CAPITULO XI
Richard mexeu os ovos na frigideira, assobiando.
— Que bom humor! Imagino o que provocou isso!
Ele sorriu, olhando-a de lado e adorando o sorriso sensual. Laura o provocava desde o amanhecer, e depois da noite anterior estava surpreso ao ver como tinha energia para acordar tão cedo.
— Posso levá-la para cima e mostrar, se quiser.
— Para cima? Mas há pelo menos uns vinte quartos que ainda não visitamos. — Laura sorriu o corpo antecipando o prazer do toque dele.
— Vinte é pouco — ele retrucou com um olhar cheio de segundas intenções na direção da mesa.
Laura achou a idéia perfeita.
— Além de sugerir essas coisas — provocou —, quais são seus planos para hoje?
— Além de olhar para você?
— Puxa, que elogio!
Richard levou a frigideira até a mesa e colocou os ovos numa tigela. Então levou a frigideira e todos os utensílios que usara para a pia, lavou-os e enxugou-os, guardando tudo. Laura pis¬cou surpresa, e quando ele fechou a porta do armário percebeu a expressão dela.
— O que foi? — perguntou, olhando para o jeans e os pés nus para ver se estavam respingados de ovo.
— Um homem que arruma a cozinha. Espere até minhas irmãs saberem disso.
Ele fez uma careta.
— Vivi sozinho por muito tempo. Se não o fizesse, nin¬guém faria.
— Continue assim, Blackthorne. Gosto de homens que sabem que seu lugar é com uma esponja de lavar louça na mão.
Ele riu, agarrando-a por trás quando passava com um prato de bacon. Ela colocou o prato sobre a mesa, e ele enterrou o rosto no pescoço macio.
— Você cheira tão bem.
— Deve ser a gordura do bacon. Dá um toque de mistério.
Ele riu, virando-a e beijando-a bem devagar.
O corpo de Laura reagiu de imediato e ela puxou-o, acariciando o peito largo coberto pela camiseta azul. Ao afastar-se estava sem fôlego, e meio zonza de desejo, e afastou os cabelos dele da testa.
— Se quiser, posso cortar seus cabelos.
— Não gosta do estilo pirata? — provocou ele.
— É bonito demais para se esconder atrás dos cabelos.
Ele sorriu. Toda vez que ela dizia que era bonito, queria acreditar.
— Hoje à noite, então. — Ele beijou-a de leve, e afastaram-se para preparar o café.
Mastigando uma fatia de bacon, Richard colocou pão na torradeira, enquanto Laura pegava pratos e talheres no armá¬rio, arrumando quatro lugares. Dewey aparecia toda manhã para tomar café, mas Kelly ainda ia dormir pelo menos mais uma hora. Richard abriu a geladeira para pegar a manteiga, e ao fechá-la viu Laura imóvel, fitando a porta. Franzindo a testa, acompanhou o olhar dela.
Kelly estava parada ali, os cabelos despenteados pelo sono, o ursinho pendurado numa das mãos. O pânico o envolveu. Oh, Deus! Ela veria as cicatrizes.
O olhar dele voltou-se para Laura, e ela reconheceu o pedido de socorro. Uma coisa era ela aceitá-lo, sem restrições. Mas uma criança de quatro anos era diferente.
— Bom dia, Kelly — disse Laura, e só Richard notou o tremor na voz.
Ela estendeu a mão, detendo-o onde estava ao perceber que ia dar as costas à filha.
Kelly esfregou os olhos e bocejou.
— Bom dia, Srta. Laura. Bom dia, papai. — Ela subiu na cadeira, colocando o urso na cadeira ao lado, olhando para os adultos. — Vai tomar café conosco, papai?
Kelly o olhava ansiosa. Cheia de inocência e confiança. Sem medo.
Richard pigarreou antes de conseguir falar:
— Vou, princesa.
