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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Novas Dicas para Iniciantes

Alguns se queixam da falta de bons professores, outros do material de referência disponível. Mas arrumar vilões é fácil, e a maioria esquece o bom senso e a responsabilidade que todo mundo tem de aprender e de se cuidar.
 
De uma forma ou de outra, seja lá qual for o motivo, vejo muitas pessoas se machucando no momento da entrada no Universo BDSM e algumas acabando por se afastar em virtude do trauma recebido.
 
Logo que comecei a responder às perguntas que vieram junto com este comentário (quase um relato), percebi que não o conseguiria de forma resumida. Como também era um assunto de interesse dos muitos que estão chegando, resolvi dar esta resposta em formato de post.
 
Para facilitar o entendimento vou trazer uma experiência nova para o Blog. Coloquei partes do comentário ao post “Procurando Dono” em negrito e abaixo de cada tópico selecionado estão minhas considerações:
 
“As informações na minha cabeça andam muito misturadas. Difícil de entender! Faz pouco tempo que eu me interessei em praticar BDSM. Quanto mais leio, mais difícil é.”
 
Querida, a resposta ao seu comentário daria (como deu) um post, devido a importância que o tema tem no contexto geral do Universo BDSM. Fico impressionado com o volume de iniciantes dando de cara com essa dura realidade. Sempre digo que o problema não são os formatos das relações e sim, a escolha dos parceiros.
 
“Procurei um dominador que quisesse me "adestrar" nas práticas que ele tivesse vontade. Afinal, pra aprender e entender o que eu gosto ou não, devo praticar. Não deu tão certo! Ele não tinha tanta experiência e não chegamos a lugar nenhum.”
 
Você não erra quando procura por um bom parceiro para lhe conduzir nesse caminho. Outro grande erro é tentar fabricar as parcerias Dominantes. Ao contrário dos submissos, Dominadores não são treinados, são resultado de uma longa estrada de erros e acertos.
 
“Li tanto sobre dominadores que reclamam de pessoas que não são verdadeiras submissas. Li até sobre dominadores que não têm interesse em moldar submissos inexperientes.”
 
Em parte poderia creditar tais questões ao âmbito pessoal. Mas na prática, o que sempre vi foi muito diferente. Vejo pseudo-dominantes que rotulam a quem não tem competência para dobrar nem para ensinar. Claro que é muito mais fácil pegar algo que já venha mastigado e digerido.
 
“Acho que o submisso ou dominador nasce assim. Só que a sociedade, a família, o trabalho moldam o comportamento da pessoa. Para o BDSM a pessoa precisa se moldar novamente.”
 
Está certa na questão da natureza... nascemos Dominantes, switchers ou submissos. O que aprendemos desde que nascemos são os valores que levaremos pela vida. Valores que formam o berço, o caráter e a qualidade da pessoa.
 
Para ser um bom submisso, assim como no caso de um bom aluno, basta um bom berço. No caso de um Dominador é algo bem diferente, pois não se formam Dominadores instantaneamente... nem professores.
 
Quando se migra para a camada dos Fetiches e dela para o universo BDSM, existe mesmo a necessidade de se absorver novos valores, mas é um erro abandonar todos o que trazemos do mundo baunilha. Os que tangem, por exemplo, à segurança física e mental são muito bem-vindos.
 
“Mas o medo de entrar no meio e ser rotulado, de encontrar um doido sádico ou um tarado fetichista é grande!”
 
Uma coisa que sempre repito é o fato de que no mundo baunilha as pessoas flertam, ficam, namoram, noivam, casam... e nem assim, uma boa escolha de parceiro é garantida, porque existem energúmenos que acham que coleiras são coisas que devem ser colocadas de forma irresponsável, acreditando que uma pessoa pode pertencer à outra sem nunca tê-la encontrado pessoalmente.
 
Ligue o “exploda-se” para os rótulos... e cheque de todas as formas possíveis quem é a pessoa com quem pretende interagir.
 
“Sinceramente, isso é muito difícil! Acho que não vou passar de expectadora! (Desabafei. Né?)”
 
Feliz pelo privilégio de te dar essa segurança... de desabafar. Mas vou te dar uma má notícia (ou boa dependendo do ponto de vista). Depois que andamos de montanha russa... voltar para o carrossel é complicado.
 
“Agora uma dúvida. Li alguma coisa sobre a figura do mentor. Além de tentar se informar pelos diversos meios, existe algum tipo de treinamento básico?”
 
Mentor, mestre, catedrático e professor são sinônimos nos principais dicionários do nosso idioma. No BDSM, mestre e mentor têm leituras diferentes por alguns grupos mais antigos. Mestre é o indivíduo com quem você irá interagir fisicamente sem uma relação de posse e Mentor é quem vai te ensinar apenas. Qualquer pessoa pode ser mentora de outra. Aprendi com muitas ao longo da minha trajetória no Universo BDSM... e entre elas, haviam submissos e submissas.
 
“Ou o método de tentativa e erro é o mais aconselhável? Parece idiota perguntar assim. Mas o que pode ser nada pra uma pessoa, pode muito ofensivo pra outras.”
 
Sobre o que se tem a aprender, posso tecer algumas considerações. Uma das primeiras coisas que percebi ao passear pelo Universo é que o conhecimento se divide em duas grandes categorias.
 
O básico, que vale para todos e que de certa forma é utilizado (ou pelo menos deveria ser) pela maioria. Fazem parte deste grupo as questões referentes à higiene, segurança física, SSC, entre outras coisinhas básicas. A outra, mais avançada, está relacionada com as particularidades de cada estilo.
 
Recomendo que comece pelo básico e busque todos os mentores que puder conseguir. Informação nunca é demais. Não compre os pacotes completos de ideias. Nem o que estou escrevendo aqui são verdades absolutas... são apenas as minhas verdades.
 
O método de tentativa e erro é válido e volta e meia caímos nele. A alternativa é o método científico, onde você elabora e testa uma tese ou modelo, a partir de observações e conhecimentos adquiridos de fontes diversas.
 
Ouça o que todos têm a dizer, pense e chegue às suas próprias conclusões. Ainda não inventaram nada melhor que o bom senso para combater essa estupidez generalizada.
 
GLADIUS

Até nosso próximo encontro,
 
Rafael Boareto

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