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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Dom Rafael Boareto - Uma sessão para dois

Hoje irei compartilhar uma postagem feita em nosso grupo, espero que possam usufruir deste novo conhecimento.
Depois de falar sobre os aspectos de algumas cenas e mostrar a poesia de algumas sessões, demonstrando como isso não se conecta necessariamente ao sexo, chegamos a esse artigo, que tem mais a finalidade de fechamento da serie (Sessão x sexo) que vim publicando aos poucos, para os que acompanharam, tivemos alguns momentos interessantes falando sobre algumas técnicas, particularmente me diverti muito falando sobre alguns assuntos, gosto muito das praticas e descreve-las me da tanto prazer quanto executa-las. Mas é bem verdade o que costumo dizer...
“...se colocarmos cem Dominadores e cem Submissas fazendo a mesma sessão, teremos cem formas diferentes de conduzir e finalizar essa cenas...”
Como já sabem, sou um defensor das artes, gosto muito da plástica das cenas, pra mim uma sessão, uma cena ou um desempenho, tem um aspecto muito mais elevado do que a simples busca pelo prazer sexual. O belo de todas as cenas deve ser admirado como um trabalho minucioso de um artista, particularmente gosto do resultado final de toda sessão, as marcas de um “Spanking”, os vergões, são totalmente lindos, causam excitação, mas também uma alegria melancólica de admirar o sacrifício da entrega, aprecio admirar o corpo desenhado pelas cordas em um “Shibari”, o posicionamento forçado de um Bondage, as marcas das cordas depois que o corpo está livre,me fascina a bela escultura de um corpo coberto pela cera de uma vela, o som lindo dos gemidos de dor em uma sessão com “Cane”, a interação e pureza de uma performance de um “Patplay”, enfim todo contexto de uma sessão ou cena me deixam muito feliz, mas vamos a fatos mais complexos, tentarei ser bem simples pois pra mim BDSM, já é muito mistificado, vamos descomplicar então...
Uma sessão, não deveria ser associada ao sexo, pra mim quando falo em sessão o ultimo aspecto que penso é SEXO, sei que muitas meninas e muitos Doms, quando discutem sobre o assunto já introduzem o sexo no contexto, coisa que eu não costumo fazer, entendam, claro que sexo é bom e sim SESSÃO + SEXO, e´ muito bom, mas uma sessão tem muitos objetivos e necessariamente sexo atrapalha em alcançar alguns deles. Nossa isso esta ficando complicado vamos a fatos, assim facilita...
Bem, uma sessão pode ser para alcançar entendimento de algo, segurança por exemplo, imaginem a cena:
“Uma submissa, amarrada por um Bondage, vendada, bem ela chegou até aqui depois de alguma conversa, ela cedeu seu corpo a esse fim, mas o Dom em questão explora nela seus limites de dor com o chicote, premia sua conduta com uma ou outra masturbação, ele está vestido e não vai tirar a roupa, está estudando sua sub, está aprendendo onde ela pode ser elevada a níveis além de sua capacidade, ele a admira e a faz experimentar prazer e dor intercalados, se ele está excitado?, provavelmente e muito, pois ver sua submissa indefesa e´ um dos maiores prazeres que ele tem, entretanto ela tem nele confiança e ele que mostrar que não é apenas possui-la que da felicidade a ele, ele também admira e ama o corpo dela, sua entrega pra ele é muito admirada, ele não quer que isso vire apenas sexo...”
É importante lembrar que planejar uma cena não é fácil, criar um roteiro e segui-lo é muito difícil, uma das coisas que mais explico aos Doms novatos é, “traga a sub para a cena”, não imaginam como isso é complicado, vamos à outra cena.
Uma sub pede para ser apresentada a dor, ela tem essa curiosidade, nesse caso ela não pertence a esse Dom, são amigos e vão encontrar-se apenas para a sessão, não tem uma conotação sexual esse encontro, ela busca respostas para seus limites, ele sabe e gosta conduzir isso e eles decidem que podem conectar seus desejos. Acompanhem...
“Ela está nua, posicionada, como eles não têm afinidades, fica meio fria a cena, sem aquela paixão na entrega, ele busca oferecer o que ela pediu, ela quer receber, mas os golpes não tem a doçura que ela pensou que iria sentir, se tornou apenas uma sessão de tortura, uma busca desconexa para sentir a dor, mas agora tem um problema, eles não estão conectados, por mais que ele bata, pra ela a dor não tem o sentido que ela busca, falta algo, já vi as mais diversas reações nesses casos, inclusive acessos de risos por parte da sub, e até estados depressivos por conta da frustração, é preciso que se traga a pessoa para cena, trabalhar com quem não somos íntimos tem uma contexto muito mais amplo, então precisamos criar uma atmosfera de leveza e envolver, desconectar a pessoa do simples fato de ter vindo pra apanhar, e eleva-la a um patamar de calma, mostrar a ela que ela está segura e vai encontrar seus limite para dor, passar segurança é muito importante, causar uma leve excitação, buscar literalmente fazer a pessoas esquecer de tudo, traze-la para aquele momento, traze-la pra dentro da cena...”