— Que bom — disse Kelly, pegando uma fatia de bacon e começando a comer, enquanto Laura se inclinava sobre o balcão para lhe servir suco.
Laura olhou para Richard, que parecia congelado, fitando a filha com os olhos cheios de lágrimas. Esquecendo a jarra, aproximou-se. Richard não tirava os olhos de Kelly.
— Ela nem notou — disse, num tom rouco.
Laura sorriu.
— Mais uma mulher que você subestimou, não é? — pro¬vocou, acariciando o rosto dele com a ponta dos dedos.
— Sim. — Ele riu, segurando-lhe a mão, e Laura sentiu o coração se encher de alegria.
Richard virou-se para Kelly, mas Laura colocou a mão no braço forte.
— Vá com calma.
Ele assentiu sem querer assustá-la, e quando a torrada saltou, virou-se para o balcão para cobri-la de manteiga.
— Gosta de geléia, Kelly?
A menina riu feliz.
— Amora é minha favorita.
— Sei — disse Laura. — Ontem era uva, anteontem, pêssego. — Ela beijou a menina no rosto, enquanto Richard colocava o prato na frente da filha. Então, sentou-se ao lado de Laura, vendo a filha tomar o café da manhã.
O dia não poderia ser melhor.
O vento batia no casaco de Laura e embora a chuva tivesse estiado um pouco, não havia sinal de que o tempo iria melhorar.
— Venha conosco — convidou Laura.
— Vão vocês duas. Assim podem fazer um programa de mulheres.
— Por favor, papai — pediu Kelly, sentada no banco do passageiro.
Laura colocou a mão no braço da menina, interrompendo os pedidos. Tentava entender a apreensão de Richard. Fazia cerca de uma semana que viviam fora das sombras. Mas estar com outras pessoas era um passo que Richard ainda hesitava em dar. Por enquanto. Os moradores da cidade não foram re¬ceptivos desde o início e, para eles, Richard ainda era a fera escondida no castelo. Ainda comentavam sobre ele e precisa¬riam de algum tempo para se acostumar.
— Está bem — disse ela. — Não vamos demorar.
— Quero ir — disse ele, baixinho. — Mas não com Kelly por perto. Não sei o que faria se ela ouvisse os comentários que fazem sobre mim.
— Nem eu — concordou Laura, com os lábios apertados.
Ele segurou o queixo delicado, adorando o modo como estava sempre pronta para defender Kelly e a ele.
— Quer dizer que não pretende aparecer para outras pes¬soas, só para Kelly e para mim?
— Não posso. Ainda não.
— Isto não pode durar para sempre, Richard. Haverá reu¬niões de pais na escola, aulas de balé, festinhas... Vai negar a Kelly e a si mesmo uma vida normal por causa dos outros?
— Não. Mas preciso de tempo.
Ela suspirou, tentando controlar-se.
— Está bem. Vou tentar entender. — Ela olhou para a menina que não estava interessada nos adultos e brincava com os botões do painel, antes de fitar Richard novamente. — Eu me preocupo com vocês — disse baixinho, e ele sorriu. — Quero que sejam felizes, e esconder-se não será bom para Kelly.
— E para você?
— Também.
Richard respirou fundo. Sabia que isso iria acontecer. Mas não queria discutir o assunto naquele momento.
— Podemos conversar hoje à noite, está bem?
— Ótimo.
Richard gostou da determinação que viu nos olhos verdes, quan¬do Laura ergueu o queixo, balançando o rabo-de-cavalo. Mas não se arriscaria a fazer um papel ridículo na rua principal. Quanto ao futuro, pensou, não podia prever o que aconteceria. Mas tinha certeza de que ela roubara mais do que o seu coração. E queria que esse sentimento durasse para sempre, sem interferência do mundo exterior. Tendo ao redor apenas ela, Kelly e Dewey.
— Hoje à noite — disse, inclinando-se para beijá-la.
