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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

BDSM Society - Depoimento.

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.” - (Voltaire)

Alguns acontecimentos me fizeram pensar muito a respeito das coisas que me cercam e principalmente sobre a opinião que tenho sobre algumas pessoas. De início, muitas vezes, admiramos algumas atitudes e posteriormente quando temos um tempinho para pensar melhor, percebemos que tudo aquilo não passa de um monte de asneiras.

Uma das maiores asneiras, na minha opinião, que tem acontecido e que não consigo engolir é o que alguns “entendidos” sobre BDSM andam dizendo por ai. Insistem em dizer para os outros o que é e o que não é BDSM. Tentam impor doutrinas, regras, atitudes e querem abolir virtudes das pessoas por acharem que tais virtudes ou posturas não fazem parte do que eles classificam como sendo BDSM. Uma condição para dizer o que devemos ou não devemos fazer e como fazer.

Montei (montamos) um grupo para discutir alguns temas na comunidades do Facebook. Fiz questão de ser polêmica, eu gosto disso. Nessas horas podemos ver a verdadeira face da pessoa. Claro que a minha intenção, além de polemizar, era também de tentar obter o maior número de opiniões diferentes possíveis sobre o tema, afinal é ouvindo os outros que podemos conhecer e até mesmo mudar alguns de nossos conceitos e atitudes e, consequentemente, aprender algo novo, e assim, nos tornamos melhores como praticantes BDSMistas e seres humanos.

E o que mais achei engraçado foi a arrogância que alguns “entendidos” se expressavam: “isso não é BDSM”. Sinceramente, uma coisa que não entendo é isso. Essa separação. Dizer o que é e o que não é. Fico puta da vida com atitudes assim. Não gosto de nada que seja imposto, e muito menos, que digam como eu devo agir ou pensar.

Não aceito mesmo!!

Vejo muita gente alienada por ai. Gente que não age e nem tem a postura que deveria ter, contrariando assim, a experiência que orgulham tanto em dizer que tem. Na verdade percebo que não sabem absolutamente nada. Não sabem nada sobre o assunto e muito menos sabem o suficiente para dizer aos outros o que devem fazer e, principalmente, não sabem o que é ter respeitar. Lançam suas teorias toscas e acham que devemos aceitá-las. Não podemos questionar, pois caso contrário, não estaremos dentro do que por eles, é defendido como sendo BDSM.

Quem acompanha me conhece um pouco, já deve ter percebido que sou radicalmente contra a utilização do título de “mestre” para os Dominadores praticantes do BDSM. Fazem apenas algumas coisas e se acham no direito de serem chamados assim. Alias, exigem ser chamados assim. Daqui a pouco, teremos “doutores” e até mesmo “ph. D.” no assunto. Para que isso? O que isso faz com o meio enriqueça ou cresça como comunidade respeitada? Nada. É ridículo isso. Serve apenas para massagear o ego de algumas pessoas frustrado que não sabem viver a vida lá fora. Preferem viver na fantasia e ai de quem dizer algumas para eles. Sai de baixo!

E ando percebendo também, é que tais atitudes estão indo para a outra classe do meio: as submissas. Sim, elas mesmas. Muitas se acham muito conhecedoras do BDSM e exigem que seus egos sejam massageados também. Afinal, por que não? Afinal essas submissas também são “entendidas”. Com certeza, daqui a pouco vão reivindicar títulos também. Afinal por que não termos uma mestra submissa? Ser usarmos os mesmos critérios que alguns dominadores utilizam para se intitularem mestres, o direito pode ter expandido e garantido a essas submissas também. Não é?

Existe uma diferença muito grande entre aqueles que sabem e aqueles que acham que sabem. Uma coisa que aprendi nesses 40 anos de vida é que existem por demais aqueles que acham que sabem, e por isso, tentam de toda forma possível impor os seus “conhecimentos” e não aceitam ser questionado. Escrevem, avaliam, censuram, determinam regras, metem a colher nos relacionamento dos outros e ditam condições para que as pessoas vivam dentro do que acham que é certo, mas não são capazes de se avaliaram, não são capazes de fazer uma crítica sobre a sua postura e muito menos aceitam opiniões diferentes das suas.

Aqueles que sabem é fácil de serem identificados. Primeiro: respeitam sua opinião. Mesmo que ela seja diferente. Não impõem nada e se repararem, em seus conselhos sempre existe algo do tipo “faça o que for melhor para você e seja feliz”, “o importante é você ter consciência do que está fazendo”, “faça tudo com responsabilidade”, “veja se isso não vai prejudicar ninguém”. Meu Dono, sempre me aconselha assim. Puxa minha orelha quando faço algo irresponsável e me mostra onde errei. Aprendo e nada é imposto a mim. Escolho seguir o seu conselho ou não. Sigo sempre, pois sei que ele entende e tudo que me diz é para o meu próprio bem.

