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quinta-feira, 15 de junho de 2017

Ressaca


Ressaca

Enrolam-se na garganta as páginas
Tristemente no branco dos dias,
A palha seca fere-me a língua,
Palavras ressaltam no céu-da-boca,
A sede de vocábulos, tristes inunda-me,
Engulo secamente a saudade das horas
Num cérebro tolhido escondem-se rimas
E pernas torneadas da noite,
Braços que me apertam o peito
Som ofegante de um pecado
Sentido no pesadelo dos copos!

(…)
Ressalvo em mim
Um corpo despido sob as águas
Punhos cerrados contra a parede
Que pesadamente me equilibra
Sob o peso de um anafado corpo
Joelhos que vacilam em contrição!

(…)
Onde morava ontem a poesia?
Porquê vielas da vida a perdia?
Onde te encontras?



Alberto Cuddel

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