Querido leitor.
Como vocês já devem saber, estou desafiando a mim mesma para atingir um objetivo muito especial. Escrever um livro. Sobre magia, encanto e feitiços. Sobre amor mortal e imortal. A cada quatro ou cinco dias, (ou, no caso, a cada tempo maior - kkk) postarei cada capítulo, conforme eles irão surgindo e formando a história de Brízida, uma linda, malvada e encantadora bruxa do século XVIII.
Vem comigo nessa viagem ao mundo da fantasia!
Com você,
BRÍZIDA - A SAGA DE UMA BRUXA
CAPÍTULO VI
O que vocês acham meus felinos?
Quando tornarei a ver aquela a quem eu devo a morte?
Com
uma gargalhada sincera e estrondosa, diante do caldeirão fumegante em
sua casa, no meio da floresta enfeitiçada, Brízida preencheu, com uma
poção mágica, um vidrinho pequenino com tampa, escondendo-o dentro de
sua varinha mágica.
Havia
conseguido o último ingrediente com Dilan, filho do general Leon. A
primeira gota de sua saliva, depois de ser transformado em gato.
No
caldeirão, fixou seu olhar para consultar o presente dia na cidade.
Queria saber como Denis havia se comportado ao chegar a sua casa, o que
estavam pensando sobre aquela noite em que havia se descontrolado. Para
sua surpresa, a primeira pessoa que viu foi Anton.
Parecia
ser o único que ainda estava pensativo e preocupado. Ele sabia que
tinha algo errado. E ainda pensava em Brízida. Sentia sua presença como
naquele dia, sentia seu cheiro de flores. Fechava os olhos e via seu
olhar misterioso. Suas curvas insinuosas. Queria vê-la. Precisava
conhecê-la. E Brízida não podia acreditar nas próprias intenções. Estava
disposta a encontrá-lo outra vez.
-
Ora, ora, ora... Você está aí, com seu olhar insultando os meus
sentidos. Não perde por esperar, Sr Anton! - Pensando alto, Magda Bel
desfaz a visão no caldeirão com um gesto manual e saiu, com sua energia
corporal intensa batendo a porta atrás de si.
De
volta à cidade de Saint Louis, Brízida esperou por Anton do lado de
fora da pensão de Donanda. Sabia que a qualquer momento ele terminaria
seu café e a encontraria observando-o do outro lado da rua. Sua vingança
estava apenas começando e ele teria importante papel nela. A atenção e
interesse que vira no coração do rapaz seriam de grande utilidade para
Brízida.

-
Bom dia, senhora! Que surpresa boa! Pensei que tivesse sofrido algum
tipo de trauma naquele dia em que os galhos daquela velha árvore
resolveram criar vida! Confesso que estava preocupado com a senhora. Ou
deveria dizer senhorita?... - sorrindo amavelmente, Anton conseguiu
disfarçar o nervosismo e chamar a atenção de Brízida para seu peitoral
musculoso. Ele chegou tão perto, a ponto de quase a tocar, olhando-a nos
olhos. Sentia seu perfume de flores.
-
Bom dia, cavalheiro! Senhorita, sim, por favor! - cumprimentou-o com
uma mesura, olhando-o nos olhos, sentindo sem querer, o cheiro bom e
natural do humano e o calor que exalava de seu corpo. Ela o queria. Como
poderia? Onde estaria seu juízo, afinal?
Afastou-se.
-
E por isso estou aqui, devo-lhe desculpas por me afastar sem
explicações. Eu, realmente, estava com muita pressa naquele dia, não
tinha tempo para lhe explicar nada. Sinto muito, Senhor... Como é mesmo o
seu nome?
-
Anton Silver, senhorita. A seu dispor. Por favor, não se acanhe em
pedir minha ajuda, se precisar. Gostaria de um café? Donanda acabou de
passar e eu adoraria ouvir suas desculpas e lhe fazer companhia na
pensão.
