CAPÍTULO V
Eu dentro de você. As palavras de Richard evocavam imagens de corpos ondulantes, beijos ar¬dentes, e ela apoiou-se nele. Ele segurou-a pelos ombros, en¬terrando o rosto na curva do pescoço macio. Ela se mexeu, e Richard gemeu baixinho.
— Laura... — O perfume feminino o invadiu como chuva fresca num deserto árido.
Molhando os lábios com a ponta da língua, ela ergueu a mão para tocá-lo, mas parou. Richard segurou-a pela cintura e virou-a, agarrando as duas mãos de Laura e prendendo-as atrás das costas, com uma só mão.
O movimento fez os corpos se tocarem e ela pôde sentir a rigidez de Richard, agora que estavam de frente um para o outro.
— Sente o que faz comigo?
Ela ergueu o olhar para fitar o rosto escondido na escuridão.
— Não é mais do que você faz comigo — sussurrou o corpo ardendo de desejo.
O rosto dele aproximou-se ainda mais.
— Seria capaz de fazer isso sem me ver? — disse ele, os lábios tocando de leve os dela.
Uma emoção intensa os envolvia.
— Sim.
No mesmo instante a boca máscula cobriu os lábios de Laura, num beijo ardente e apaixonado. O beijo tornava-se cada vez mais exigente, e ela aceitou, entregando-se à gloriosa sensação que a envolvia, como uma onda ardente e avassaladora. O coração batia disparado, e quando ele apoiou-se contra a parede, acomodando-a entre as coxas fortes, Laura não protestou. Era tudo tão erótico... A escuridão, o fato de não poder tocá-lo, quando desejava enterrar os dedos nos cabelos macios, mostrando-lhe tudo o que provocava nela.
A língua exigente invadiu-lhe a boca e Laura abriu os lábios, fazendo Richard gemer de desejo. Uma das mãos dele segura¬va-lhe os dois pulsos, mas a outra lhe acariciou as costas, puxando-a para mais perto. Ela se mexeu, gemendo de frus¬tração por não poder tocá-lo.
Richard quase perdeu o controle quando a língua de Laura acariciou-lhe os lábios, cheia de paixão. Era exatamente o que os dois pareciam querer extinguir com os beijos. Mas ela só aumentava. Cada vez mais.
A mão dele subiu até o ombro de Laura, a ponta dos dedos tocando a pele nua, sob o roupão. O simples toque provocou uma reação intensa, como se fogo líquido lhe percorresse as veias, e ela arqueou o corpo. A mão deslizou, tocando o seio macio, e Laura beijou-o de modo selvagem, apertando o corpo contra o dele. Se não podia tocá-lo, tinha que expressar a paixão de outras maneiras. Os dedos fortes acariciaram o mamilo ereto, enquanto os beijos se tornavam mais ardentes. Richard sentia-se vivo e louco de desejo. Queria mais. Queria sentir as mãos dela em seu corpo, o corpo dela nu colado ao seu. Queria sentir o toque de uma mulher. Daquela mulher. Só ela.
Mas não podia. Aquilo era tudo que poderiam ter, e sabia que tinha cruzado uma barreira que jamais deveria ter igno¬rado. Bruscamente, afastou os lábios dos de Laura.
— Não — gemeu ela, sabendo que iria deixá-la. Estava louca de desejo.
— Não posso. — Ele mal podia respirar. Afastando-a dele, endireitou-se. Com um suspiro, soltou-a, e Laura cambaleou, sentindo as pernas fracas. Ele amparou-a e Laura apoiou as mãos nos ombros dele. Richard enrijeceu.
— Laura, não...
Ela não obedeceu e deslizou as mãos pelo peito musculoso, coberto pelo roupão de seda, sentindo o coração dele disparar, os músculos enrijecendo quando ela tocou o cinto do roupão.
Ele ficou imóvel, cada fibra do corpo tensa sob o toque delicado.
— Não fiz isso por piedade, Richard — disse, num tom suave. — Seus dedos deslizaram mais para baixo. — Eu quis. —A mão delicada tocou-o, antes de virar-se para subir a escada. — Ou será que não percebeu?