Kelly riu e Richard piscou para ela. A menina o aceitara, e também o relacionamento com Laura, com toda naturalidade. Eram uma família, Laura era sua namorada, e todas as manhãs, quando acordava com ela em seus braços, experimentava um sentimento de paz e realização que jamais imaginara ser pos¬sível. Não deixaria que nada ameaçasse essa felicidade. Nunca.
— É melhor irem antes que a chuva comece outra vez. — Mais uma vez beijou a filha, dando a volta no carro junto com Laura.
Ela sentou-se atrás da direção e colocou o cinto, checando o cinto de Kelly.
— Volte logo — sussurrou, ao beijá-la nos lábios.
— Não vamos demorar mais do que uma hora.
Laura ia buscar ovos e leite, e alguma guloseima para man¬ter Kelly entretida durante as próximas chuvas. A mercearia não podia entregar nada naquele dia, e estava ansiosa para sair um pouco. Não que se cansasse de estar com Richard, dormir com ele, fazer amor...
A cada manhã, ia para o próprio quarto, antes de Kelly acordar, e embora ele tivesse protestado, não queria ver a menina fazendo perguntas que não poderia responder. Além disso, Richard nunca dissera que desejava que o relacionamento fosse duradouro. Nem ela poderia insistir, perguntando se ele queria se casar. Ou mesmo perguntar se a amava ou se via nela apenas uma amante, que também cuidava bem de Kelly. Era melhor parar de pensar naquilo, ou ficaria maluca.
Richard deu um passo para trás e Laura fechou o vidro, dando a partida. Da primeira vez o motor falhou, mas logo em seguida pegou e ela afastou-se na direção dos portões. Parecia que estava saindo de um mundo e entrando em outro. Saindo do castelo e entrando na terra dos súditos, pensou, sorrindo sozinha.
Olhando pelo retrovisor, viu que Richard acenava e fez o mesmo. Então ligou o rádio.
Nos últimos dias, Laura aprendera muito sobre Richard. Além de um amante fantástico, pai carinhoso e atento, era um homem de negócios muito bem-sucedido. Embora soubesse que tinha algumas empresas de informática, que dirigia de casa, não imaginava que ele mesmo tivesse criado os softwares. Pro¬gramas de segurança, jogos, antivírus. Não havia nada que não pudesse criar, decidiu, depois de vê-lo trabalhando. Tinha ganho uma fortuna, sem sair de casa.
Estavam entrando no estacionamento do supermercado quando a música do rádio parou. Laura franziu a testa quando ouviu a interrupção para uma notícia urgente. A tempestade tropical na costa da Flórida tinha se transformado num furacão e vinha na direção da ilha.
Richard afastou a cortina, olhando a escuridão que cobria a ilha. O vento soprava furiosamente, mas havia pouca chuva. Mas ela viria, e forte, pensou, imaginando por que Laura ainda não chegara. Já fazia muito tempo que tinham saído.
Tentara ligar para ela no celular, mas estava na caixa postal. Como sempre acontecia, pensou, decidindo que realmente os celulares eram algo que ele não conseguia entender.
Estava impaciente para vê-las em casa, seguras, e já discara o número da polícia, sem resultado. A linha estava ocupada, e com o furacão a caminho não iriam procurar uma mulher e uma criança perdidas. Sem pensar duas vezes, Richard pegou um ca¬saco e saiu, pedindo a Dewey que lhe emprestasse a picape. Entregando-lhe a chave, Dewey ofereceu-se para acompanhá-lo, mas Richard recusou, pedindo-lhe que cuidasse da proteção da casa.
Minutos depois dirigia pela estrada principal, numa veloci¬dade excessiva a chuva batendo forte no teto e no pára-brisa. Acendendo os faróis, tentou enxergar na escuridão. Areia e lama já tinham atolado alguns carros, e ele imaginou se aquilo teria acontecido com Laura.
Então ele as viu. Aliviado, parou e desceu. Acima do ruído da chuva e do motor ouviu alguém cantando e aproximou-se da janela.