Sem
dúvidas, Anton tinha muito charme, esbanjava simpatia com seu sorriso
cativante. Magda Bel não pretendia entrar na pensão, mas acabou cedendo
diante de sua delicadeza. Ainda estava confusa e curiosa em relação a
seus próprios sentimentos. Alguns passos depois, estava sendo observada,
pela primeira vez, por dois humanos na mesma hora.
- Entre, querida. Convidado de Anton é meu convidado, também. - Donanda serviu-lhe o café já na xícara. Estivera escutando a conversa de Anton com a estranha e se apressou em oferecer-lhe o conteúdo fumegante.
- Entre, querida. Convidado de Anton é meu convidado, também. - Donanda serviu-lhe o café já na xícara. Estivera escutando a conversa de Anton com a estranha e se apressou em oferecer-lhe o conteúdo fumegante.
Brízida
olhou profundamente para a dona da pensão. Entrou em seus pensamentos.
Viu sua gentileza interior. Ouviu seus bons fluídos refletindo a sua
alma. Gostou muito do que viu. Sentiu-se maravilhosamente bem.
Voltou
seus olhos a Anton que a fitava e estremeceu. Ele a observava com um
sentimento estranho, olhava-a como se ela estivesse linda e calma, sem a
fúria que permanecia em seu interior e que afugentava todos que
estivessem a sua volta. Olhava-a como há muito não era vista. Sem medo.
Sem ímpeto de fugir. Com vontade de estar ao seu lado. Anton a queria
perto, Donanda a queria perto. E Brízida não entendia essa situação, nem
sabia como era possível.
Não
estava preparada para tanta bondade, a de Anton e a de Donanda. Nunca
se permitira aproximar-se tanto de humanos, desde que sua mãe fora morta
por eles, há mais de cem anos atrás.

Mais
tarde, Brízida descobriu o porquê ela não reagira. Sua mãe era uma
bruxa branca, não enfeitiçava por vingança, não matava por prazer, não
desperdiçava a vida de inocentes. Os humanos de Saint Louis não tinham
culpa por temer a bruxa. Estavam defendendo a cidade, protegendo seus
moradores. E Sara deixou-se abater. No lugar da verdadeira bruxa,
inescrupulosa, terrivelmente má e poderosa. Agindo assim, estaria
protegendo Brízida. Ninguém saberia de sua existência. A cidade inteira
acharia que Sara era a única bruxa que existia por ali. Sara morreu por
Brízida. Morreu tentando esconder seu maior segredo, sua própria filha,
que fora criada em Saint Louis às escondidas, sem o perigoso clã de
bruxas saber. Para protegê-la dos humanos e da verdadeira e maior ameaça
que já existira. Marien Vitch.
Quando
soube, Brízida transformou-se em dor. Teve medo por não ter forças para
se vingar. Teve raiva de si mesma por não saber quem era a verdadeira
culpada, se a bruxa branca ou a bruxa má que habitava seu coração. A má,
não tinha forças e poderes suficientes. A branca não tinha coragem de
ser má.
Então,
Brízida transformou o próprio coração num bloco de pedra e seus
sentimentos foram trancafiados dentro dele. Pela dor da perda de sua
mãe, Brízida tornou-se incapaz de amar outra pessoa, quem quer que
fosse. Por sua mãe, Brízida prometeu se vingar algum dia, quando
finalmente, procurou o clã de bruxas e se permitiu fazer tudo o que
precisava para que fosse iniciada em magia. E então, ela escolheu. Pela
sua mãe, que dominava a magia branca, que era pura luz e bondade, em
protesto ao seu fim trágico e doloroso, Brízida transformou-se na mais
poderosa bruxa de magia negra que o mundo já vira.
Por
ela, Brízida perdeu-se nas sombras, apesar de ser descendente e
possivelmente a maior futura bruxa branca que haveria de existir.
Tenha uma ótima terça-feira e fique com Deus.
Beijos meus.
Katia Gobbi (KG Kati)
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