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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Sírio de Andrade - Divagações noturnas


Divagações noturnas

 

Entre o céu e mar,

A mesma cor, tom

Entre a tarde e a manhã

Que diferença me apraz?

As noites essas,    

-vagueio-as por entre lençóis frios e amarotados

Gemendo solitariamente sob um deito despido

- amor? Qual amor?

Nada, nem ninguém…

amor talvez seja, talvez fora

uma ardilosa forma de convénio humano

para agrado de um punhado de solitários

que como eu, sonham, anseiam

por ecos doces de vozes

das paredes despidas e gasta do tempo

de um cérebro empobrecido de emoções!

 

Entre a imobilidade da morte,

E o arrastar das perna penosamente pela vida,

-que mal fiz eu? Antes que me levem…

Onde param os prazeres momentâneos

E arrependimentos ordinários

De nem um nome saber?

- mesmo assim acácia floriu..

Como se veramente eu não contasse para nada!

 

As ruas de Lisboa por onde me arrasto

Apinhadas de gente que se cruza,

Que se empurra indiferente, que nãos e fala

Não se conhece, apenas segue como cordeiros

O movimento desordenado do rebanho…

 

O banho? Desperdício absoluto de água,

Que nem as ideias suicidas me lava…

Ainda me irei afogar nos pensamentos distantes,

E na ausência do teu nome ou na memória

Das tuas formas, esquecidas no passado…

 

Sírio de Andrade®


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