Para pessoas fora do meio BDSM pode ser muito fácil confundir a prática com abuso. Afinal ambos envolvem dor, dominação e submissão. BDSM e abuso, no entanto, são opostos.

No BDSM tudo é consensual, feito para o prazer de ambos e há limites claros estabelecidos entre as partes. Costumo dizer que um dominador bate, mas nunca machuca. Ele tem preocupação com sua sub e não faz nada que possa lhe provocar qualquer dano permanente – o princípio básico de um dominador é a preocupação com segurança.
Da mesma forma, do ponto de vista psicológico. Abusadores destroem psicologicamente suas vítimas. Enquanto após uma sessão de BDSM a submissa irá sair feliz, realizada, após o abuso a vítima irá sair depressiva, insegura, com a alma quebrada.
No entanto, existem relações que começam dentro dos parâmetros do BDSM e evoluem para abuso e é sempre bom estar atento a isso.
Eu sempre desconfio, por exemplo, quando dominadores proíbem suas submissas de conversarem com outras pessoas do meio – em alguns casos essa proibição se estende até mesmo à família da submissa.
Claro, tudo isso é relativo. O distanciamento pode fazer parte da “fantasia” da submissa, que quer se sentir uma escrava e estar dentro do acordo realizado entre os dois. Mas quando não é, quando é apenas uma imposição do dominador, pode ser um indício de que a relação está saindo do São Seguro Consensual e entrando na seara dos relacionamentos abusivos.
Outro indício é o dominador obrigar a submissa a superar limites rígidos. A superação de limites é normal dentro do BDSM, mas é sempre muito conversada, dialogada e negociada. Eu deixo que a submissa me diga: estou pronta para superar esses limites. Mas são limites normais. Limites rígidos são aqueles intransponíveis e se o dominador exige que a submissa os supere pode ser um indício de abuso. Um limite comum é separar a vida BDSM da vida baunilha – um dominador que bate na sua submissa na frente de outras pessoas que não fazem parte do mundo BDSM pode ser um indício de abuso – uma submissa, por exemplo, me relatou que seu dominador a surrava na frente de sua família.
Outro indício é como a submissa se sente. Se a relação a deixa triste, depressiva, machucada física e mentalmente, pode ser uma pista de que deixou de ser BDSM para se tornar abuso.
Mais uma vez é bom esclarecer que tudo é relativo. O que coloquei acima são apenas índices e devem ser vistos não de maneira isolada, mas no conjunto. Mas se a relação faz mal à submissa, talvez seja hora de rever se realmente vale a pena.
Parceria BDSM Society
Postar um comentário