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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Filmes Inesquecíveis do Cinema - Coração Satânico

São poucas as obras a alcançar a unanimidade, tanto da crítica quanto do público. Coração Satânico foi uma dessas obras e por méritos inquestionáveis.

Vamos Conferir?!?!

Coração Satânico
Título Original: Angel Heart
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1987
Estúdio: Carolco Entertainment
Distribuição: TriStar Pictures
Direção: Alan Parker
Argumento: Alan Parker, baseado no livro de William Hjortsberg
Produção: Elliot Kastner e Alan Marshall
Música: Trevor Jones
Direção de Fotografia: Michael Seresin
Desenho de Produção: Brian Morris
Direção de Arte: Armin Ganz e Kristi Zea
Guarda-Roupa: Aude Bronson-Howard
Edição: Gerry Hambling

Mickey Rourke (Harry Angel)
Robert De Niro (Louis Cyphre)
Lisa Bonet (Epiphany Proudfoot)
Charlotte Rampling (Margareth Krusemark)
Brownie McGhee (Toots Sweet)
Stocker Fontelieu (Ethan Krusemark)
Michael Higgins (Dr. Fowler)
Elizabeth Whitcraft (Connie)
Eliott Keener (Sterne)
Katheleen Wilhoite (Enfermeira)
George Buck (Izzy)

Nova Iorque, ano 1955. Harold Angel (Rourke) é um detetive contratado pelo misterioso Louis Cypher (DeNiro) com a tarefa de encontrar o músico Johnny Favorite, um famoso cantor da década passada,que Louis teria ajudado no início da carreira. Johnny teria sido convocado para a guerra e retornara com amnésia, tendo sumido após receber alta do hospital, não cumprindo uma dívida que teria com o Louis. Harold passa a investigar o paradeiro do músico,entrando em contato com as últimas pessoas que poderiam ter visto ele antes do desaparecimento. Entretanto, essas pessoas começam a surgir brutalmente assassinadas, colocando a suspeita das mortes em cima de Harold, que se vê sufocado por uma história arrepiante, que culminará numa revelação surpreendente.


No gênero do suspense, a história desse filme encontra poucos concorrentes à altura. Mais impressionante ainda, ele não recorre a assassinos sádicos, deformados e psicopatas, efeitos especiais, sequências de mutilações, efeitos sonoros, monstros, trilha macabra ou demais estereótipos que os cineastas recorrem hoje em dia para tentar impactar os fãs da linha. Pelo contrário, é um filme extremamente bem conduzido do começo ao fim, pelo talentosíssimo diretor Alan Parker, que usa e abusa do suspense psicológico, dando ao filme uma atmosfera perturbadora, que vai se afinando cada vez mais até a sua horripilante conclusão.

Alan Parker é um dos grandes nomes do cinema americano. Pena ter poucos trabalhos no currículo e vez ou outra sumir do mapa. Poucos se comparam a ele, no quesito criar pequenas obras-primas. Em seu currículo, filmes como O Expresso da Meia Noite, Mississipi em Chamas, Evita e essa pérola aqui.

O roteiro desse filme é uma adaptação do romance de William Hjortsberg. Parker realiza então um trabalho notável, preenchendo o filme com um clima noir, cheio de referências e simbolismos, oferecendo pistas que culminarão na trágica conclusão da obra. Utilizando um ambiente sombrio e uma cidade ainda mais tenebrosa como pano de fundo para uma narrativa inteligente e surpreendente, que mistura elementos místicos à tradicional estrutura dos thrillers de suspense, e contando ainda com dois dos maiores atores de sua geração em grandes atuações, o diretor  brinda o espectador com um trabalho fantástico, que merece ser apreciado nos mínimos detalhes. Tudo nessa obra é digna de elogios.

A direção de fotografia cria uma ambientação escura e sinistra,que desde cedo prenuncia que algo não vai bem nessa história. Já a direção de arte reconstitui de forma fenomenal a América cinquentista, apresentando uma Nova Iorque suja, fria e tenebrosa, em constraste com a Nova Orleans ora quente, ora chuvosa. Já a trilha sonora nos poupam daqueles temas sinistros e apreensivos, recheando a história com toques de blues,seguidos de Jazz e um melancólico toque de piano,a cada vez que as descobertas do personagem do Rourke vão se desdobrando.

Todo este bom trabalho técnico auxilia o diretor Alan Parker na criação de cenas absolutamente marcantes e de um impacto visual incrível, com destaque para o macabro ritual envolvendo dança e a morte de uma galinha, e para a cena de sexo,uma das mais fortes já vistas naquela década, entre Harry e Epiphany Proudfoot (Lisa Bonet), banhada pela água da chuva que se transforma em sangue e repleta de imagens aterrorizantes. Além destas cenas, vale ressaltar que todas as mortes também são bastante realistas e comprovam o cuidado com o visual por parte do diretor.