Também é sempre essencial saber que por mais que se planeje uma sessão, esta pode sim, dar errado, é importante sempre saber que há a possibilidade e o DEVER de se parar com uma sessão, não se deve leva-la além do que se foi pensado ou até mesmo quando se percebe que não está dando certo, comece a trazer todo o contexto de volta a realidade, acompanhe a cenas a seguir, agora teremos três casos:
Sabemos que pessoas são um mistério, e que tudo pode acontecer, nos mais diversos momentos, em uma sessão a coisa é muito mais seria, pois estamos falando de uma condição atípica e que pode ter consequências muito diferentes...
1° Cena
Uma sub acostumada a sessões de Shibari, se entrega a uma performance, o Dom a está envolvendo pelas cordas, ela conhece bem o ritual, já fez isso muitas vezes e se entrega de corpo e alma a isso, mas hoje ela não está muito bem e apesar de se esforçar a atender o seu Senhor, não está em sua plena condição, o que pode causar reações inesperadas, no caso dela um ataque de pânico. Depois de amarrada e o trabalho quase concluído, ela perde o controle e teta desesperadamente se livrar das cordas, grita e se movimenta instintivamente, nesse momento cabe ao Dom ser rápido em dois aspectos.
Primeiro: acalmar a submissa, “você esta segura, vou te soltar, vai ficar tudo bem”, e´ importante conseguir a conexão perdida, um ataque de pânico faz a pessoa te ver como um inimigo, é preciso trazer a pessoas de volta até você, fazer ela se encontrar novamente a teu lado, é importante lembra-la que está tudo bem que você vai protege-la sempre...
Segundo: libertar o mais rápido possível, você perderá sua corda preferida com certeza, mas esteja preparado para corta-la sem hesitar, a confiança de uma sub é mais importante que qualquer coisa...
2°cena
Em uma sessão com Cane, a submissa aprecia a sensação de dor causada por seu Dom, eles estão em uma atmosfera de dominós e excitação e ela busca ser uma boa menina e aguentar toda a vontade dele em causar a dor, ela não pensa em mais nada apenas em oferecer a ele essa felicidade, no inicio dessa cena ela interagia, ela mostrava reação a dor e aos estímulos de prazer, mas em uma dado momento ela se desconectou, é como se entrasse em transe, está tão absorta em sentir a sensação do chicote que não está mais na cena, apenas sorri e desafia a que se bata com mais vigor. Um Dom precisa estar atento a esse fenômeno, não é incomum a entrega ser tão intensa que a submissa se desconecta, se você sabe que causa dor, então acredite ela deveria estar sentindo dor e se não está é porque há algo errado...
3° Cena
Durante uma sessão de Wax Candle (velas): em um dado momento percebe-se que a pessoa apresenta sinais de queimadura, não deve acontecer, mas enfim parece que algo deu errado, a sub está envolvida pelo momento já passou por muita coisa, está excitada e não sente a gravidade do que está acontecendo, cabe ao Dom finalizar a cena de forma sutil, adiantar todo o contexto e chegar ao fim, passou a ser prioridade cuidar da submissa, haverá outras oportunidades para se alcançar a realização com as velas, nada é mais importante que a integridade física de uma pessoa que se entrega a você...
Bem sessão é um assunto interessante por demais, é importante saber exatamente o que se espera de cada sessão, já desfrutei de momentos de extrema realização tanto associando uma sessão a sexo, quanto realizando um trabalho puramente evolutivo meu e da submissa que se entregou. Muitos fatores podem ser associados a uma sessão, ela pode ser utilizada como aprendizagem, pode ser para se retirar algum medo, pode ser uma punição (um castigo por má conduta), pode servir para o prazer da submissa (um premio por boa conduta), pode ser para que se consiga confiança (vendas e velas), teste de obediência(Cane sem imobilização, para que a sub fique firme na posição), mas pode sim também ser uma perfeita preliminar para um bom sexo delicioso e proveitoso, mas como costumo dizer: “Em uma sessão, sexo é opção, não regra” 
Depende muito de tudo que está envolvido, o Dom, a submissa, a afinidade entre os dois, o que se procura aprender ou entender, a cena em si quase sempre vai causar muito tesão, mas é imprescindível que se entende o real motivo de se estar ali passando por aquilo tudo, se for só pra ter sexo tudo bem, mas que isso fique claro e não seja um artificio para uma mera vida fetichista...
Geralmente sessões vinculadas a sexo são mais comuns a quem tem intimidade, sei de submissas que não entendem uma sessão com Cane, mesmo que fosse para puni-las, se ela não tiverem sexo para compensar o castigo, um tanto contraditório, se o prazer é justamente servir, se o objetivo é causar dor para que não se repita o erro, qual a finalidade de oferecer prazer sexual depois de um castigo? É imprescindível sim cuidar da pessoa, mas punir e premiar, me parece totalmente desmoralizador.
Desfrutem do prazer de uma sessão por ela ser o que é, um caminho de aprendizagem, sempre quando planejo uma sessão, sei exatamente o que ela tem de objetivo, sei até onde irei, sei se vai haver ou não sexo, (nos artigos anteriores mostrei isso com clareza) e cabe a mim decidir e conduzir isso, a submissa entende no processo o que esta acontecendo, aprende o que precisa aprender, é importante sempre passar a ideia que foi planejada (dependendo do contexto), não é apropriado passar uma ideia de que vai acontecer algo e depois não oferecer, isso causa frustração, então sejam sempre claros, abertos e diretos, honestidade é tudo...
Gabriel Bastos

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