Dominação Feminina, Dominação Masculina e Humilhação.
A maioria das práticas BDSM aplica-se tanto à Dominação Feminina quanto à Dominação Masculina, a exceção marcante seria a prática da Inversão de Papéis.
Há, porém outro diferencial, igualmente significativo, mas nem sempre assim considerado que é um inexorável sentimento de Humilhação no submisso masculino.
Independentemente da prática da Inversão de Papéis, por muitos considerados o sinônimo mais representativo de Humilhação, o grande diferencial entre a Dominação Feminina e a Dominação Masculina, é que primeira contraria a influência do Machismo, tão arraigado na nossa cultura Patriarcal; enquanto a segunda apenas ratifica este padrão.
Talvez por isso a Dominação Feminina seja tão cativante e ainda um ponto de interrogação, não apenas quanto a ser um fato, mas também quanto a sua efetividade. Na Dominação Masculina sobre o feminino, a parte submissa não se vê condição contrária aos padrões do mundo baunilha que trazemos para o BDSM. Mesmo as relações entre pessoas do mesmo sexo (H. h.), não necessariamente caracterizadas como homossexuais, corroboram com avisam do Machismo.
A Dominação Feminina ao masculino traz em si a questão da Superioridade Feminina, o que numa sociedade culturalmente Patriarcal, é entendido quase sempre em forma de Humilhação.
Na Dominação Feminina, sobre o masculino aquele que se curva e se submete, é ou sente-se remetido à Humilhação. Ainda que o propósito da Dominante seja apenas a submissão, o homem quase sempre se sentirá inferior a uma mulher e consequentemente humilhado. O sexo e algumas formas de interação entre os gêneros ainda são grandes tabus para a humanidade e principalmente em relação à visão do Patriarcado/Machismo.
A ascensão do sexo masculino ao feminino é uma parte deste tabu querem sendo desmistificado com o crescimento do Feminismo. Tudo isto torna a Dominação Feminina algo bem mais complexo e instigante não só para quem cede como para quem recebe o controle (prefiro a noção de controle ao invés de poder).
Não importa a maneira como é praticada, a Dominação Feminina tem sempre a força de ser algo que subverte os padrões; uma palavra bem comum em BDSM, mas que nem sempre é observada de uma forma mais abrangente. Portanto a Dominação Feminina encerra muito de sutileza, detalhemos ide contestação.
Há também uma questão do subconsciente que por vezes sugere a imagem. A da figura materna. Um quê de Matriarcal. A diferença entre prescindir ou acatar estes fatores faz uma diferença enorme. Na Dominação Feminina ao masculino, as possibilidades de trabalhar com o emocional da parte submissa são muito mais diversas e abrangentes do que na Dominação Masculina. Mulheres e homens veem e ouvem da mesma forma, mas interpretam de modos distintos, pensam e reagem por “caminhos” diferentes.
Se um é mais lógico, pouco emotivo; o outro e ‘mais emoção, mais intuitivo e consequentemente mais sutil em sua percepção. Um pode ser mais direto, objetivo e até previsível. O outro mais subliminar e imprevisível. Entender a mente do submisso, entender como ele interpreta e reage às seções de quem domina (não há um padrão) permite a descoberta de portasse gatilhos que permitirão mudanças, crescimento e conquistas bastante significativos.
Há quem considere a Dominação Feminina como um advento do Feminismo no BDSM, mas não consideramos a Dominação Masculina, de forma análoga, como algo pertinente ao Machismo, afinal este não contraria padrão algum. Apenas significa o continuísmo de uma faceta da nossa cultura. Digo que a Dominação Feminina pode até ser considerada como precursora do Feminismo enquanto movimento.
O movimento Feminista iniciou-se no século XIX e as raízes do BDSM são muito mais antigas. As sociedades primitivas, com raríssimas exceções, eram Matriarcais. A Fertilidade, tanto na reprodução humana quanto na produção de alimentos, caça e o cultivo da terra (plantio, colheita e abundância) eram ligados e cultuados às Deusas (Afrodite, Inanna, Ishtar, Deméter, Ártemis...). Por volta de 2000 a.C. tem início a queda do Matriarcado, coincidente com a era do metal (ligada a produção de armas e atividade bélica) e surge o Patriarcado.
“A Dominação Feminina é realmente muito significativa por representar uma forma de domínio que se opõe ao “status quo” machista, e certo revival” do Matriarcado. Acredito que daqui a algumas décadas a sociedade será bem diferente da ora vivemos!!
Esta é nossa última postagem no ano de 2013.
Desejo a todos os amigos em passagem de ano em paz.
Em 2014, continuaremos aqui no blog, divulgando sobre este universo. E claro, continuo à disposição de todos os interessados.
Dom Rafael Boareto
Boa noite
ResponderExcluirgostei desta informação
mas isto parece mais uma palestra a explicar mais a fundo este assunto,
obrigada por este agradável comentário e venha mais!
Boas festas