizada Cate Blanchett num orçamento de 155 milhões. Sem dúvidas prometia bastante, principalmente para quem tinha saudades do herói de pontaria infalível.

Produções com o personagem existem aos montes em Hollywood,e todas sempre seguindo a mesma linha:o nobre que se revolta contra os desmandos do tirânico Príncipe John,que,na ausência do irmão,tenta usurpar o trono da Inglaterra,e seu cruel xerife passa a extorquir e cobrar impostos exorbitantes da população.Robin se torna um fora-da-lei,se une a um bando de ladrões,se refugia na floresta e passa a combater a tirania,roubando dos ricos e dando aos pobres.

Pois bem,Ridley Scott e seus roteiristas decidiram optar por uma nova versão,apresentando um personagem totalmente diferente e despido dos elementos clássicos.A ideia seria uma espécie de "Robin Begins",mostrando uma nova visão da lenda britânica.A ideia poderia até funcionar e dar um novo ânimo ao personagem,o caso porém é que a história acaba se perdendo em seu desfecho.O roteiro erra ao abrir várias linhas narrativas simultâneas e não apresentar uma dramaturgia consistente o suficiente para sustentar nenhuma delas. A forma aleatória como os fatos se desenrolam chega a ser primária, como o retorno do herói ao lugar de sua infância, ou a repentina resolução de seus flashbacks.

Já a direção se perde numa profusão de personagens e situações nem sempre apresentadas ou desenvolvidas de maneira clara. O resultado é um defeito letal para qualquer tipo de filme, principalmente os que se pretendem heroicos: a falta de empatia com o heroi.

Outra bola fora do filme é a cenografia,que mais parece uma mistura de Gladiador e Cruzada,ambos dirigidos por Ridley.Não à toa,o responsável pela mesma é o figura que criara as de ambos os filmes.O caldo é engrossado pela péssima trilha sonora,nem em sonhos comparável a criada pelo Michael Kamen,duas décadas atrás.

Pra completar,o Crowe não convence na pele do herói,sua apatia e péssima forma física chegam a ser incomôdas.Do elenco,os poucos que se destacam são a Cate Blanchett e o Von Sydow,os demais personagens beiram o esquecimento.Junte a isso,as cenas de batalha monocórdias e o fato que o Robin deve ter o poder de teletransporte,pois sempre se apresenta em várias frentes da batalha que se desenrolam ao mesmo tempo.

No fim,a obra não agradou a crítica nem aos fãs e arrecadou uma bilheteria de pouco mais de 321 milhões,70 a menos que a última produção com o personagem,que teve um orçamento modesto,um diretor meia-boca e um elenco menos interessante de se ver,mas que conseguia ser divertido e atraente.