Hoje irei compartilhar uma postagem feita em nosso grupo, espero que possam usufruir deste novo conhecimento.
Depois
de falar sobre os aspectos de algumas cenas e mostrar a poesia de
algumas sessões, demonstrando como isso não se conecta necessariamente
ao sexo, chegamos a esse artigo, que tem mais a finalidade de fechamento
da serie (Sessão x sexo) que vim publicando aos poucos, para os que
acompanharam, tivemos alguns momentos interessantes falando sobre
algumas técnicas, particularmente me diverti muito falando sobre alguns
assuntos, gosto muito das praticas e descreve-las me da tanto prazer
quanto executa-las. Mas é bem verdade o que costumo dizer...
“...se
colocarmos cem Dominadores e cem Submissas fazendo a mesma sessão,
teremos cem formas diferentes de conduzir e finalizar essa cenas...”
Como
já sabem, sou um defensor das artes, gosto muito da plástica das cenas,
pra mim uma sessão, uma cena ou um desempenho, tem um aspecto muito
mais elevado do que a simples busca pelo prazer sexual. O belo de todas
as cenas deve ser admirado como um trabalho minucioso de um artista,
particularmente gosto do resultado final de toda sessão, as marcas de um
“Spanking”, os vergões, são totalmente lindos, causam excitação, mas
também uma alegria melancólica de admirar o sacrifício da entrega,
aprecio admirar o corpo desenhado pelas cordas em um “Shibari”, o
posicionamento forçado de um Bondage, as marcas das cordas depois que o
corpo está livre,me fascina a bela escultura de um corpo coberto pela
cera de uma vela, o som lindo dos gemidos de dor em uma sessão com
“Cane”, a interação e pureza de uma performance de um “Patplay”, enfim
todo contexto de uma sessão ou cena me deixam muito feliz, mas vamos a
fatos mais complexos, tentarei ser bem simples pois pra mim BDSM, já é
muito mistificado, vamos descomplicar então...
Uma
sessão, não deveria ser associada ao sexo, pra mim quando falo em
sessão o ultimo aspecto que penso é SEXO, sei que muitas meninas e
muitos Doms, quando discutem sobre o assunto já introduzem o sexo no
contexto, coisa que eu não costumo fazer, entendam, claro que sexo é bom
e sim SESSÃO + SEXO, e´ muito bom, mas uma sessão tem muitos objetivos e
necessariamente sexo atrapalha em alcançar alguns deles. Nossa isso
esta ficando complicado vamos a fatos, assim facilita...
Bem, uma sessão pode ser para alcançar entendimento de algo, segurança por exemplo, imaginem a cena:
“Uma
submissa, amarrada por um Bondage, vendada, bem ela chegou até aqui
depois de alguma conversa, ela cedeu seu corpo a esse fim, mas o Dom em
questão explora nela seus limites de dor com o chicote, premia sua
conduta com uma ou outra masturbação, ele está vestido e não vai tirar a
roupa, está estudando sua sub, está aprendendo onde ela pode ser
elevada a níveis além de sua capacidade, ele a admira e a faz
experimentar prazer e dor intercalados, se ele está excitado?,
provavelmente e muito, pois ver sua submissa indefesa e´ um dos maiores
prazeres que ele tem, entretanto ela tem nele confiança e ele que
mostrar que não é apenas possui-la que da felicidade a ele, ele também
admira e ama o corpo dela, sua entrega pra ele é muito admirada, ele não
quer que isso vire apenas sexo...”
É
importante lembrar que planejar uma cena não é fácil, criar um roteiro e
segui-lo é muito difícil, uma das coisas que mais explico aos Doms
novatos é, “traga a sub para a cena”, não imaginam como isso é
complicado, vamos à outra cena.
Uma
sub pede para ser apresentada a dor, ela tem essa curiosidade, nesse
caso ela não pertence a esse Dom, são amigos e vão encontrar-se apenas
para a sessão, não tem uma conotação sexual esse encontro, ela busca
respostas para seus limites, ele sabe e gosta conduzir isso e eles
decidem que podem conectar seus desejos. Acompanhem...
“Ela
está nua, posicionada, como eles não têm afinidades, fica meio fria a
cena, sem aquela paixão na entrega, ele busca oferecer o que ela pediu,
ela quer receber, mas os golpes não tem a doçura que ela pensou que iria
sentir, se tornou apenas uma sessão de tortura, uma busca desconexa
para sentir a dor, mas agora tem um problema, eles não estão conectados,
por mais que ele bata, pra ela a dor não tem o sentido que ela busca,
falta algo, já vi as mais diversas reações nesses casos, inclusive
acessos de risos por parte da sub, e até estados depressivos por conta
da frustração, é preciso que se traga a pessoa para cena, trabalhar com
quem não somos íntimos tem uma contexto muito mais amplo, então
precisamos criar uma atmosfera de leveza e envolver, desconectar a
pessoa do simples fato de ter vindo pra apanhar, e eleva-la a um patamar
de calma, mostrar a ela que ela está segura e vai encontrar seus limite
para dor, passar segurança é muito importante, causar uma leve
excitação, buscar literalmente fazer a pessoas esquecer de tudo,
traze-la para aquele momento, traze-la pra dentro da cena...”