Voltando aos que acham que sabem, principalmente no meio BDSM, uma coisa que me irrita profundamente é a classificação que utilizam para os não praticantes do BDSM: “os baunilhas”. Sinceramente eu acho isso sem sentido demais. Fazendo uma análise mais detalhada, se ser baunilha é aquele pessoa que não pratica o BDSM, posso ser rotulado como tal, afinal não é toda vez que “pratico BDSM” quando estou com meu Dono. A gente conversa sobre coisas do cotidiano: casa, família, trabalho, política etc. Pelo que sei, segundo algumas teorias do meio, isso é “baunilha”.

Será que essas pessoas que defendem essa teoria são como o Batman e o Robin do seriado da década de 60?…. Não entendeu? Explico!!!

Para serem Batman e Robin, Bruce Wayne e Dick Grayson precisavam adicionar um botão vermelho, abria-se uma passagem secreta na parede, eles entravam nela e vestiam suas respectivas roupas de super-heróis.

Será que para alguns Dominadores ou submissas serem realmente Dominadores e submissas precisam “vestir” suas fantasias e assim se sentirem como tal?

Sim, existem pessoas que vestem as fantasias de Dominador e submissas. Se escondem por traz de perfis do Facebook. Avatares fakes, álbum de fotos que não dizem nada. Tudo falso. Vivem no “mundo de Oz” ou no “país das maravilhas” e acham que a vida real é assim. E se você aborda um tema do dia-a-dia, mas do que rápido eles vêm lhe dizer: isso não é BDSM.

Agora eu pergunto: Se os praticantes do BDSM em sua maioria são adultos, possuem estabilidade econômica, tem acesso a meios de informação para aprenderem mais, por que existem tantos que acham que sabem, sendo que na verdade, não sabem de nada?

O que vejo são marmanjos que viajam mais na maionese do que minha a filha de dez anos. Dominadores que exploram submissas financeiramente, para não dizer daqueles, que na maior cara de pau, chantageam mesmo. “Dominadores” e “submissas” que não sabem nada pelo fato de terem preguiça em ler, se informar ou simplesmente aceitar opiniões diferentes e acham mais fácil encher as comunidades de informações totalmente fantasiosas.

E mesmo com todos esses exemplos, alguns “entendidos” têm a petulância de dizer que coisas que acontecem no cotidiano “baunilha” não é BDSM. Eu só digo uma coisa para esses fantasiados:

Eu não visto nenhum traje para me tornar submissa. Vivo o BDSM 24 horas por dia. Para mim, o BDSM vai muito além de uma cena. Ele está presente em tudo e a todo momento. Desde o instante que levanto e tomo uma xícara de chá no café da manhã até a hora que deito a noite.

Se para alguns “entendidos”, BDSM é separação, é rotular quem não pratica. E se achar melhor do que os outros só porque faz algumas coisas diferentes com o parceiro(a). É falar: isso pode. Isso não pode. É tentar impor aos outros uma doutrina limitadora de conceitos e escolhas. Para mim, não é.

Para mim, BDSM é acima de tudo respeito. Respeitar quem pensa como você ou quem pensa diferente. É ter consciência que ninguém é obrigado a gostar das mesmas coisas que você e mesmo assim, por ser um praticante, você não é melhor que ninguém.

Não sei dizer que sou uma praticante do BDSM que gosta de fazer coisas “baunilhas” ou uma “baunilha” que gosta de praticar BDSM. Afinal, para mim, um amoroso e demorado papai-mamãe, por exemplo, pode ser tão delicioso como uma sessão de spanking. O que vale é o prazer que sinto e o prazer que proporciono ao meu Dono. Seja ele físico ou psicológico. Seja dentro de uma cena ou numa conversa sobre economia exterior. O que importa mesmo é estarmos nos deliciando com cada minuto um do lado do outro.

Se viajo na maionese? Sim, claro que viajo. Mas com os pés no chão e dentro da realidade, afinal sou uma mulher adulta.
 
 

2 comentários :

  1. Muito bom este texto.
    Escrito de forma clara, madura.
    Parabéns, amiga!!!

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  2. Amei a crítica e também a forma em como se colocou. Parabéns muito bom!

    ResponderExcluir

 
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