Laura abaixou o vidro, surpresa.
— Richard!
O choque no rosto dela revelava que nunca imaginara que saísse do castelo para resgatá-la. Inclinando-se, beijou-a.
— Graças a Deus!
— Olá, papai.
— Vocês estão bem? — Ele abriu a porta do carro e fechou o vidro.
— Sim. O motor morreu e parou de vez — explicou ela, saindo e pegando Kelly. — Tentei ligar do celular, mas a bateria acabou.
Richard tirou Kelly dos braços dela, ajudando-as a entrar na picape aquecida, antes de voltar ao carro para pegar os pacotes.
— Puxa, Laura — resmungou, arrumando os pacotes no chão, à volta dos pés deles. — Precisava de tudo isso?
— Ouvi a notícia sobre o furacão e achei melhor nós estarmos preparados.
Nós pensou ele. Será que ela também pensava neles como uma família?
— Talvez não chegue até aqui, como da última vez. — Fu¬rações eram um pesadelo para quem vivia no litoral, mas eram terríveis para quem morava na ilha. Era o preço da solidão e da linda paisagem, pensou ele.
Depois de fechar o carro, entrou na picape e olhou para as duas. Não queria nem pensar no que faria se algo acontecesse a elas. De repente, Kelly atirou-se em seus braços.
— Eu sabia que viria nos buscar, papai.
Ele abraçou-a, olhando para Laura. O sorriso dela era cheio de ternura.
— Você saiu de casa por nossa causa. — Laura ainda estava surpresa.
— Não podia deixar minhas garotas enfrentarem essa tempes¬tade sozinhas.
Ela estendeu a mão, acariciando os cabelos molhados. Estava orgulhosa dele, mas não precisava dizer. Ele sabia. Tinha dado mais um passo na direção do mundo exterior.
Segurando a mão dela, Richard beijou-a carinhosamente.
— Serabi está bem, papai?
Richard soltou a mão de Laura e sorriu para a filha. Só mesmo uma criança ficaria tão alheia ao perigo.
— Estava dormindo perto do fogo quando saí — respondeu, dirigindo para casa.
— Acho que vamos ter uma noite de chocolate quente, pi¬pocas e desenhos animados — disse Laura, enquanto Kelly batia palmas, sentada entre os dois adultos.
Mas a conversa daquela noite não aconteceu. A tempestade foi ficando cada vez pior e havia muito que fazer. Vestindo jeans e camiseta, Laura ajudou Dewey e Richard a proteger o pátio e os estábulos. Dewey já rebocara o carro para a ga¬ragem, insistindo que iria consertá-lo, já que era responsável por sua manutenção.
Richard alimentou os cavalos e abrigou-os nas cocheiras, reforçando as portas. Tinham sorte, já que a casa e as demais construções ficavam no alto da colina, e a enchente não poderia alcançá-las. Mas quando Richard disse a Laura para arrumar uma valise, já que ela e Kelly partiriam na próxima balsa, ela fingiu não ouvir. Não partiria sem ele, de jeito nenhum. E ele não iria.
Assim, ela se preparou para enfrentar a tempestade. Já tinha colocado lanternas e velas por toda a casa. Embora Richard tivesse um gerador, no caso de a luz acabar, achava melhor estar prevenida.
O furacão ainda não estava perto, mas já podiam sentir seus efeitos. Kelly tinha sua própria lanterna, e Laura preci¬sava insistir para que a desligasse, ou acabaria sem pilhas. Por fim, colocou-a sobre a geladeira.
Ao voltarem para dentro de casa, Kelly assistia a um vídeo, com Serabi no colo, e nem prestou atenção neles. Laura pen¬durou os casacos molhados e preparou um bule de café.
— Quero que pegue a próxima balsa e saia da ilha. Fique num hotel.