Também
é sempre essencial saber que por mais que se planeje uma sessão, esta
pode sim, dar errado, é importante sempre saber que há a possibilidade e
o DEVER de se parar com uma sessão, não se deve leva-la além do que se
foi pensado ou até mesmo quando se percebe que não está dando certo,
comece a trazer todo o contexto de volta a realidade, acompanhe a cenas a
seguir, agora teremos três casos:
Sabemos
que pessoas são um mistério, e que tudo pode acontecer, nos mais
diversos momentos, em uma sessão a coisa é muito mais seria, pois
estamos falando de uma condição atípica e que pode ter consequências
muito diferentes...
1° Cena
Uma
sub acostumada a sessões de Shibari, se entrega a uma performance, o
Dom a está envolvendo pelas cordas, ela conhece bem o ritual, já fez
isso muitas vezes e se entrega de corpo e alma a isso, mas hoje ela não
está muito bem e apesar de se esforçar a atender o seu Senhor, não está
em sua plena condição, o que pode causar reações inesperadas, no caso
dela um ataque de pânico. Depois de amarrada e o trabalho quase
concluído, ela perde o controle e teta desesperadamente se livrar das
cordas, grita e se movimenta instintivamente, nesse momento cabe ao Dom
ser rápido em dois aspectos.
Primeiro:
acalmar a submissa, “você esta segura, vou te soltar, vai ficar tudo
bem”, e´ importante conseguir a conexão perdida, um ataque de pânico faz
a pessoa te ver como um inimigo, é preciso trazer a pessoas de volta
até você, fazer ela se encontrar novamente a teu lado, é importante
lembra-la que está tudo bem que você vai protege-la sempre...
Segundo:
libertar o mais rápido possível, você perderá sua corda preferida com
certeza, mas esteja preparado para corta-la sem hesitar, a confiança de
uma sub é mais importante que qualquer coisa...
2°cena
Em
uma sessão com Cane, a submissa aprecia a sensação de dor causada por
seu Dom, eles estão em uma atmosfera de dominós e excitação e ela busca
ser uma boa menina e aguentar toda a vontade dele em causar a dor, ela
não pensa em mais nada apenas em oferecer a ele essa felicidade, no
inicio dessa cena ela interagia, ela mostrava reação a dor e aos
estímulos de prazer, mas em uma dado momento ela se desconectou, é como
se entrasse em transe, está tão absorta em sentir a sensação do chicote
que não está mais na cena, apenas sorri e desafia a que se bata com mais
vigor. Um Dom precisa estar atento a esse fenômeno, não é incomum a
entrega ser tão intensa que a submissa se desconecta, se você sabe que
causa dor, então acredite ela deveria estar sentindo dor e se não está é
porque há algo errado...
3° Cena
Durante
uma sessão de Wax Candle (velas): em um dado momento percebe-se que a
pessoa apresenta sinais de queimadura, não deve acontecer, mas enfim
parece que algo deu errado, a sub está envolvida pelo momento já passou
por muita coisa, está excitada e não sente a gravidade do que está
acontecendo, cabe ao Dom finalizar a cena de forma sutil, adiantar todo o
contexto e chegar ao fim, passou a ser prioridade cuidar da submissa,
haverá outras oportunidades para se alcançar a realização com as velas,
nada é mais importante que a integridade física de uma pessoa que se
entrega a você...
Bem
sessão é um assunto interessante por demais, é importante saber
exatamente o que se espera de cada sessão, já desfrutei de momentos de
extrema realização tanto associando uma sessão a sexo, quanto realizando
um trabalho puramente evolutivo meu e da submissa que se entregou.
Muitos fatores podem ser associados a uma sessão, ela pode ser utilizada
como aprendizagem, pode ser para se retirar algum medo, pode ser uma
punição (um castigo por má conduta), pode servir para o prazer da
submissa (um premio por boa conduta), pode ser para que se consiga
confiança (vendas e velas), teste de obediência(Cane sem imobilização,
para que a sub fique firme na posição), mas pode sim também ser uma
perfeita preliminar para um bom sexo delicioso e proveitoso, mas como
costumo dizer: “Em uma sessão, sexo é opção, não regra”
Depende
muito de tudo que está envolvido, o Dom, a submissa, a afinidade entre
os dois, o que se procura aprender ou entender, a cena em si quase
sempre vai causar muito tesão, mas é imprescindível que se entende o
real motivo de se estar ali passando por aquilo tudo, se for só pra ter
sexo tudo bem, mas que isso fique claro e não seja um artificio para uma
mera vida fetichista...
Geralmente
sessões vinculadas a sexo são mais comuns a quem tem intimidade, sei de
submissas que não entendem uma sessão com Cane, mesmo que fosse para
puni-las, se ela não tiverem sexo para compensar o castigo, um tanto
contraditório, se o prazer é justamente servir, se o objetivo é causar
dor para que não se repita o erro, qual a finalidade de oferecer prazer
sexual depois de um castigo? É imprescindível sim cuidar da pessoa, mas
punir e premiar, me parece totalmente desmoralizador.
Desfrutem
do prazer de uma sessão por ela ser o que é, um caminho de
aprendizagem, sempre quando planejo uma sessão, sei exatamente o que ela
tem de objetivo, sei até onde irei, sei se vai haver ou não sexo, (nos
artigos anteriores mostrei isso com clareza) e cabe a mim decidir e
conduzir isso, a submissa entende no processo o que esta acontecendo,
aprende o que precisa aprender, é importante sempre passar a ideia que
foi planejada (dependendo do contexto), não é apropriado passar uma
ideia de que vai acontecer algo e depois não oferecer, isso causa
frustração, então sejam sempre claros, abertos e diretos, honestidade é
tudo...
Gabriel Bastos
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