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domingo, 29 de maio de 2016

Alberto Cuddel - Os dias do Fim XXXIV


Soneto do desapego
 
Caí por terra, em tudo que nela existe,
Repousa a minha alma em teus braços,
Amargura sofrida, murcha, verde e triste,
Tela desenhada a toscos e grossos traços!
 
Ai de mim, que minha voz projeto em riste,
Noites frias, escurecem tudo o que existe,
Nada do mundo me satisfaz, profundo,
Nem saudade, todos prazeres do mundo!
 
A nudez em que gritas, gemes e murmuras,
Banha tuas curvas a doce luz da aurora,
Enquanto vagueio o espirito, ruas escuras,
 
Ausenta-te de mim, dor que arde na alma,
Não te prendas no amor ou paixão do agora,
A morte não clama a quem espera na calma!
 
Alberto Cuddel®
In: Os dias do Fim XXXIV

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