Um dos maiores atrativos do filme realmente é a sua atmosfera, a forma como a investigação e o destino dos personagens é conduzida. A obra desenvolve-se inicialmente como uma investigação detetivesca clássica para, pouco a pouco, configurar-se em uma verdadeira – ou literal – viagem ao Inferno. Essa jornada de perdição vivida pelo protagonista é traduzida em tela de modo quase irrepreensível. Coração Satânico reforça constantemente a presença do macabro, levando a plateia a aceitar, lentamente, os aspectos sobrenaturais da trama, que surgem orgânicos diante de uma narrativa tão bem construída.

Mas o filme não seria isso tudo sem a colaboração de dois monstros no quesito interpretações. O primeiro é o protagonista, Mickey Rourke. Esse filme confirma o potencial do astro no quesito construir de forma excepcional um personagem. Sensação dos anos 80,o Mickey vinha de um enorme sucesso de bilheteria,o romance 9 1/2 Semanas de Amor. Com cara de galã, e diga-se a verdade,ele era um dos sujeitos mais bonitos do cinema por aquela época,na sequência ele demonstrou sua versatilidade interpretativa,ao ser escalado para esse papel,que ouso afirmar, é o melhor trabalho de sua conturbada carreira. Mickey constrói imaculadamente o Harold Angel, apresentando-o no início como um detetive nível B, sempre relaxado, com um sorriso boboca no rosto todo o tempo, aparência desleixada, que aceita um trabalho aparentemente sem muitos desafios. Engana-se quem não espera grande coisa desse profissional meia-boca, pois ele é extremamente empenhado, esperto e tenaz. Logo, sua investigação o conduz a revelações cada vez mais impactantes,e aí vem a transformação, Harold passa a se sentir cada vez mais sufocado, apreensivo e desconfortável e não demora a perceber que se meteu numa trama muito além do que imaginava. É simplesmente arrebatadora a transformação do Angel. O ator é preciso na construção da decadência física e psicológica de seu personagem. Somente comprova o quanto o Mickey poderia ter sido um dos grandes nomes do cinema em todos os tempos. Pena que sua história se perdeu como a de muitos outros em Hollywood. A personalidade difícil e complicada, o vício em alcool e a ideia de se dedicar ao boxe, custaram caro ao galã, que teve de se submeter a várias plásticas para reconstituir o rosto. Aos poucos, a carreira foi decaindo e ele ainda tentou reerguê-la já nesse novo milênio, quando chamou a atenção no filme O Lutador, de 2008.

O outro é o veterano Robert Deniro, que dá vida ao tétrico Louis Cypher, personagem coadjuvante que é o pivô de toda a trama. Embora surja pouco e em momentos determinantes,o Robert nos arrebata com seu cinismo misterioso e intimidante,praticamente roubando a cena nos momentos finais, quando ocorre uma reviravolta de cair o queixo. Sua presença em cena é tão forte,que o personagem é até hoje um dos mais lembrados por seus fãs,mesmo diante de toda a galeria excepcional de personagens que ele construiu ao longo das várias décadas dedicado à profissão. Para se ter uma ideia do que é dividir a cena com o Robert, o Mickey Rourke, que simplesmente arrasa nessa obra, se sentia tão intimidado em contracenar com o ícone, que para relaxar, colocava pedras de gelo nos bolsos do sobretudo do personagem e deixava as mãos em meio ao gelo, chamando a atenção do Alan Parker, que ao questionar o porquê daquilo, o astro confessou seu nervosismo em dividir a cena com o Robert.


Vale destacar também alguns coadjuvantes, como a Lisa Bonet, que deveria ter tido mais oportunidades em Hollywood, mas ficou limitada à tv, interpretando aqui a personagem Epiphany Proudfoot. A atriz encara duas sequências fortes,como a do ritual de sacrifício com uma galinha e a arrebatadora cena de sexo com o Rourke, uma das mais lembradas do cinema oitentista, tanto que,na época do lançamento nos cinemas, sofreu alguns cortes, mas foi lançada depois na integra em VHS e DVD.

Todo esse trabalho técnico e a colaboração dos astros só é possível também pelo desenvolvimento do roteiro excepcional, que trabalha muito bem o visual dos detalhes, como um ventilador que muda a cada assassinato,levando a debates até hoje do que ele poderia significar, um elevador que desce durante as visões do personagem do Mickey, uma bacia com sangue e símbolos de magia negra, como bonecos vodu, pentagramas e coisas do tipo. Sem falar nas batidas do coração de Angel, que prenunciam o atual estado emocional do personagem. Nada é totalmente explícito,mas as pistas como dito lá atrás e os detalhes nos trejeitos e gestos do personagem do Robert já deixam alguns detalhes à vista do espectador.

Coração Satânico é sem dúvidas uma pérola do suspense psicológico. Como dito, nada de recorrer aos elementos desgastados dos dias atuais, ele consegue nos intimidar e acelerar nosso coração sem esforço algum, se duvida e ainda não assistiu, comprove. Não é exagero afirmar que se trata de uma obra-prima,que merecia até mesmo um reconhecimento maior dos fãs de cinema, pois está simplesmente à altura de grandes clássicos desse gênero.

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