— Não há mais quartos de hotel disponíveis. Todos estão saindo da ilha. — E virando-se para ele, perguntou: — Você irá conosco?
— É claro que não.
— Então, esqueça.
— Laura, você precisa sair daqui.
— Não vou deixá-lo sozinho, Richard.
— Sou bem crescido.
O olhar dela percorreu-o dos pés à cabeça.
— Eu sei. Mas não vou assim mesmo.
— Vai, sim! Eu já disse.
Ela cruzou os braços e enfrentou-o.
— Então me obrigue.
— Que droga, Laura. Será que não vê o perigo?
— Não grite comigo, Blackthorne. Se Kelly e eu formos, você e Dewey terão que ir conosco.
— De jeito nenhum. — Ele pegou o telefone e discou. — Nem que eu tenha de amarrá-las e colocá-las no barco irão para um lugar seguro.
— Estamos seguras aqui. Muito mais do que dirigindo nessa chuva para encontrar um hotel. E com certeza mais seguras do que o resto da ilha.
Richard falava com os policiais responsáveis pela balsa, per-guntando quando partiria a próxima, e quase gritou com o homem, pedido desculpas em seguida.
— Conseguiu o que queria. Não há mais balsas.
— Não me admira. Olhe a água.
Richard olhou pela janela. As ondas enormes batiam no cais, e o vento soprava cada vez mais forte.
— Você fez de propósito. Discutiu comigo, inventou coisas para fazer, até que fosse tarde demais.
Ela deu de ombros, disfarçando um sorriso. Ele franziu a testa, muito sério.
Laura foi até ele e abraçou-o pela cintura.
— Estou exatamente onde quero estar, Richard. Se estivés¬semos separados, você passaria o tempo todo sem saber se Kelly e eu estaríamos a salvo.
— Acho que tem razão — admitiu, sem sorrir.
— E, além disso — continuou ela, sorrindo ao ver que con¬tinuava sério —, ainda temos muitos quartos para percorrer.
Ele sorriu.
— E eu adoro tempestades.
— Os trovões abafam meus gritos quando você faz... Você sabe o quê...
— Oh, Laura — ele gemeu, beijando-a e deslizando as mãos sob a camiseta.
Ela puxou-o para mais perto.
— Já é hora de ir para a cama? — sussurrou ele.
— Falta pouco.
— Que droga!
Laura riu, e quando Kelly chamou, os dois se separaram. Richard deu um passo para trás se encostando ao balcão.
— É melhor ir ver o que está acontecendo.
— Já estou vendo — respondeu Laura, com um sorriso ma¬licioso, saindo para atender à menina.
Richard também sorriu, imaginando como tinha conseguido viver sem aquela mulher até então.
***
Na enorme cama da torre, Richard a penetrava, cada in¬vestida levando-a para mais perto do clímax. Ele fitava o rosto perfeito, observando cada reação.
Lá fora a tempestade rugia. Dentro do quarto, a paixão era avassaladora.
Laura forçou os calcanhares contra o colchão, erguendo-se para recebê-lo, num ritmo intenso, perfeito. Logo o êxtase re¬fletia-se no rosto dela, e Richard também atingiu o clímax, abraçado a ela, os músculos femininos prendendo-o. Nunca ha¬via se sentido tão vulnerável. Nem tão poderoso.
— É mesmo?
Laura estremeceu de prazer, entregue às sensações delicio¬sas e à felicidade que inundava sua alma.
— Oh, Richard — gemeu, passando as pernas à volta dele.
Ela beijou o pescoço, o rosto marcado, enquanto a paixão lentamente se acalmava, trazendo-os de volta a terra. Nenhum deles falou. Nem saberiam que palavras usar.
Mas Laura admitiu, em silêncio, que estava loucamente apaixonada por ele. A fera terna e gentil, o príncipe ferido. E tinha medo de sofrer de novo. Porque, se isso acontecesse, sabia que, dessa vez, nunca mais se recuperaria.


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