Richard continuou ali, imóvel, incapaz de responder ou de fazer qualquer movimento. Observou-a subir a escada, o roupão meio aberto, expondo boa parte dos seios. Ela não fez nenhum gesto para tentar cobrir-se, e parou no meio da escadaria, voltando-se para ele.
— Ainda detesta o que faço você sentir?
Ele apoiou-se na parede.
— Sim... E não.
— Que parte de você vencerá Richard? O homem cujos beijos me levaram ao céu, ou a fera que está trancada dentro dele? — Com essas palavras subiu correndo os degraus, como se tivesse medo de ceder e voltar correndo para os braços dele.
Quando ela desapareceu de vista, Richard esmurrou a parede. Tinha sido um tolo em tocá-la. Tinha que ficar longe dela. Mas apenas o pensamento de não vê-la já era doloroso demais...
Richard a evitara por alguns dias. Dois, para ser exato, e isso o deixava louco para ter companhia. O ruído de passos e as risadas de Kelly não estavam ajudando nem um pouco. O som competia com a chuva do lado de fora. O ruído, a música e as risadas chegavam até ele, provocando uma enorme vontade de ver o que acontecia. Mas continuava dizendo a si mesmo que tinha muito trabalho a fazer. Ele olhou para os três com¬putadores, através dos quais gerenciava as empresas e comu¬nicava-se com os empregados, e então pegou o controle remoto, ligando a tevê. Colocando o volume bem alto, tentou abafar o som das vozes femininas que brincavam na casa.
Mesmo olhando para o programa de entrevistas, não podia deixar de se admirar ao ver como Laura se envolvera com a menina, em poucos dias. Não eram apenas as brincadeiras, as risadas, mas os pequenos cuidados que percebia como as fitas nos cabelos de Kelly, combinando com as roupas, o modo como arrumava a mesa. E também como deixava de lado qualquer coisa quando a menina precisava. Só que ele desejava estar lá para abraçá-la, para amarrar os sapatos, enxugar as lágrimas.
Ele ligou o interfone, no volume no máximo, para poder ouvir o som da casa toda. Era estranho, depois de tanto tempo vivendo no silêncio.
— Srta. Laura veja!
Ele ouviu passos e um gemido... De Laura. Da última vez que ouvira aquele som, ela estava em seus braços, entregue aos beijos ardentes. Esfregando os lábios, tentou afastar as lembranças.
— Oh, Kelly, coitadinho!
— Se ficar no estábulo pode ser pisoteado, não é?
— Sim.
— Posso pegá-lo?
— Oh, temos que pegá-lo. Vista a capa. Vai ter que se agachar e ser paciente. Se ele vier até você, podemos trazê-lo para dentro. Se não vier é porque não está pronto para ficar conosco, e pode arranhar você.
— Está bem — disse Kelly. — Mas ele virá.
Franzindo a testa, Richard levantou-se e foi até a janela que dava para o pátio de trás. A filha correu na direção do estábulo, vestindo uma capa amarela. Ali, bem na porta, estava um gatinho minúsculo, preto como carvão. Kelly ajoelhou-se e estendeu a mão, esperando, como Laura ensinara. Richard apertou o botão do interfone.
— Um gato, Laura?
— É um gatinho, e eu imaginei que estivesse trabalhando.
Ele ignorou o comentário.
— Não acho uma boa idéia. Ela tem apenas quatro anos.
— E precisa de algo para cuidar. Vai aliviar a dor da perda, Richard. Precisa sentir que é capaz de lidar com as situações, e o gatinho é inofensivo.
— Gatinhos miam fora de hora, e isso não vai diminuir a dor.
— É, não vai. Ela precisa que o pai deixe a caverna e venha ficar com ela. Mas não pretende fazer isso, não é?
A culpa dominou-o e, sem querer, olhou para a mão coberta de cicatrizes.
— Droga, Laura, sabe que não posso fazer isso.
— Não, Richard, eu não sei. — A exasperação era evidente na voz dela. — Só sei que está descontando a reação de algumas pessoas em mim e em Kelly. E está negando a si próprio muito amor.
Richard passou a mão pela nuca dolorida.
— Veja! Veio até ela!
A excitação na voz de Laura atingiu-o como um golpe.
— Laura...
A voz dela soou mais baixa:
— Ande devagar, querida. O chão está escorregadio. Segu¬re-o com cuidado, ele é um filhotinho. — Ela estava na porta dos fundos, e sua voz misturava-se ao ruído da chuva. Então Laura aproximou-se do interfone, a voz rouca de emoção:
— Se pudesse ver o rosto dela, não questionaria nada. E prometo, vou ensiná-la a cuidar do gatinho. Será minha res¬ponsabilidade. Está bem assim, meu senhor?
Como poderia recusar, sem parecer cruel?
— E também cuidarei para que o gatinho jamais o veja. Ele olhou para o interfone com expressão séria.
— Muito engraçada. Está bem. É sua responsabilidade.
Richard desligou, mas ainda podia ouvir a voz de Laura, vinda do alto-falante junto à escrivaninha. Estava ajudando Kelly a tirar a capa e os sapatos molhados.
— É lindo! — disse Laura.
— Posso ficar com ele? — perguntou Kelly, num sussurro.
— É claro que pode. Ele precisa de uma casa.
— Mas... O que papai vai dizer? — A voz da menina ex¬pressava medo, e Richard não gostou nem um pouco disso. Não queria que tivesse medo dele.
— Seu pai acha a idéia maravilhosa.
Mentirosa, pensou Richard. E embora não pudesse ver o sorriso de Kelly, pôde senti-lo, completamente. Laura estava decidida a fazê-lo parecer um herói diante da filha.
— É um gato ou uma gata? — sussurrou Kelly. Houve uma pausa, uma risada, e então, a resposta:
— É uma gata, querida.
Três presenças femininas na casa. Como um homem podia suportar aquilo? Ainda assim, encostado no batente da janela, Richard desejou estar com elas. Queria ver o rosto de Kelly, segurando a gatinha. E a dor sufocou-o, mais uma vez.
— Os olhos dela parecem os seus, Srta. Laura.
— Não acho que os meus sejam tão verdes, ou tão lindos.
Mas eram, pensou Richard. Cor de esmeralda e misteriosos, como os de um felino.
— Vamos mantê-la aquecida. Pobrezinha, está tremendo. Vamos para a sala, acender a lareira. Só tem que mantê-la enrolada na toalha e deixar que se acostume com você.
— Como nós vamos chamá-la?
Nós. Ela já estava apegada a Laura, pensou Richard, e quan¬do as vozes desapareceram, não conseguiu ficar parado. Pre¬cisava ao menos ouvir o que diziam, já que não podia ver a menina, pensou, descendo pela escada de serviço.
—... Mas nunca soube de um gato que atendesse quando chamado pelo nome — ouviu ele, alguns minutos depois.
— Já teve gatinhos? — perguntou Kelly, e Richard deslizou pela porta escondida, entrando na cozinha e espiando. Laura acendia o fogo na lareira.
— Sim. Quando eu era criança tínhamos pelo menos uns três, além dos cachorros e das cabras. — Ela sorriu para a menina, fazendo o sangue de Richard ferver nas veias. — Gado, galinhas e montes de amendoins.
— Amendoins?
— Meu pai é fazendeiro. Planta amendoins.
O rosto de Kelly se iluminou.
— Ele faz manteiga de amendoim?
— Não. Ele vende a colheita para as fábricas. — A risada de Kelly encheu o ar, e Richard sentiu uma estranha emoção percorrê-lo. — O que acha? — perguntou, apontando a lareira.
— Está gostoso, mas a gatinha ainda está tremendo.
— Fale com ela com carinho, até acostumar-se com a sua voz e perceber que não vai machucá-la. Enxugue o pêlo dela devagar, enquanto vou buscar um pouco de leite.
Sentada no canto do sofá, Kelly olhava para Laura, com olhos muito brilhantes.
— Muito, muito obrigada, Srta. Laura.
— Por nada, querida — disse Laura, beijando-a, carinhosamente. Laura afastou-se, parando junto à porta para observar a menina e a gatinha. Animais eram uma das melhores coisas que havia para crianças que cresciam na fazenda.
Na cozinha iluminada apenas pela luz do fogão, ela abriu a geladeira e tirou o leite, virando-se para o armário para pegar um pires. A mão parou no ar.
— Há quanto tempo está aqui? — perguntou, suavemente, percebendo que ele estava ali, atrás dela, do outro lado do balcão. No silêncio, podia ouvi-lo respirar. Não tinham ficado tão perto desde o beijo na escada e Laura estremeceu ao lembrar. Imaginara que ficar longe dele apagaria as lembranças, mas estava enganada. O simples fato de sabê-lo tão perto deixava seu corpo em chamas.
— Tempo suficiente para saber que é filha de um fazendeiro.
— Isso mesmo. Sou a mais velha.
— Quantos irmãos tem?
— Cinco. Três meninas e dois meninos. — Ela despejou leite no pires. — A diferença de idade é pequena.
— Deve ter sido bom. Fui o único filho.
Algumas vezes ela desejara ser filha única, mas não muitas.
— Era barulhento, apertado, mas não trocaria minha família por nada.
Richard sorriu, adorando quando o sotaque dela ficava mais acentuado. Tinha curiosidade em saber mais sobre o passado de Laura.
— Então, por que entrou nos concursos de beleza? Além do óbvio.
Quantas vezes ela ouvira isso? Era óbvio que uma mulher tão linda participasse de concursos. Era óbvio que os homens a desejavam apenas pela beleza.
— Que importância tem isso?
— Só queria saber mais sobre a mulher que cuida da minha filha. E também estou curioso para saber como saiu da fazenda e foi parar no Departamento de Estado.
Tinha o direito de saber, admitiu Laura. Se fosse filha dela, faria o mesmo.
— Minha família é muito pobre. Minha mãe percebeu que poderia conseguir algum dinheiro se me levasse a concursos, ou para trabalhar em comerciais. Comecei a trabalhar quando era pouco mais velha do que Kelly. — Ela deu de ombros. — Quando cresci o suficiente para entender, percebi que era um negócio impiedoso, com uma competição acirrada e injustiças. E decidi participar de concursos que me proporcionassem o melhor prêmio em dinheiro, ou bolsas de estudos, para poder ir para a universidade, e deixar a fazenda.
— Admirável.
Ela franziu a testa, tentando vê-lo melhor. Ele continuava parado entre duas portas abertas, uma que levava à frente da casa e outra que conduzia à escada, na parte de trás. A tentação de acender as luzes era grande, mas ela prometera, e costumava manter a palavra.
— Estava tentando fugir das suas raízes?
— Não. Só não queria ser mulher de um fazendeiro, com cinco filhos, economizando cada centavo e rezando todas as noites para que a chuva viesse, ou a colheita se perderia.
A amargura na voz dela o surpreendeu.
— Sinto muito...
— Não sinta. — Ela suspirou. — Foi difícil, mas não sabíamos que éramos pobres. Todos à nossa volta viviam do mesmo modo. — Ela riu, mas o som não revelava alegria. — Hoje, mamãe e papai estão bem. Mas mamãe ainda remenda roupas velhas, eco¬nomiza e aproveita todas as sobras de comida. — Laura sacudiu a cabeça. — Parece que algumas coisas nunca mudam.
Pegando o pires de leite, foi para sala, sem saber se Richard estaria ali quando voltasse. Ou se iria voltar. Ao colocar o pires no chão de pedra, perguntou a Kelly se gostaria de cho¬colate quente. O sorriso da menina foi a resposta, e ao voltar para a cozinha, Laura percebeu que ele continuava lá.
Parte dela vibrou de prazer, vendo que ele não se fora. A outra a lembrou de Paul e das lições que aprendera sobre os homens.
Pegando o pacote de chocolate, virou-se para ele.
— Quer uma xícara?
— Não, obrigado.
Como aquelas simples palavras podiam ser tão sedutoras no escuro? E como podiam fazer de conta que nada acontecera entre eles? Era mais fácil agir assim na semi-escuridão.
Laura pigarreou, tentando afastar as lembranças eróticas.
— E seus pais, sua família?
— Kelly é tudo que tenho. Meus pais morreram, com seis meses de diferença, antes de eu me casar.
Como devia ter sido triste viver sozinho, imaginou, sabendo que ele detestaria sua piedade.
— Mais uma razão para conhecê-la melhor, Richard. Logo estarão sozinhos.
Richard não podia sequer imaginar aquilo. Para ele, Laura tinha que ficar. E a tentação de tê-la por perto era algo com que teria de se acostumar. Não podia deixar que Kelly o visse. A menina já tinha uma imagem dele, e aos quatro anos de idade jamais poderia pensar no que o acidente fizera com ele. Ela o rejeitaria, e era exatamente isso que Richard queria evitar. Andréa não se importara de disfarçar o choque e a rejeição, quando as ataduras tinham sido retiradas. Com uma criança não poderia ser diferente. Laura talvez tivesse um pou¬co mais de tolerância, mas não podia arriscar. Não depois de tê-la abraçado. Não depois do beijo que o tocara tão profun¬damente. A rejeição seria insuportável.
Era em Kelly que devia pensar, e não nas reações do seu corpo, no desejo por uma mulher. Era melhor continuar no escuro e ficar distante de Laura. Para evitar o perigo.
— E a família da sua esposa?
— Ex-esposa — corrigiu ele. — Ela também não tinha fa¬mília. Pelo menos, nunca mencionou ninguém.
Laura assentiu curiosa sobre a mulher com quem ele se casara, mas sem querer tocar feridas profundas. O tom da voz dele era suficiente para mostrar como ainda estava magoado. O mais importante era que Kelly não tinha parentes e jamais saberia o que era ter avós, ou primos. Isso a deixou ainda mais decidida a fazer Richard sair da escuridão. Os dois pre¬cisavam um do outro. Não tinham mais ninguém.
Depois de preparar duas canecas de chocolate, dirigiu-se para a porta.
— Por que deixou de ensinar os filhos de diplomatas e foi trabalhar na Wife Incorporated?
Ela virou-se para o lugar onde Richard continuava escondido nas sombras.
— Por causa de um homem — respondeu, com sinceridade. — Um homem que amei de verdade.
Richard sentiu a dor e a angústia na voz dela, e isso o feriu profundamente.
— Oh, Laura. O que ele fez?
— Mentiu, enganou, traiu. E o pior... Ele me queria só pela aparência. Como vê Richard — continuou amarga —, temos mais em comum do que você imagina.
— Não concordo.
— Não? Então não me quer apenas por minha beleza?
— Droga, Laura, é muito diferente. Não tem idéia do que é ser tão medonho.
— Não, não tenho. Mas sei muito bem o que é ser julgada pela aparência.
De repente, Kelly apareceu correndo na sala de jantar, e Laura parou.
— Está falando com papai? Ele está aqui? Posso vê-lo? — Ela aproximou-se, e ao olhar para a cozinha, Laura soube que ele tinha desaparecido.
— Sim, querida, era ele.
A menina ergueu o olhar, abraçando a gatinha contra o peito.
— Ele não quer me ver? — Os lábios tremiam, e os olhos azuis encheram-se de lágrimas. O coração de Laura apertou-se. Como Richard podia fazer aquilo com a filha?
— Sim, querida, ele quer. Só que não pode vê-la... Ainda.
— Quando vai poder?
A tristeza na voz da menina era tão intensa que os olhos de Laura se encheram de lágrimas.
— Logo — sussurrou, imaginando se Richard Blackthorne sairia do esconderijo para ficar com sua princesinha.


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